Engajado nos assuntos do futebol brasileiro, Loco Abreu tornou a sugerir que o Campeonato Carioca seja revisto. Admirador da tradição e do charme da competição, o uruguaio não é a favor de exterminá-la. Mas, além de reclamar melhores campos, espera que as próximas fórmulas tenham menos jogos para os clubes grandes, proporcionando uma melhor preparação para o restante da temporada.
A alteração que o capitão do Botafogo deseja é simples: primeiro, turno único entre os 12 pequenos (que poderia começar mais cedo) para que apenas oito deles se classifiquem. A partir daí, dois grupos de seis se formam para a disputa usual da Taça Guanabara e da Taça Rio, terminando antes do Brasileirão.
- Sou meio maluco e, em casa, às vezes pego papel e caneta para fazer uma programação em cima do que seria ideal para os times grandes sem atrapalhar o planejamento e também os pequenos. Teríamos mais clássicos, o público compareceria mais, o torcedor gastaria menos... É bom, acho que ninguém reclamaria. Tivemos 24 pessoas num estádio outro dia e mesmo os clássicos não estão dando mais que dez mil. É muito jogo. E para jogar uma competição como a Libertadores, por exemplo, é preciso se preparar bem. Os clubes ainda poderiam ter tempo de viajar para fora, ganhar mais dinheiro com excursões, dar experiência aos jogadores - apontou Loco, sonhando com novas regras em 2013.
A derrota do Vasco para o Nacional-URU, em São Januário, na semana passada, foi um dos motivos que despertaram o assunto. Para o camisa 13, não é o Brasil que está perdendo qualidade. As condições desgastantes encontradas aqui é que têm feito a diferença.
- Não dá para generalizar falando em futebol da América do Sul, hoje em dia. Tem de ver a quantidade de jogos em cada país. No Uruguai, são 35, 40 jogos por temporada. Aqui, 70. Para jogar bem, tem de treinar e aperfeiçoar, não adianta ter só a qualidade. É difícil montar um elenco dinâmico sem trabalhar. Antes de comparar o nível do futebol de uma equipe com a outra assim, tem de ver isso. Aqui você corre atrás, mas o desgaste é grande. Quem treina mais, tem mais confiança e leva vantagem - analisou.
Crítica a técnicos na berlinda
As frequentes demissões de treinador são outro ponto abordado com acidez e até ironia, lembrando, indiretamente, o arquirrival Flamengo.
- Oswaldo (de Oliveira), por exemplo, ganhou títulos no Japão porque teve tempo, ninguém o demitiu no primeiro problema e o calendário era justo. No Brasil, treinador é só para apagar incêndio. Não são muitos que ficam por algum tempo. Você sabe o dia que entra, mas não o que vai sair, o contrato não vale. Ninguém analisa o trabalho, só se teve resultado, a se a pressão da torcida é grande... Eu gosto quando tem multa, como os R$ 4 milhões que vimos agora (no Flamengo). O clube fica doido para mandar embora, mas acaba se obrigando a dar sequência. Se eu fosse treinador, tentaria sempre ter uma multa assim - comentou, em referência ao recente episódio em que a diretoria do arquirrival teria demorado mais para demitir Vanderlei Luxemburgo com receio de não ter como pagar o valor estipulado em caso de quebra de vínculo.
Fonte: GloboEsporte.com