Na avaliação de dirigentes da base de quatro grandes clubes brasileiros, o principal deslize do Vasco na morte do jovem W. J. V. da S. foi a ausência de um médico no Centro de Treinamento de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Membros de Fluminense, São Paulo, Coritiba e Atlético-MG, ouvidos pelo Terra, consideraram o episódio como fatalidade, mas concordaram sobre a negligência.
"Deveria haver um médico, mesmo que não no treinamento, mas na área de medicina", afirma José Geraldo de Oliveira, supervisor da base do São Paulo. "Em Cotia, temos quatro médicos contratados que atendem das 7h às 19h e enfermeiros nos outros períodos", informa.
"Os clubes precisam ficar muito atentos, é um risco grande", diz Mario Mazzuco, coordenador do Coritiba. "Temos 200 atletas treinando toda semana com tudo quanto é nível e exigência", lembra. O Atlético-MG, afirma o coordenador André Figueiredo, tem profissionais de prontidão e aparelhos para socorros imediatos. "Temos desfibrilador e departamento médico no centro de treinamento e para as viagens", explica André.
O Coritiba é referência em relação a prevenção e exige, já há quatro anos, a entrega de exame de esforço para identificar eventuais problemas cardíacos. "É um teste ergométrico para atletas maiores de 14 anos e isso pode mostrar alguma alteração de coração. Mas um derrame, por exemplo, é algo que não tem como se prever. Não é decorrente de má alimentação ou esforço", diz Mazzuco. Fluminense, Atlético-MG e São Paulo não pedem o exame.
William Yousef, médico do Coritiba e da Seleção Sub-20, lembra que a consulta médica detalhada antes da prática esportiva é fundamental para evitar imprevistos. "Se o atleta relatar algum sintoma como dores de cabeça, vômito, algo diferente, fazemos uma pesquisa mais específica. As maiores encrencas são de coração e isso é prevenido pelo exame ergométrico", diz. O Vasco apenas recebeu atestado médico.
De acordo com o são-paulino Geraldo, a morte do jovem no Vasco já teve efeito em Cotia. "Que isso sirva de alerta para a gente. A pedido do Juvenal (Juvêncio, presidente), recebemos uma mensagem com as notícias e com a preocupação dele e se estamos preparados para evitar essas ocorrências".
Após sentir-se mal e sofrer uma convulsão, o jovem W. J. V. da S. teve socorro prestado apenas por membros da comissão técnica. Coube ao treinador Cássio, na ausência de resgate, conduzir o jovem até a Unidade de Pronto Atendimento de Itaguaí em seu próprio carro. Segundo relatos, entretanto, ele já chegou morto ao local.
Fonte: Terra