A tradicional reunião anual do International Football Association Board, o IFAB, ocorre nesta quarta-feira, na Inglaterra, e discute possíveis mudanças na regra do futebol. São seis as pautas mais importantes, inclusive a comentada possibilidade de ser permitida a quarta substituição em jogos com prorrogação.
Marcados por decisões conservadoras, os encontros do IFAB são realizados sempre entre fevereiro e março na chamada Assembleia Geral Ordinária. Há a possibilidade bastante considerada de admitir como regra as presenças de árbitros atrás dos gols e o spray para marcação de barreiras em cobranças de faltas, ambas já testadas no futebol brasileiro, inclusive no Campeonato Paulista.
"Já enviamos relatórios com dados e imagens para um coordenador geral da Fifa sobre os árbitros auxiliares", informa o Coronel Marcos Marinho, chefe de arbitragem da Federação Paulista, ao Terra. "Participamos dessa discussão e minha opinião é de que depende da competição. Para divisões menores, o custo pode ser alto. Mas os auxiliares contribuem para o acerto dos árbitros. Eles que estão em campo é que dizem", afirma Marinho.
Historicamente, mudanças importantes já foram feitas a partir dos encontros do IFAB. O acréscimo no fim dos dois tempos (1987), proibição da mão no recuo de bola (92), terceira substituição (94) ou a recente disposição sobre a paradinha em cobranças de pênalti são exemplos (2010). O ponto mais polêmico da regra na atualidade, entretanto, deve ser adiado outra vez.
A implantação de tecnologia na bola para lances duvidosos sobre a linha será mais uma vez discutido pelo International Board, mas comunicado recente informa que ainda não haverá uma decisão definitiva. São oito diferentes tipos de tecnologias a serem discutidas. Um parecer final e que já visaria a Copa de 2014 pode ser tomado em julho, na Ucrânia, por conta da Eurocopa.
Para selecionar a melhor tecnologia, é possível que o IFAB use o critério econômico para influenciar a decisão e permitir a maior abrangência possível do chip na bola para todas as divisões do futebol profissional. "Eles têm essa posição (conservadora), mas pode ser alterada. É um conceito apenas", acredita Marinho.
Pela proximidade com o International Board, a imprensa inglesa acompanha as discussões mais de perto e acredita na quarta substituição como a mudança mais factível. "É algo que beneficiaria o espetáculo e as equipes. Não há ingerência na regra, acho interessante mexer nisso", afirma o Coronel Marinho.
Para a mudança ser aprovada, ela deve ter o voto de pelo menos seis dos oito membros da Assembleia Geral Ordinária. Compõem o pleito quatro delegados da Fifa e membros de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda, fundadores do IFAB. O sistema é utilizado desde 1958.
O International Board surgiu em 6 de dezembro de 1882 por ingleses, escoceses, galeses e irlandeses para que se definissem as regras do futebol entre os quatro países. Em 1904, a Fifa foi criada e adotou as disposições do IFAB, que admitiria a entidade nove anos depois.
Reunião do International Board irá definir possíveis mudanças na regra do futebol nesta quarta. Uma delas é a quarta substituição: em prorrogações, seria permitida a realização de mais uma troca em cada equipe. "A proposta é suportada para manter o nível técnico até o 120º minuto e para proteger a saúde dos jogadores", define a Fifa.
Tecnologia na linha do gol: o polêmico e recorrente assunto será novamente discutido. Ainda assim, a Fifa aponta a necessidade de se realizar mais testes e escolher a tecnologia ideal para a aplicação entre oito possibilidades. Há a possibilidade de se concluir o tema em Kiev, na Ucrânia, pouco antes da final da Eurocopa 2012 em julho.
Árbitros atrás dos gols: já utilizados em alguns campeonatos do Brasil como Paulista e Carioca, dois árbitros atrás dos gols podem se tornar regra definitiva. A novidade já seria incluída para a Eurocopa. A International Board irá avaliar os resultados de testes feitos.
Véu para as seleções islâmicas: vetada pela Fifa no último ano, a utilização do véu islâmico em partidas de futebol feminino será discutida novamente. A tendência é que se encontre um meio termo para respeitar as tradições religiosas sem prejuízos à mecânica de jogo da modalidade.
Punição tripla: possivelmente a regra mais radical, prevê que faltas drásticas ocasionem uma punição tripla com pênalti, cartão vermelho e suspensão.
Spray: já utilizado em competições sul-americanas, o spray de marcação da barreira em cobranças de falta seria definido como regra.
Fonte: Terra