Uma final quase inédita, recordes e tabus em jogo, um time de campanha perfeita e outro classificado na última rodada, dependendo de outros resultados. Além disso, expectativa de bom público. Se na prática todos os elementos funcionarem como na teoria, a final da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca, entre Vasco e Fluminense, neste domingo, às 16h, no estádio Engenhão, tem tudo para ser um grande jogo.
O time comandado por Cristóvão Borges foi preciso até aqui, com oito vitórias em oito jogos, campanha que empolga a torcida, mas é minimizada pelo próprio treinador. Já o Fluminense tropeçou e ironicamente precisou da ajuda do próprio Vasco para avançar à semifinal, quando derrotou o Botafogo nos pênaltis e ganhou confiança.
Caso derrote o time das Laranjeiras, o Vasco se tornará o segundo campeão da história da Taça Guanabara a ter vencido todas os jogos. Em 1997, o Botafogo ficou com o título do primeiro turno com 12 vitórias em 12 jogos. Os números, estatísticas e tabus, porém, não entrarão no vestiário do time cruz-maltino no domingo. O técnico Cristóvão Borges procura deixar os jogadores relaxados e minimiza possíveis recordes. Tanto os positivos quanto os negativos.
"Não tem peso não. A gente trabalha bem isso. Antes do jogo contra o Flamengo era uma lista de tabus. O que a gente procura neste momento é justamente o contrário, tirar peso. Já tem muita pressão, é decisão de turno, contra outro time grande, estádio cheio, motivação, não precisa colocar mais peso sobre os jogadores", disse Cristóvão Borges, que prefere deixar a campanha invicta em segundo plano, tirando o favoritismo do Vasco e igualando a força dos times na final.
"O Vasco tem 100%, então estatisticamente é fato, mas a gente não se ilude com isso. Encontra outro grande na decisão, acaba isso, não tem favoritismo nenhum. O Fluminense é forte, não tem favorito, é equilibrado demais", completou o treinador do Vasco, que teve o comentário reforçado pelo zagueiro Dedé. O jogador acredita que a boa campanha não será lembrada sem a confirmação do título.
"Para nós que chegamos até agora na final invictos, com 100% de aproveitamento, se perdermos vai tudo pelo ralo. Tabus, números, não fazem diferença. A gente está buscando. Acho que o principal aqui no Vasco é a união do grupo", destacou o zagueiro vascaíno.
Se as campanhas na primeira fase são distintas, os dois times têm em comum o jejum no torneio estadual. O último título vascaíno aconteceu em 2003, enquanto o Fluminense venceu pela última vez em 2005. Flamengo e Botafogo dominaram o cenário regional desde então.
A final também é quase inédita. Vasco e Fluminense só decidiram a Taça Guanabara em 1994, quando o Vasco goleou o rival por 4 x 1. Os times já se enfrentaram nesta temporada, pela fase de grupos da Taça Guanabara. O Vasco venceu de virada por 2 a 1, com dois gols de Alecsandro. Thiago Neves marcou para o Fluminense.
“O Vasco hoje é o melhor time do Rio de Janeiro, mas ser o melhor não significa dizer que é favorito e que vai ganhar o jogo no domingo. Mas é um time que está com uma campanha 100% desde que começou campeonato. Não foi muito feliz no jogo da Libertadores, mas tem um conjunto muito bom. Será um jogo muito difícil, mas vamos jogar da mesma maneira, ofensivamente”, analisou Abel Braga, técnico do Fluminense.
E até campeão da Taça Guanabara, o time das Laranjeiras pode continuar ostentando um incômodo jejum. Sem vencer um clássico desde novembro de 2010 - nos últimos 12 jogos foram seis derrotas e seis empates - o time das Laranjeiras pode empatar no tempo normal e conquistar o título do primeiro turno nos pênaltis, da mesma maneira como eliminou o Botafogo na última quinta-feira. O meia Deco diz que o tabu recente não incomoda e não entra em campo.
"Na verdade todo esse histórico, na nossa cabeça a gente não consegue pensar nisso. A imprensa e a torcida falam disso, a gente tem consciência, mas quando começa o jogo, você só pensa em ganhar. Não pensa em 'nossa fazem tantos anos que o time não ganha isso ou aquilo'. Só tenta fazer o melhor. E é o que a gente vai fazer nesse domingo", disse o meia do Fluminense.
No Fluminense, a única dúvida na escalação fica por conta do substituto do volante Edinho. O jogador sofreu uma pancada no pé direito durante a semifinal contra o Botafogo e não treinou no sábado, sendo vetado para a partida. Jean e Valencia disputam a posição, mas a tendência é de que o segundo, que até treinou penalidades com os titulares, comece jogando contra o Vasco.
O atacante Wellington Nem, que era dúvida, já que havia atuado a base de infiltração no tornozelo na última quinta-feira, treinou normalmente e começa entre os titulares, formando o ataque ao lado de Fred.
Já o Vasco terá força máxima na final. O técnico Cristóvão Borges deve repetir a escalação que venceu o Flamengo na semfinal, com Willian Barbio no ataque, e Felipe no banco de reservas. A participação das torcidas também está garantida. Até o final da tarde de sábado, três setores do Engenhão já tinham ingressos esgotados.
Fonte: IG