O momento de incerteza política no futebol brasileiro servirá de arma para que federações de menor expressão tentem aumentar o repasse mensal de verbas da CBF - ou, em certos casos, regularizar recorrentes atrasos. Segundo cartolas, as entidades irão à Assembleia Geral Extraordinária da CBF, na próxima quarta-feira, no Rio de Janeiro, dispostas a renegociar a ajuda financeira.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, precisará do apoio das federações para aprovar a reforma parcial do estatuto que levará a votação durante a reunião. Hoje, a CBF dá mensalmente R$ 30 mil à maioria das federações. Em 2010, o repasse totalizou R$ 14,5 milhões - 23% a mais do que em 2008. Por outro lado, o lucro da entidade cresceu 159% no mesmo período, chegando a R$ 83 milhões.
- É uma discussão importante e oportuna. Acredito que a questão será levantada - disse o presidente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF), Leomar Quintanilha.
Há entidades estaduais que, além de questionarem valores, não recebem regularmente os repasses. A Federação Brasiliense de Futebol (FBF) sofre há de seis meses com atrasos não justificados pela CBF. O período coincide com a nomeação pela Justiça de Miguel Alfredo de Oliveira Júnior como interventor na entidade. O então presidente em exercício da FBF, Paulo Araújo, foi afastado por suspeitas de irregularidades no repasse de verbas públicas.
- Achamos que o valor do repasse da CBFdeveria ser, no mínimo, o dobro. Não há explicação técnica para termos parado de receber. Em momentos de crise é que as coisas se resolvem - disse Oliveira Júnior.
A Federação Piauiense de Futebol (FPF) também não vem recebendo. Em novembro passado, a CBF anulou o pleito que declarou Cesarino Oliveira Sousa presidente da entidade, alegando irregularidades no processo eleitoral, e nomeou uma comissão especial para administrá-la. Cesarino, no entanto, segue à frente da FPF.
- A federação não existe financeiramente. Vamos reivindicar uma definição - prometeu.
RENÚNCIA AINDA É COMENTADA
Nos bastidores, a renúncia de Ricardo Teixeira da presidência da CBF ainda é tratada como uma possibilidade pertinente. Inclusive, a proposta de mudança no estatuto da entidade estaria relacionada ao seu processo de desligamento. O desejo de Teixeira, em caso de renúncia, seria assegurar que o vice mais idoso, José Maria Marin, assumisse a entidade, conforme determina o estatuto.
Liderado por Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, um grupo de federações é contrário a Marin e defende a realização de eleições. Os rebeldes acreditam que há brecha no estatuto para evitar a sucessão direta.
- Em 2008, seguindo exigência da Fifa, nossa federação propôs emenda para que o presidente Ricardo Teixeira ficasse no cargo até depois da Copa. Mas isso se aplica apenas a ele, não aos vices - argumentou Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF).
A versão coincide com vários telefonemas dados por José Maria Marin no fim de semana de Carnaval aos presidentes de federação, tranquilizando-os de que comandaria a CBF para todos.
Fonte: Lancenet