O Fluminense sofreu na estreia da Libertadores e ao longo da primeira fase da Taça Guanabara pelos muitos problemas táticos que Abel Braga não encontrava soluções. Mesmo com elenco recheado de opções na maioria das posições. As muitas críticas se justificavam pelo fraco desempenho coletivo.
O time milionário começou a ganhar encaixe com a efetivação de Wellington Nem, revelação de Xerém de volta ao clube após passagem pelo Figueirense e a referência de velocidade na frente que faltava. Na semifinal do turno, o triunfo sobre o Botafogo só veio nos pênaltis, mas a melhora na produção foi nítida.
Na decisão, a motivação natural de ver uma quase eliminação virar vaga na final, a vontade de dar o troco das duas ultimas doídas derrotas para o rival e a chance de jogar como franco-atirador, com o favoritismo do outro lado, fizeram o time com qualidades, mas desorganizado, apresentar uma impressionante aplicação tática.
A execução do 4-2-3-1 beirou à perfeição. Wellington Nem atuou pela esquerda voltando com Fágner e aproveitando os espaços às costas do lateral vascaíno sem se intimidar com a cobertura de Dedé. Deco recuava para não deixar a saída de bola com os volantes Valencia e Diguinho e Thiago Neves à direita também voltava com Thiago Feltri, mas centralizava nas ações ofensivas, indefinindo a marcação de Nilton.
Já Fred fugiu de Dedé e jogou em cima do hesitante Rodolfo – recurso óbvio, mas não explorado por Vágner Love na semifinal. Na segunda etapa, a produção pela esquerda melhorou com a entrada de Thiago Carleto na vaga de Carlinhos.
A disputa foi praticamente resolvida aos 11 minutos do segundo tempo, com Fred entrando pela direita às costas de Rodolfo e completando assistência de Thiago Neves. O segundo gol do artilheiro do clássico, que abriu o placar cobrando pênalti de Fágner em Nem.
Exatos 75 minutos de amplo domínio, que só não virou goleada pelos gols feitos perdidos por Thiago Neves e Wellington Nem. Deco supreendeu Fernando Prass em belo chute e sobrou no meio-campo com passes perfeitos, visão de jogo privilegiada e a inteligência para ditar o ritmo da equipe.
O Vasco, armado no 4-3-3 por Cristóvão Borges, tentou fugir da forte marcação com muita mobilidade. Diego Souza saía da esquerda e se juntava a Alecsandro pelo centro e até apareceu pela direita para acertar a trave em uma das poucas falhas do zagueiro Anderson na primeira etapa. William Bárbio mostrou a velocidade e a entrega de sempre, mas faltou inspiração. No meio, Fellipe Bastos não ajudou Nilton na marcação, muito menos dividiu a articulação com Juninho.
Na retaguarda, além dos problemas de Rodolfo, a presença de dois laterais ofensivos muitas vezes deixa mais exposto o miolo de zaga. Thiago Feltri não compensa no apoio as deficiências na composição da última linha defensiva.