Carioca da gema, nascido e criado no Riachuelo, Daniel Freitas não é de dar gargalhadas e nem sequer de abrir um sorriso, mas, com seu jeito sério, garante viver o momento mais feliz de sua vida profissional. Oportunidade que surgiu há apenas um mês, 11 anos após a decisão de trabalhar com o futebol. Novo diretor executivo do Vasco, ele assumiu o cargo no lugar de Rodrigo Caetano, que está no Fluminense e vai reencontrá-lo hoje à noite.
Nessa entrevista, ele fala sobre os desafios de administrar um grupo com salários atrasados, do reencontro com Rodrigo Caetano, avalia o mês que está no comando e garante estar preparado para a função.
MARCA BRASIL: Um mês após ser efetivado como diretor executivo de futebol, qual é a avaliação que você faz do seu trabalho?
Daniel Freitas: Posso dizer que foi um período muito intenso, movimentado, por causa Dessa situação de salários atrasados. A carga de trabalho aumentou, mas eu já esperava por isso. Os resultados começam a acontecer e, mesmo com as dificuldades fora de campo, espero que continuem assim.
MB: O que mudou na sua vida desde então?
DF: A responsabilidade aumentou muito e a projeção também. Tenho mais exposição, um relacionamento com a imprensa que não existia. A rotina familiar mudou um pouco. Às Vezes estou com os meus filhos e minha esposa e tenho de interromper o que estou fazendo para atender o telefone.
MB: Como foi substituir Rodrigo Caetano?
DF: O maior desafio que estou tendo não é substituir o Rodrigo Caetano, mas, sim, assumir o futebol do Vasco. As pessoas não podem achar que sou igual a ele, pois tenho as minhas características e a minha maneira de trabalhar. É diferente.
MB: Você tem seguido a linha de trabalho dele?
DF: Cheguei ao Vasco em agosto de 2008. Portanto, seis meses antes do Rodrigo Caetano. Foi quando a gente infelizmente caiu para a Série B. Depois, o Rodrigo assumiu e, lógico, fez um ótimo trabalho no clube. Por isso, não vejo problema em seguir as coisas que ele acertou, mas tenho o meu estilo.
MB: Como será reencontrá-lo hoje?
DF: Não somos muito íntimos, pois a nossa relação no Vasco era mais profissional.
MB: A falta de dinheiro no clube também tem prejudicado o seu trabalho?
DF: Trabalhar sem tantos recursos e fluxo de caixa não é o ideal. Isso sempre dificulta, mas o desafio mesmo tem sido manter o grupo focado no trabalho. É o que importa agora. Temos passado para os atletas que se deixarem o profissionalismo de lado, aí é que os problemas vão continuar. Sem vitória, não conseguimos patrocinadores e, consequentemente, dinheiro.
MB: Esse era o seu sonho?
DF: Sempre busquei essa oportunidade. Estou muito feliz e grato pela oportunidade que o presidente Roberto Dinamite me deu. Eu me formei em Educação Física em 2000 e três anos depois fiz MBA em gestão esportiva. Trabalhei no futebol amador do Botafogo e estou há três anos e meio no Vasco.
MB: E o que busca de agora em diante?
DF: Minha meta é tentar ajudar o Vasco a conquistar o máximo de competições este ano. Lógico que a Libertadores é uma delas. Quero provar meu valor para me firmar no mercado brasileiro. É a oportunidade de ouro que tenho para isso.
MB: E qual é a sua resposta quando dizem que não está preparado para comandar o futebol do Vasco?
DF: Digo que tenho experiência suficiente para o cargo. Se avaliar a minha trajetória no clube, passei por tudo. Rebaixamento com uma situação financeira pior. Conquistamos o Campeonato Brasileiro da Série B. Ano passado, participei do primeiro grande título do clube (Copa do Brasil) após oito anos. Vivi o céu e o inferno no Vasco. Como diretor, pode até ser a primeira vez, mas trabalho há muito tempo nessa área e conheço bem o que faço.
Fonte: Marca Brasil