Menino cego Hugo pediu para Alecsandro marcar 3 gols na final

Sábado, 25/02/2012 - 12:02

Aos seis meses, Hugo teve câncer na retina. Com um ano de vida, já perdera a visão nos dois olhos. A experiência "traumatizante" para a mãe Vânia Souza, dona de casa de 32 anos, moradora de Bento Ribeiro, é hoje sinônimo de orgulho. Vê o filho no segundo ano do colégio já conquistar a própria independência, mexer sozinho no computador, realizar as atividades básicas como alimentação e higiene pessoal sem precisar de ajuda. Ela foi a responsável por fomentar no menino a paixão pelo Vasco, dando uma rasteira na influência do pai, Hamílton Alves, torcedor do Fluminense, adversário do time de São Januário na final da Taça Guanabara neste domingo.

Hugo, agora com sete anos, sempre entra no gramado com o goleiro Fernando Prass, seu maior ídolo. Ouve os jogos com o rádio colado no ouvido e quase sempre vai ao vestiário após as partidas. Mas a maior emoção recente do garoto foi a homenagem de Alecsandro no gol marcado contra o Flamengo, na semifinal disputada na última quarta-feira. Ele havia pedido o gesto da careta e de tapar os olhos com a mão, além do gol, mas não esperava que fosse atendido tão rapidamente.

"Ele já acompanha o Vasco faz tempo. Comecei a trazer aqui antes do pai querer levá-lo para as Laranjeiras. Acho que gosto mais de futebol do que o pai. Agora não tem mais jeito, ele foi muito bem recebido pelos jogadores, vai sempre no vestiário, não quer nem saber de Fluminense", diz Vânia. E não quer mesmo. Indagado sobre o assunto, Hugo bate de primeira, sem dó: "É muito fácil lidar com isso. Eu simplesmente ignoro esses assuntos do meu pai", afirma o menino, bastante carinhoso pelo pouco que foi possível observar de sua relação com os parentes.

A rotina de cuidados com uma criança deficiente visual não é fácil, mas Vânia conta que procura ao máximo tratar Hugo como uma criança normal, embora tenha de estar todo dia na escola para buscá-lo e outras obrigações. "Aposto na criança. Faço de tudo por ele hoje para que tenha sucesso no futuro. Na época da doença foi muito traumatizante, mas agora a gente lida como uma criança normal. A primeira vez que ele veio foi no dia da homenagem ao Ricardo Gomes (que teve um AVC em 2011)", contou.

Vânia ressaltou que o menino vem dando sorte. "Toda vez que ele pede um gol ao Alecsandro, o cara faz. Desta vez ele pediu três gols na final. O Alecsandro disse que se fizer, vai dar uma camisa preta do Vasco para ele. Pediu também para comemorar com careta, como ele gosta", disse a mãe, mostrando o uniforme oficial que o filho não tira do corpo, com dedicatória do artilheiro vascaíno. "O ídolo mesmo dele é o Prass. Ele me pediu para conhecê-lo quando fez seis anos". Questionado sobre o motivo da idolatria ao goleiro, Hugo respondeu: "Ele cuida de mim, me carrega no colo quando entra no campo para que eu não me machuque". Mal sabe ele que hoje, em São Januário, o que não falta é boleiro cheio de vontade de fazê-lo se emocionar mais uma vez.



Fonte: IG