Diante do baixo público, Daniel Freitas diz que Estadual tem que mudar

Quarta-feira, 29/02/2012 - 10:28

Marcado para um horário desestimulante para o torcedor, o jogo desta quarta-feira entre Resende e Fluminense entrará para a galeria dos fiascos do Campeonato Carioca de 2012. O Estadual já tem a pior média de público dos últimos cinco anos: apenas 3.017 pagantes por partida.

Com Flamengo, Fluminense e Vasco pensando em Libertadores, a competição já começou pouco atrativa. Somaram-se a isso os horários estranhos dos jogos, erros de arbitragem, ingressos caros e partidas fracas. O resultado foi bilheterias vazias. O público ignorou até mesmo clássicos da Taça Guanabara que anos atrás arrastavam multidões.

Se os grandes não atraem torcida, a situação dos clubes pequenos é deseperadora. Raramente uma partida entre eles leva mais de 500 testemunhas. No dia 8 de fevereiro, apenas 10 pessoas pagaram para ver Bonsucesso e Macaé, no Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita. Diante do fracasso, os clubes se mobilizam para mudar a competição.

- Precisamos encontrar uma nova fórmula para o campeonato ficar mais atrativo - disse o presidente do Fluminense, Peter Siemsen.

Em 2012, os clubes têm tirado dinheiro do bolso para jogar o Estadual. Das 62 partidas do primeiro turno (contando a Taça Edilson Silva), 49 foram deficitárias (79% delas). Ou seja, as despesas com o jogo foram maiores do que o valor arrecadado com a venda de ingressos.

O empate sem gols entre Flamengo e Olaria, dia 2 de fevereiro, por exemplo, deixou um prejuízo de R$ 46.379,13 para o Rubro-Negro, o mandante da partida. No jogo havia apenas 1.890 pagantes.

- Somente nos clássicos sobra alguma coisa. Nos demais jogos, já vamos para a partida sabendo do prejuízo - observou Eduardo Moraes, assessor da presidência do Flamengo responsável por arrecadação.

Procurada pela reportagem do LANCENET!, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro não se manifestou sobre a queda de público no Estadual.



COM A PALAVRA

Sérgio Landau - Diretor Executivo do Botafogo

Esse assunto sobre público é algo que o Botafogo está tratando com a liderança do presidente Mauricio Assumpção. Estamos avaliando tudo isso junto ao presidente, mas não podemos dar maiores detalhes sobre os estudos que o clube tem feito.

Eu, como dirigente, queria ver os estádios mais cheios. A gente deseja mais público, mas ainda não tem o diagnóstico sobre toda essa situação.

O Botafogo está atento sobre tudo isso e trabalhando para fazer o melhor. A vontade do clube é ver as arquibancadas lotadas.

Eduardo Moraes - Assessor da Presidência do Flamengo para arrecadação

Temos prejuízo em praticamente 100% das partidas. Quase sempre pagamos para jogar. Não vejo solução para levar mais público com o atual formato do campeonato. Os jogos não têm apelo, ainda mais com o clube disputando outra competição como a Libertadores.

Defendo que deveria ter uma fase eliminatória entre os pequenos. Mas, pelo que vejo, a Federação de Futebol não tem interesse em mudar a fórmula. Enquanto não houver uma rebelião dos clubes grandes para cobrar isso, acho difícil alguma mudança.

Peter Siemsen - Presidente do Fluminense

Finalmente estamos tendo uma iniciativa para mudarmos o Campeonato Carioca. O Mauricio Assumpção vai reunir uma junta técnica dos quatro grandes clubes para discutirmos e apresentarmos à Federação uma nova fórmula. Tem de haver uma diminuição no número de clubes.

Até em termos de pay-perview, uma diminuição no número das equipes pequenas faria com que ficassem mais fortes e assim suas partidas passassem a interessar à televisão. Atualmente, apenas os jogos dos quatro grandes são transmitidos.

Daniel Freitas - Diretor Executivo do Vasco

Todos nós já sabemos que o Campeonato Carioca vem caindo no últimos anos, infelizmente. Isto está nítido. Na minha opinião, são muitos clubes, com uma fórmula muito longa. Além disso, os times são fracos e o nível caiu.

Precisamos rever essa fórmula do campeonato o mais rápidamente possível para deixá-lo mais atraente. Caso contrário, a tendência é cair ainda mais o público. Precisamos qualificar os times pequenos e diminuir o número de jogos dos grandes. O Carioca precisa ser reformulado.

Fonte: Lancenet