O pequeno Hugo estava na arquibancada do Engenhão, quando vibrou ao ouvir a torcida vascaína gritando, comemorando o gol marcado por Alecsandro. De repente, escutou de sua mãe, Vânia:
- Filho, eles estão comemorando o gol em sua homenagem. É para você o gol.
O menino, então, abriu um largo sorriso e respondeu.
- Eles gostam mesmo de mim, mãe.
Para quem viu aquela comemoração diferente de Alecsandro e companhia no gol de empate contra o Flamengo, e não entendeu muito do que se tratava, o feito foi em homenagem a Hugo. Deficiente visual, o pequeno vascaíno, de 7 anos, já virou um mascote dos jogadores. Minutos antes de o clássico começar, ele, que apesar de sempre entrar em campo carregado por Fernando Prass, resolveu fazer um pedido ao artilheiro da equipe: um gol em sua homenagem, fazendo o gesto de como deveria ser realizada a comemoração. Foi prontamente atendido.
- Sempre entro com o Fernando Prass porque é o melhor goleiro do mundo. Mas gosto também do Wiliam Barbio, do Alecsandro. Eu que pedi para ele fazer um gol para mim. Fiquei muito emocionado - disse Hugo, imitando a comemoração feita pelo camisa 9 do Vasco.
Ao lado de seus pais, Vânia e Hamilton, Hugo recebeu a equipe de reportagem do LANCENET! em sua residência, em Bento Ribeiro neta quinta-feira, ainda eufórico com o ocorrido. Na tela do computador, a imagem da comemoração em sua homenagem. Nas paredes, fotos e mais fotos do pequeno com roupas do Vasco. E ele ainda fez questão de nos recepcionar com uma camisa que ganhou de Alecsandro.
- Ganhei uma camisa do Alecsandro, uma do Juninho. Um boné do Fellipe Bastos e até este boneco do Fernando Prass - destacou, mostrando orgulhoso a miniatura da Muralha da Colina.
A paixão pelo Vasco teve início cedo. A família de sua mãe é toda composta por vascaínos. Ate que, certo dia, Hugo pediu para conhecer os jogadores. E, através de uma tia, conseguiu entrar com o time.
- Ele queria muito conhecer os jogadores. Mas tinha que conhecer direito. Aí o levamos. No primeiro dia, eu entrei junto, por conta da deficiencia dele. Hoje em dia o Fernando Prass logo pega ele no colo. É uma festa - disse a mãe de Hugo, Vânia.
O dia a dia dos pais de uma criança com alguma deficiência não é nada fácil. Vânia conta, emocionada, que precisa passar o dia todo com o filho no Instituto Benjamin Constant, sair de casa cedo, voltar no fim do dia. O menino perdeu a visão ainda no primeiro ano de vida, por conta de um câncer na retina. O problema foi superado. E o futebol virou uma espécie de refúgio.
- A gente vibra muito, é um momento mágico para nós. A vida não é fácil, há sempre dificuldades. Mas posso dizer para os pais de crianças com deficiência que não há limites. E o futebol, ou melhor, o Vasco nos mostrou isso - lembrou vânia, interrompida por uma frase espontânea do filho, que ilustrou bem o que a mãe tentava explicar.
- O Vasco é minha vida. é meu amor. Eu amo o Vasco.