Se tem um treinador no Vasco que é muito criticado atualmente esse é Galdino, que comanda a equipe de Juniores. Apesar de ter levado o cruzmaltino ao título Estadual da categoria em 2010, os últimos resultados nas principais competições não foram bons e isso fez com que algumas pessoas passassem a pedir sua saída do clube.
Se as críticas são verdadeiras só o tempo irá dizer, mas é fato que o desempenho da equipe de Juniores não vem sendo bom nos últimos anos. Isso porque além de não conquistar títulos, a mesma não tem conseguido revelar jogadores para o time principal. A maior prova é o retrospecto recente, que mostra que apenas dois jogadores foram lançados de 2011 até agora.
Ciente desse retrospecto e das inúmeras críticas que vem recebendo, o técnico Galdino conversou com a reportagem do SuperVasco.com. No bate-papo, que você poderá conferir abaixo, o atual treinador da categoria mais importante da base rebateu os questionamentos e garantiu que o trabalho que vem sendo realizado é muito bom.
Confira uma entrevista exclusiva com Galdino, técnico da equipe de juniores do Vasco:
O Vasco não teve um bom desempenho nas últimas competições que disputou e desde 2010 não ganha um título importante na categoria. Como o senhor avalia seu trabalho até agora?
"Não tivemos um desempenho ruim porque quando nós chegamos no Vasco tinha jogadores que não eram adequados para clube. Fomos filtrando e os jogadores que não estavam em nível do Vasco da Gama nós emprestamos e mandamos embora. E o que aconteceu? No primeiro ano (2009) que chegamos ficamos com o vice-campeonato estadual e no final do ano ganhamos o Otávio Pinto Guimarães (OPG). Aí veio o trabalho e você sabe que o trabalho no Vasco da Gama é uma coisa difícil, ainda mais porque na categoria amadora o Vasco é um dos clubes pioneiros do Mundo no que diz respeito a formação de craques em casa. Então tem que ter um certo tempo, mas você sabe que em todo clube de futebol existe uma oposição. Então a oposição começa a implantar isso, começa a implantar aquilo. Hoje em dia um atleta da categorias juniores, que corresponde a idade de 17 a 20 anos, possuem dois ou três empresários. Você sabe que hoje num clube futebol os empresários querem se infiltrar, os empresários querem comandar. Hoje eles procuram os familiares antes de falaram com o atleta. Se é uma família de um atleta carente, os empresários compram a família. Isso é uma coisa muito séria. Então, eles não querem saber, eles querem tirar a porcentagem deles e por isso temos que estar precavidos. Mas o nosso grande presidente Roberto Dinamite, que foi uma pessoa que saiu do nada, de Caxias, e se tornou o que é hoje, o jogador mais considerado da vida do Vasco da Gama. Ele não passou por isso, mas passou pelo que passam muitos atletas antes de chegar ao estrelismo, chegar ao profissional. Mas hoje nós temos que conviver com os empresários e o Roberto nos alerta para isso. Então não ganhamos, não fizemos um ano bom, mas tenha a certeza de que o Vasco vai fazer jogadores nesse ano. É um ano de perde e um ano de glória até nós conseguirmos acertar aquilo tudo. É o que o nosso presidente está buscando fazer. Então a sua pergunta eu respondo dessa maneira. Não tenho nada contra empresário. Eu fui lançado com 16 anos pelo Zagallo no Botafogo. Eu jogava com Jairzinho, jogava com Zito, com Paulo César Caju...Foi no ano de 1972 e naquela época não existia essas coisas, mas hoje em dia existem empresários que eu respeito, que eu adoro, mas também existem outros que só querem o lucro para eles. Mas o Vasco não vai deixar se corromper por isso, pois no Vasco não se joga por isso. Tanto é que nunca fui cobrado por não escalar o filho do presidente, que é da minha categoria e se chama Rodrigo. Ele diz que o Rodrigo é um jogador normal e só pede para que eu avise quando o Rodrigo estiver mal e faltar ao treino. Ele diz que não quer saber do resto".
Como o senhor avalia esse início de Campeonato Estadual da equipe de juniores?
"O desempenho bom que estamos tendo nesse início do ano é por conta do trabalho realizado pelos nossos companheiros das categorias inferiores. Vem do Oliveira, do Cássio, do Tornado e chega ao Galdino, do Juniores. Os jogadores sendo feitos na base já vem com aquele futebol e aquela coisa de vascaíno. Isso dentro do padrão que é o Vasco. Esses mesmos treinadores estão fazendo um trabalho excelente e agora vamos colher os frutos. Já colheu antes, mas vai colher muito mais agora. Agora estou com uma equipe boa. Vamos colher muito mais. Essa equipe juvenil que chegou (geração 94 foi vice-campeão do Estadual em 2011) só não ganhou o campeonato por conta de uma fatalidade, porque perdeu uma disputa de pênaltis. Foi uma equipe que ganhou com folga o primeiro turno do Estadual e no segundo turno chegou até ir para a final, mas perdeu. Na final geral perdeu nos pênaltis. Eles jogaram muito bem e possuem um conjunto. Pode acreditar torcedor do Vasco que vamos colocar jogadores sensacionais no profissional, como colocamos na semana passada o Jhon Cley e o Guilherme Costa, que foram relacionados para o jogo contra o Boavista. O Jhon Cley chegou até a entrar na partida. Então tudo isso é fruto do trabalho feito no Vasco da Gama".
O desempenho ruim do clube nas ultimas competições tem feito com que a torcida vascaína passasse a questionar a sua capacidade e chegasse até a pedir sua saída. Como o senhor convive com essa situação?
"Eu convivo como isso. Um profissional, nós treinadores, convivemos com isso, com o resultado, mas no amador existe uma diferença. O presidente Roberto Dinamite quer jogador para subir ao time profissional. Claro que campeonato é muito importante, pois a oposição cobra coisa quando não fazemos. Isso que falam do Vasco não revela ninguém é coisa da oposição. No Brasil existe a oposição e a situação. Eles chamam e falam do meu trabalho, mas no dia que eu sentir que não estou valendo mais nada para a categoria amadora, eu mesmo falarei que não estou servindo mais. O Jardel, o Edmundo, o Pimentel, o Bruno Carvalho e o Jean foram revelados na minha cria. Por qual motivo eu falo cria? Falo porque trato os jogadores como filhos. Hoje temos o Guilherme Costa, o Luan... O plantel do Vasco é sensacional e estou muito tranqüilo com o trabalho que faço. Estar com jogador da base é diferente do profissional. Temos grandes profissionais que são as assistentes sociais, psicólogas, mas quem está no convívio é o Galdino. Não existe um profissional no amador que possua mais títulos que o Galdino. Estou me sentindo bem, fazendo o Vasco produzir. No dia q eu sentir que não dá mais, pedirei para sair".
No início do ano, o senhor concedeu uma entrevista (relembre) para o repórter Thiago Veras, da Rádio Manchete, e elogiou bastante os meias Marlone e Luciano e chegou a dizer que eles estão prontos para servir o time profissional. Hoje, alguns meses após essa entrevista, os dois ocupam o banco de reservas na equipe de juniores que disputa o Campeonato Estadual. Por qual motivo isso acontece?
"É porque tem um ano que a safra que é excelente, tem outro que a safra não é boa. Infelizmente eles participaram de uma safra que não foi boa, de uma safra que não ganhou nada, mas foram jogadores que se destacaram e são atletas que estão incorporados ao grupo juniores porque os jogadores profissionais do Vasco são excelentes e eles não vem tendo oportunidades. E por qual motivo eles estão na reserva? Pelo fato dos atletas da equipe que levei para a Copa São Paulo, que foram jogadores nascidos em 93, 94 3 95, terem se destacado. Então o meu início de Campeonato Carioca foi com esses atletas. No Vasco da Gama existe uma coisa que existe em todos os clubes grandes. O jogador que vem se destacando joga independente da idade, pois ele é fruto do Vasco. Mas eles vem se destacando e estão em plena forma. A prova disso é que no último jogo, com o Jhon Cley e o Guilherme ficando à disposição do profissional, eles participaram do jogo todo e participaram muito bem, mas é aquilo que já falei. A safra deles não foi bem, mas os dois se destacaram e estão na ponta do lápis para treinar no profissional, mas infelizmente no futebol uma categoria vem empurrando a outra. O Jhon Cley e o Guilherme são jogadores que são mais jovens, mas estão se destacando no futebol. Mas eu tenho certeza absoluta que Marlone e o Luciano vão dar o que falar no Club de Regatas Vasco da Gama. Vou repetir: O Marlone e o Luciano vão ser ídolos do Vasco da Gama".
O meio-campo Arthur é considerado por muitos com uma das grandes promessas do clube. Apesar disso, ele não vem atuando no Campeonato Carioca da categoria. Por qual motivo isso vem acontecendo?
"O motivo é o seguinte: É aquilo que eu falo do Marlone e do Luciano. Só que o Arthur vem tendo um rendimento abaixo do Luciano e do Marlone. Ele é jogador do Vasco da Gama e nós já conversamos. O Vasco da Gama é uma coisa sensacional nesse ponto, pois tem conversas claras. O Arthur é um jogador que na minha opinião como treinador do Vasco tem que ser emprestado. Ele tem que pegar novos ares porque no Vasco da Gama existem muitos jogadores na posição dele. Ele é bom? É! Mas na frente dele tem o Luciano, o Marlone, o Jhon Cley, o Guilherme. Já no profissional o clube tem o Juninho e Felipe. Então, por conta dessas coisas, o atleta tem que pegar novos ares para voltar ao clube com experiência. Não adianta você forçar uma coisa que não vai acontecer agora. Essa coisa vai acontecer depois. Eu me sinto um pai para ele, mas ele é um jogador que na atualidade não tem vaga nos juniores. Não tem! E no profissional muito menos! Ele é um jogador excelente, mas na frente dele existem os outros. Temos o Jhon Cley e o Guilherme, que são 94 e que estão jogando uma maravilha de futebol. Ainda tem o Luciano e o Marlone. Acho então que o Vasco tem que emprestá-lo porque na atualidade ele ainda não tem condições de jogar no Vasco. Futebol é momento. Futebol tem que aproveitar as oportunidades. Os outros estão aproveitando. O Arthur vai ficar só treinando? Nada! Tem que ser emprestado. Depois volta ao clube com aquela força; No futebol é um em cima do outro. É uma categoria empurrando a outra. Em termo de pessoa esforçada, não tem ninguém melhor que o Arthur, mas futebol é com a bola nos pés. O Vasco é isso, clube grande. Se você piscar os olhos, vem outro e passa por cima. Eu falo isso pra eles o tempo todo. Ele, mais uma vez, é um excelente jogador e aconselho o Vasco a emprestá-lo".
Quais jogadores o senhor acha que podem subir para os profissionais nesse ano?
"Pelos meus anos de estrada acredito que temos várias promessas. Temos o Luan, nosso quarto zagueiro, o Jhon Cley, o Guilherme Costa e o Marlone, que são os mais conhecidos. Outro que vai dar muitas alegrias é o Yago, que se destacou muito no juvenil e quem eu coloquei para jogar em São Paulo. Temos o Romário, que é um jogador de área tipo o Alecsandro. Acredito muito neles. Tem também o Dieyson, lateral-esquerdo. Nossa equipe possui vários jogadores que podem integrar a equipe profissional, mas é claro que nesse período eles vão e voltam. Quero até agradecer ao Cristovão, pois estamos conseguindo fazer essa integração. De quinze e quinze dias estamos fazendo dois coletivos com os profissionais. Então, o Cristovão está vendo os nossos jogadores e ele fala que temos um grande futuro. Podem esperar, pois até julho vocês irão ver muitos jogadores da base no profissional".
Você acha que o Vasco pode pegar o Barcelona de exemplo e passar a jogar como ele em suas categorias de base?
"Com certeza absoluta. Tudo que é bom se copia e o que é ruim você joga na lata do lixo. É um trabalho que leva um tempo, mas você as coisas mais modernas e com os jogos sendo transmitidos todos os dias na televisão não é só a comissão técnica que tem que assistir, mas os atletas também. Temos que colocar em prática o posicionamento, o condicionamento físico e acabou. Isso porque o jogador brasileiro às vezes abusa, coisa que não faz o Barcelona. O Barcelona não abusa, eles tocam a bola e seguram a bola. O jogador brasileiro é diferente, pois ele fica com a bola. Então isso é treinado, mas é claro que eu falo como exemplo e não tenho vergonha de citar o Barcelona. Tudo que é bom se copia e o que não é não se copia".
O Vasco não revela um atacante há muito tempo. O senhor acha que no time sub20 tem alguém que possa se tornar no futuro camisa 9 do profissional?
"Tem sim, o Romário. Acredito muito nele e no Yago. Yago é o espelho do nosso querido Eder Luis, que é um jogador rápido e que jogar pelos lados. Romário é um jogador de área, um jogador rompedor. O Critóvão tem visto jogar e tem gostado. O Gaúcho tem visto jogar e tem gostado. E esses atletas passando esse Campeonato Carioca eles vão se firmar no Club de Regatas Vasco da Gama no profissional. Por qual motivo digo isso? Pelo fato deles terem tido um desempenho à altura do Vasco da Gama. Eles têm características idênticas. São dois jogadores que eu tenho plena certeza que vão dar muitas alegrias ao Vasco da Gama".
O senhor acha que o Yago tem um estilo parecido com o Denner?
"Ele tem aquele estilo. Ele parece muito pelo corpo, pela rapidez, pela aquela malandragem e pelo drible".
O que o senhor poderia falar do filho dos três ídolos do Vasco?
"Existem três jogadores na equipe de Juniores do Vasco que são filhos de ídolos maiores do nosso clube, que é o Rodrigo, filho do nosso presidente Roberto Dinamite, o Romarinho, que é filho do nosso artilheiro Romário, e o Andrey, que é filho do Geovani. Eu sou muito cobrado por conta deles, mas podem ter certeza que os pais não interferem em nada. O próprio presidente me pede para colocar o filho dele apenas quando ele tiver bem, quando ele merecer e só fale com ele quando tiver algum ato de indisciplina. Eles me dão muito apoio e me deixam agir com profissionalismo. Eles são atletas que tem que preservar o nome do pai, o nome do ídolo. No futebol todo mundo compara, mas não é por aí não. Futebol é dentro das quatro linhas e se você não conseguir ir bem, não adianta ser filho daquele, do outro ou do outro. Tem que jogar. Estão os três comigo lá, dois participando, que são o Rodrigo e o Romarinho. O Andrey não ta convivendo tanto. Eu tenho total liberdade do presidente para escalar que eu quero, não tem esse negócio de ser filho de ídolo. Comigo joga quem estiver preparado e melhor".
Recentemente o meio-campo Andrey concedeu uma entrevista para o SuperVasco e afirmou que está muito bem fisicamente. Em algumas oportunidades o senhor também chegou a elogiá-lo. Por conta disso eu pergunto: Por qual motivo o Andrey não é relacionado para as partidas?
"O Andrey é um jogador que passou por muitas contusões. Hoje ele está parado porque estava machucado. Ele estava treinando, mas se machucou e por isso não tem estado no nosso plantel. Ele tem que estar bem fisicamente, o que não vem acontecendo com ele. Ele é um jogador que não tem aquela constância de preparação física. Hoje no futebol a preparação física é tudo. Talento ele tem, mas o que falta é só isso".
A atual comissão técnica do profissional lançou apenas dois jogadores no time profissional: Jomar e Jhon Cley. Com base nisso, o que a comissão técnica do juniores vem fazendo para manter o jogador motivado, já que o clube não lançou (colocar para jogar pela primeira vez) muitos atletas em 2011? Existe no Vasco alguma política que garanta a utilização de jovens no time profissional?
"Vasco não existe política. O nosso presidente passou a vida toda lá dentro. O que existe aqui é o seguinte: Se destacando na base vai jogar no profissional. Não existe isso. Isso são boatos, coisas da oposição e nós temos que conviver com isso. Quem trabalha no Vasco tem que saber conviver com a oposição, é claro que temos que conviver com isso. Mas nós temos q trabalhar com tranqüilidade. Se o jogador for bom mesmo vai jogar no Vasco da Gama. Se não der tem que procurar outro clube, pois no Vasco da Gama joga quem é jogador. Todos os jogadores ficam observando o Felipe, o Juninho e o Diego Souza. Quando eles treinam nos profissionais são apadrinhados. O Fernando Prass pediu ao Carlos Germano para levar o goleiro do juvenil para começar a treinar como time principal. Isso é uma família, mas as pessoas querem pisotear e armar a campanha contra o Vasco. O Prass pediu e nós concordamos, ou melhor, achamos excelente. Eles vão dar palestra para a gente, como é o exemplo do Felipe. Se vocês forem beliscando as coisas, aquele grupo achava que era o dono do mundo, mas dono do mundo é Deus. Hoje somos uma família e o incentivo está sendo maior. É justamente por isso que estou aqui".
O que você espera para a temporada 2012?
"Espero coisas boas. Temos uma safra sensacional e jogadores que vão fazer a torcida vibrar muito quando estiverem no profissional. Estamos nas primeiras colocações do Estadual. No Vasco o jogador tem dois caminhos: jogar na Seleção ou na Europa. Isso porque ninguém quer descer e ir ao inferno. Nosso presidente está ciente e a torcida pode ficar tranqüila, pois eles vão dar muitas alegrias".
Fonte: Supervasco