A morte do garoto Wendel enquanto fazia um teste no núcleo do Vasco, em Itaguaí, levantou uma discussão sobre a necessidade dos clubes oferecerem a devida infra-estrutura, tanto dentro como fora de campo, aos milhares de jovens que participam das tradicionais “peneiras” em busca de transformar em realidade o seu sonho de se tornar um jogador de futebol.
Segundo o advogado Marcos Motta, mesmo sendo omissa e não muito bem definida, existe uma legislação que obriga a apresentação do exame médico anual e que os clubes tenham uma estrutura médica. O problema é que os núcleos que realizam as “peneiras” são apenas extensões dos clubes.
No caso de Wendel, apesar de ter mostrado um atestado, ele teve um mal súbito. De acordo com o Vasco, não havia médico no local no momento em que o garoto passou mal, mas ele foi atendido por uma pessoa que tinha conhecimento de primeiros-socorros.
Na opinião do médico Michael Simoni, antes de mais nada os clubes deveriam saber se esses jovens estão chegando com uma avaliação médica pré-participativa.
- A avaliação médica efetivamente consistiria em um teste de esforço, um ecocardiograma e um exame de sangue. Já imaginou se em qualquer campo de pelada que tem na beira da favela ou qualquer academia de ginástica, você fosse requisitar um médico? Claro que este é o cenário ideal, mas seria extremamente complicado até do ponto de vista operacional.
As academias, além de solicitarem um atestado médico, também pedem que os seus alunos respondam a um questionário com perguntas sobre o histórico de doenças da pessoa e da família. Se as respostas não forem muito boas, ela vai precisar fazer exames mais detalhados antes de ser liberada para atividade física.
- A verdade é que nas academias se cobra uma avaliação pré-participativa mais eficiente - avalia Simoni.
O Tigres do Brasil, apesar de ser um clube de menor investimento, oferece uma boa estrutura aos seus jovens. Além do refeitório e dos campos, o departamento médico do Tigres não deve nada a qualquer time grande.
- A gente tem aqui dois fisioterapeutas e o médico, o dia em que ele não está aqui, a gente tem à disposição em cinco minutos - afirma o coordenador das categorias de base do Tigres, Ederlei Pereira.
Ao mesmo tempo, ele acha que, infelizmente, este tipo de fatalidade como a que ocorreu com o garoto Wendel não tem muito como evitar.
- Hoje acontece com jogadores profissionais de seleções e clubes com estruturas até melhores do que a nossa.