"...Basta acreditar que um novo dia vai raiar, sua hora vai chegar...". De fato, ela chegou. A música "Tá escrito", do grupo Revelação, foi escolhida por Wiliam Barbio como sua trilha sonora. O que talvez ele não imaginasse é que esse trecho faria tanto sentido com o momento que vive.
Barbio, filho de um vigia e de uma cozinheira, é morador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Para ir aos treinos do Vasco, em São Januário, pega um ônibus até Nova Iguaçu e de lá ganha aquela carona amiga do goleiro Diogo Silva. Vez por outra, em virtude do estilo rastafári, é reconhecido por passageiros:
– Às vezes, algumas pessoas entram e falam: Você que é o Wiliam Barbio? "Pô", boa sorte aí – disse.
No Vasco, até então, passava quase despercebido. Há quase oito meses no clube, só havia entrado em três jogos. Até que o técnico Cristovão Borges resolveu dar-lhe a oportunidade de iniciar uma partida. As lágrimas que corriam no rosto de sua mãe Claudete ao ouvir, do setor social da Colina, os gritos de "Uh! É Cabeleira" da galera, traduziam não só o reconhecimento pelo gol e a grande partida, mas também toda uma trajetória difícil, que começou no Nova Iguaçu, ainda pequeno.
– Quando ele tinha 12 anos, disputou um campeonato pela escolinha do Nova Iguaçu. Foi tão bem que já o coloquei depois no clube. Por lá, ele foi artilheiro do Carioca juvenil e depois da Taça OPG. Sempre foi muito humilde e até hoje me chama de "senhor", o que acho engraçado – afirmou o empresário Jorge Morais.
O futebol veloz e aguerrido chama tanta atenção quanto a vasta cabeleira que cultiva. Seu procurador, inclusive, garante que nunca se opôs ao estilo. Já Barbio não cogita a possibilidade de cortar.
– Quando subimos para a Primeira Divisão, os jogadores combinaram que todos teriam que raspar o cabelo, inclusive o meu. Lembro que corri desesperado e o Jânio Morais (presidente do Nova Iguaçu) teve que reunir todos para pedir que não cortassem o meu – lembrou.
Humilde, diz que seu maior sonho é conquistar muitos títulos pelo Vasco. Já o apelido dado pela torcida, ele garante não o incomodar:
– Pode ser "Cabeleira da Colina".