Quinta-feira, 26 de janeiro de 2012, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. A entrevista com Andrés Sanches, novo diretor de seleções da CBF, está marcada para as 10h30m (de Brasília). Só que às 9h50m, o presidente licenciado do Corinthians chega para o café da manhã e logo apressa o início da conversa.
- Vamos, vamos, vocês só têm 20 minutos. E eu tenho de ir embora logo porque tenho uma reunião na CBF – sentenciou o dirigente.
Com pressa e ar intimidador, ele pede à garçonete um café com leite e uma porção de pães de queijo - o combo é devorado em menos de cinco minutos. Alimentado, mas ainda impaciente com o relógio, Andrés inicia o bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM. Ele é arisco, mas com um lado folclórico.
Já virou marca registrada. Quem convive há mais tempo com o corintiano, sabe do seu jeito rude. A conversa flui bem, mas muitas vezes o diretor interrompe o entrevistador antes mesmo de a pergunta terminar. Em outros casos, ele faz um exercício de adivinhação, dizendo saber a pergunta e respondendo antes. Fica na defensiva, mas também sorri e faz piadas.
Um dos nomes mais importantes do futebol brasileiro atualmente, Andrés afirmou na entrevista ter muito menos poder do que as pessoas acham. Esbravejou também contra quem acredita que ele é um escudo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mas se colocou à disposição para ser a voz da entidade em entrevistas. E de quebra, deixou no ar que se Mano Menezes não for bem nas Olimpíadas...
Nos 40 minutos de bate-papo (o dobro do que ele queria no começo), o ex-mandatário do Timão também falou da sua relação com os dirigentes de outros clubes, diz não ter inimigos e afirmou, sem titubear, que tem boa relação com aquele que muitos acham ser seu principal desafeto: Juvenal Juvêncio, do São Paulo.
Por fim, convidado para uma sessão de fotos na praia do Leblon, o paulista mostrou sua faceta piadista e se esquivou do fotógrafo:
- Você está ficando maluco. Não vou à praia de jeito nenhum. Você não me conhece. Estou de calça jeans e camiseta pólo. Se aparecer assim por lá, os cariocas vão dizer: “Olha lá aquele paulista idiota”.
Antes de ir embora, Sanches ainda fumou uns três, quatro cigarros, enquanto conversava com Rodrigo Paiva, diretor de comunicações da CBF, na calçada do Leblon. Depois, ao ver que seu motorista havia chegado, se despediu da reportagem, com uma frase que já lhe é peculiar na maioria das entrevistas:
- Tchau, tchau. Desculpem alguma coisa.
Confira abaixo o bate-papo com Andrés Sanches:
Sua ascensão como dirigente foi rápida. Conquistou bastante coisa em pouco tempo. Você acha que foi meteórica? Você imaginava que seria assim?
Acho que infelizmente o futebol faz a pessoa ir ao céu ou ao inferno. Eu estou trabalhando pelo Corinthians desde meus 18 anos, mais de 15 como diretor de categoria de base e depois me torneio presidente. Lógico que sei o que fiz pelo Corinthians, entre erros e acertos acho que acertei mais que errei. Pela relação que tenho no futebol, por tudo que fiz, cheguei a este cargo, que estava extinto na CBF há muito tempo. Vou procurar ajudar o máximo possível a Seleção e o país e jamais poderia dizer não.
Você tem noção da importância do cargo?
Tenho ciência da responsabilidade que eu tenho. Não caí de para-quedas, não vim sem saber de nada. Eu sabia da responsabilidade, ainda mais por ser uma Copa do Mundo no Brasil. A pressão, a cobrança, os olhos vão estar mais voltados do que naturalmente já estão em uma Copa do Mundo. Mas eu não poderia falar não para a CBF, muito menos para a nação brasileira. Eu sei da minha capacidade, a CBF já tem um planejamento, eu estou vendo o que acho que tem que mudar, mas acho que vai levar um tempinho ainda e vamos fazer o melhor possível.
A identificação com o Corinthians pode atrapalhar seu trabalho?
Não, senão não teria dirigente em clube nenhum, em confederação, em federação. Muito menos jornalista... Todo mundo tem um time, uma paixão. Se tem uma coisa neste país que 99% da população torce é por um time de futebol. O jornalista é corintiano e escreve sobre o Palmeiras, o jornalista é flamenguista e escreve sobre o Vasco. Isso a gente teria que acabar. Não vejo nada demais. Vai depender da minha capacidade. Sou corintiano, gosto do Corinthians. Mas não tem nada a ver.
Mas, por exemplo, na reta final do Brasileirão começaram a surgir...
(Interrompe) Dos ignorantes, dos hipócritas desse país.
Falavam que poderia haver favorecimento ao Corinthians. Isso te incomodou?
O que me incomoda são as insinuações que a imprensa faz. E que algumas pessoas fora da imprensa também fazem. Você acha que eu conseguiria fazer a armação que algumas pessoas escreveram e outras disseram para deixar na última rodada com bola na trave, no sufoco? São coisas ridículas. São coisas que nesse país são hipocrisia. O presidente da federação paulista torce para o Palmeiras, então o Palmeiras vai ser campeão todo ano? O presidente da CBF é flamenguista, todo mundo sabe, então o Flamengo vai ganhar todo ano? O da catarinense é Figueirense, o gaúcho torce pro Inter... Insinuam coisas por maldade ou hipocrisia.
Agora como diretor de seleções da CBF, você acha que terá que ser ainda mais político nessas relações?
Não, vou ser político não. Vou tomar aquilo que for o melhor para a CBF, sempre pensando nos atletas e nos clubes, e eu tenho que agir sempre o melhor possível para a CBF, respeitando todos os clubes e principalmente os atletas.
Antes você defendia a ferro e fogo o Corinthians, claro. Agora tendo um cargo nacional, a sua relação com outros dirigentes têm que ser um pouco...
(Interrompe) Sempre foi boa! Eu recebi muito mais elogio que críticas quando vim. São Paulo elogiou, Flamengo elogiou, Inter elogiou. Todo mundo elogiou. O único que falou um pouco foi o Vasco, com o Roberto, mas foi num momento, e depois já conversamos sobre isso, não tem problema nenhum.
O São Paulo falou o quê?
“Está de parabéns”. Vai falar o quê? Vocês não acreditam, mas nós, eu e Juvenal, sempre fomos amigos. Somos amigos até hoje.
Mas a imagem que vocês passam é que brigam muito pela imprensa.
É a imagem que vocês, imprensa, querem fazer. Eu não tenho problema nenhum com ele não.
Como você disse, esse cargo de diretor de seleções estava sem dono há algum tempo. Quando você foi convidado, o que foi passado para você? O que o Ricardo Teixeira pediu? Em quem você se espelha?
Eu não me espelho em ninguém e me espelho em todos. Eu fui presidente de um clube. Então, eu sei o que é um diretor de seleções. É como um vice-presidente de futebol de um clube. Só que hoje é a Seleção Braisleira. Vou tentar ter o melhor relacionamento possível com todos e tentar ver a melhor maneira para a CBF sem prejudicar ninguém.
Nas últimas Olimpíadas a CBF teve problemas para liberar jogadores de clubes europeus. Você que fará esse contato com os clubes?
Eu e a comissão técnica. Estamos trabalhando, mas ainda não sabemos se vamos convocar jogadores com mais de 23 anos. Sobre os sub-23, vamos ter que conversar. Estamos fazendo o planejamento.
No Corinthians, todos tratam a Libertadores como obsessão. Em relação às Olimpíadas, é assim também na Seleção?
Infelizmente, ou felizmente, pela cobrança que se tem nesse país sobre futebol, qualquer Seleção que for jogar, da sub-12 a sub-50, é obrigação ganhar. Amistoso, Olimpíadas, Copa do Mundo... Tudo que o Brasil entrar, infelizmente, a obrigação e a cobrança é para ganhar. Nesse país, ser vice, ser terceiro colocado não vale nada. Isso está errado.
Até que ponto é a sua autonomia na CBF?
A CBF tem um presidente. É presidencialista. É óbvio que os problemas do dia a dia eu resolvo. Mas se for uma coisa muito mais séria, é óbvio que eu vou consultar o presidente da entidade. Isso você não tenha dúvida, eu sei da minha posição. Se eu tiver que mudar o treinador um dia, é óbvio que eu vou falar “presidente, acho bom por isso, por isso e por isso”. É presidencialista, concordem ou não. E eu estou abaixo do presidente. Vamos trocar ideia e conversar. Quando você vai mudar alguma coisa da estrutura, do planejamento da CBF, a logística, a imprensa, tudo vai ser conversado. A CBF já tem um planejamento, concordem ou não. Eu vi, a CBF tem um planejamento e é muito bem feito. É ir se adaptando para ir entrando nesse negócio.
A sua relação com o Mano, desde o Corinthians, pode ajudar?
Minha relação com o Mano é profissional. Ele nunca foi na minha casa e eu nunca fui na dele.
Então, a sua relação profissional com o Mano pode ajudar?
Acho que ele é um treinador competente. Tem erros e acertos, como todos têm, mas algumas coisas com o tempo vamos ver o que vamos fazer para ser melhor para todos. Lógico que facilita.
Mas o fato de vocês se conhecerem pode facilitar sua adaptação ao cargo...
(Interrompe) Ao cargo já estou adaptado, eu vim de cinco anos como presidente de clube, não tem mais tanto segredo. Mas é óbvio que eu conhecer o trabalho dele facilita, eu sei os defeitos e as virtudes. E vamos tentar fazer o melhor possível para a Seleção.
Você sempre reclamou bastante do desgaste que era no Corinthians, pois você sempre tinha que resolver não só o futebol, como outros problemas do clube. Esse cargo vai te dar mais tranquilidade para você poder fazer o trabalho que você sabe? E por não ter o desgaste da competição.
Num clube tem mil problemas por dia. Nas seleções, vão ter cem. Só que os das seleções são muito maiores que os do clube. A proporção é muito maior. São 250 milhões de pessoas vendo a sua seleção jogar. E ainda tem mais 2 bilhões fora do Brasil que querem ver a Seleção jogar. Obviamente, a responsabilidade é muito grande.
O fato de não ter a pressão diária da competição...
(Interrompe, irritado) Mas tem jogos, todo mês praticamente. E tem convocação, 15 dias antes do jogo, que todo mundo reclama se convocou esse ou convocou aquele. “Levou o Joãozinho, mas não levou o Pedro”... Tudo isso é cobrança, tudo isso é problema, tudo isso é desgaste, tudo isso é canseira... Os problemas são menores no dia, mas muito maiores na repercussão.
Você disse que teve muitos erros e acertos no Corinthians. Qual foi seu maior erro?
Meu maior erro foi ser presidente do Corinthians. Tornar-se público nesse país é um preço muito caro. Infelizmente a exposição que se põe na mídia... O cara está passando na esquina, está me vendo e me julgando sem saber quem eu sou. Pelo que você escreve, principalmente. Isso, neste país, é muito difícil. Mas ninguém me obrigou a ser, eu fui, acho que fui bem. Ninguém me obrigou a ser diretor de seleções, foi um convite, eu poderia dizer sim ou não. Eu aceitei, sei da exposição que eu vou ter, dos problemas que vou ter, sei dos pepinos que virão.
O que você considera a maior injustiça que fizeram com você?
Não só comigo, com toda pessoa que é pública nesse país. São as insinuações. Vocês falam, insinuam, que a pessoa é isso ou aquilo há 20 anos. Eu acredito na Justiça desse país ainda. Você não pode ficar todo dia insinuando na imprensa que um cara é isso ou aquilo.
Ao mesmo tempo, Andrés, você se tornou uma pessoa popular. Principalmente com o corintiano, você é uma celebridade. Tira foto, dá autógrafo...
(Interrompe) Toma pedrada também.
Sim, mas bem menos que o antecessor (Alberto Dualib).
Foi menos porque o resultado dentro de campo e administrativamente foi bom. O futebol é resultado.
Mas por que você acha que atingiu esse nível de popularidade?
Primeiro porque eu vim de arquibancada, eu sou torcedor comum. Só por esse motivo já há uma identificação maior. E fora isso foi por todo o trabalho que eu fiz no Corinthians, não vou ser hipócrita de achar que foi porque eu sou bonito. Foi pelo trabalho que foi feito, os resultados, tudo isso ajuda a ter popularidade, a ter um respeito maior... Até quando você erra, dão um entendimento maior. A pessoa tem mais paciência quando você erra por tudo que você fez. Tudo isso me ajudou bastante.
Quando você era do Corinthians, as pessoas te cobravam nas ruas. E agora, como diretor de seleções, o que te pedem?
Já estão cobrando. “Tem que melhorar o time”, “tem que ganhar”, “tem jogador que não tem que ir”. Digo que 99% da população brasileira tem um time de futebol. E nós temos 200 milhões de treinadores. E 100 milhões de presidentes, uns 200 milhões de diretores. Cada um tem sua ideia. A CBF tem seu planejamento. Lógico que todo planejamento não é eterno, você pode mudar algumas coisas no caminho. Mas temos um planejamento e temos que segui-lo. Mesmo com algumas coisas que não estão dando certo no momento. Se você tem a certeza que está no caminho certo, tem que escolher o caminho.
O resultado na Olimpíada pode mudar esse planejamento para 2014?
Não... Copa de 2014 é uma coisa. Olimpíada é outra.
Mas é o mesmo treinador...
Sim, mas o planejamento é totalmente diferente.
Então, a princípio, ganhando ou perdendo a Olimpíada o planejamento com o Mano segue?
O planejamento é da CBF, que o Mano está em um contexto, que eu estou em um contexto. Eu não sei se daqui a um ano eu ainda vou ser diretor de seleções. O planejamento que tem na CBF não é o Mano, eu... É o presidente, que tem um mandato até 2015, então ele realmente está fincado nisso. Os outros têm que seguir nesse planejamento melhorando aquilo que pode melhorar, mudando aquilo que se acha que tem que mudar.
Você pode ou quer ser presidente da CBF um dia?
Eu já disse que não trabalhei nunca para ser diretor de seleções, muito menos para ser presidente da CBF. Eu acho que tem muita gente na minha frente e não trabalho com essa hipótese. Vou falar o que falei na época: “Quero sair do Corinthians e ir embora para a minha casa”. Hoje falam que eu sou mentiroso, que eu falei que ia embora para casa e assumi a Seleção. Se eu te falar agora que eu não vou ser presidente da CBF, se eu quero ser, se eu não quero ser, que um dia eu vou ser... eu não sei. Eu não trabalho com essa hipótese. Acho que tem gente na minha frente, falo isso com o coração aberto, com sinceridade.
Quem, por exemplo?
Não vou falar o nome, mas acho que tem gente na minha frente. Você mesmo falou que eu tive uma ascensão em quatro, cinco anos... Tem gente que teve uma ascensão muito grande há 20 anos. Cada um tem sua etapa.
Você diz que gosta de futebol, que é torcedor de arquibancada. Como dirigente, pensa em dar palpite nas escalações ou se segura?
Não. Acho que quem tem que convocar, desconvocar e fazer é o treinador. O que eu posso fazer se achar que ele errou três, quatro, cinco vezes é trocar de treinador. Mas quem decide tudo é o técnico, não me meto em nada disso. Nunca me meti em clube e muito menos vou me meter em seleção.
Alguns veículos da imprensa publicam que você influencia nas decisões do Ricardo Teixeira, como na escolha do Mano Menezes para técnico. O que tem de lenda e o que tem de verdade?
Tudo lenda. Me dão um poder que eu não tenho. Já falei uma vez e vou repetir: nunca falei com o presidente Ricardo Teixeira sobre treinador. Nunca, nem na Copa, nem depois da Copa. Quando ele decidiu que seria o Mano, ele me ligou e perguntou se eu tinha algo contra ou a favor. É que nem o negócio do estádio. Eu nunca falei com o presidente sobre estádio durante a Copa do Mundo. Mas eu falo isso 500 mil vezes e ninguém acredita. Você vai escrever amanhã: “O Andrés falou isso, mas se diz isso”. É insuportável.
Em uma matéria da revista “Época” há uma declaração sua dizendo que o preço do estádio em Itaquera chegará a R$ 1 bilhão. Em seguida, o Corinthians soltou uma nota desmentindo a informação. O que aconteceu?
Eu me expressei mal. O jornalista não escreveu mentira. Vocês sabem que eu não sei falar o português corretamente. Às vezes a pessoa não tem o contato diário que alguns têm comigo, que sabem que quando troco alguma palavra já entendem o que quero dizer. Eu disse que “queriam que o estádio custasse mais de R$ 1 bilhão”. Mas não falei “queriam”. Falei “dizem que nós falamos que vai custar mais de R$ 1 bilhão”. Não desmenti, eu corrigi. O estádio está orçado em até R$ 820 milhões. Acabou. E não vai passar disso. Em alguns meses o próximo presidente vai abrir as contas do estádio.
A construção do estádio é a sua maior conquista como dirigente?
Não. Minha maior conquista foi apoiar a mudança no estatuto para não ter reeleição. Acho que em clube, quanto menos reeleição melhor.
O fato de você ter entrado no lugar de um presidente totalmente desgastado ajudou você a ter um caminho mais fácil?
Eu acho o Dualib o maior vencedor dentro do Corinthians, como vocês escrevem e falam. O que aconteceu é que peguei a seis jogos de cair para Série B. Dei minha responsabilidade. No futebol quando você está no fundo do poço aparecem poucas pessoas para te ajudar. Quando você está por cima vem o mundo. Isso ajudou a tomar as decisões dentro do clube, muito mais rápido e muito mais forte do que se o time estivesse bem.
O que ser chefe da delegação na Copa ajudou a entender melhor a Seleção Brasileira?
É óbvio que ajudou. Você pega uma Copa do Mundo, com toda estrutura. Parte de imprensa, logística, pressão dos atletas, da comissão técnica. Aprendi muito. Foram 40 dias da minha vida no meio do futebol que mais eu vi e aprendi.
O que pode citar de exemplo do que viu na Copa e não quer que repita?
Tem um monte de coisa errada que não pode se repetir, como tem também um monte de coisa boa que precisa se repetir. Tem de achar um meio termo. Não está tudo errado porque perdemos, como não estaria tudo certo se ganhássemos. Estamos todos nesse planejamento, cada dia vai corrigir. Não existe perfeição. O dia que existir está todo mundo morto.
Há uma ilustração sua ao lado do ex-presidente Lula na arquibancada em uma das imagens do projeto do estádio do Corinthians. É assim que você se vê na abertura da Copa?
Eu não vou estar na arquibancada se eu for diretor até lá. Eu tenho minha responsabilidade. Se conseguir chegar até a Copa do Mundo vou estar cheio de problemas tentando resolver e ajudar.
Parecia que era um sonho seu reproduzido ali. Você que pediu a ilustração?
Amigo, eu levei duas semanas para entender que era eu e o Lula (risos). Foi uma montagem que fizeram. Isso é coisa de corintiano.
Você saiu recentemente da presidência, mas os atuais dirigentes ainda o contatam. Acha que isso vai durar muito?
Já diminuiu bastante. Logicamente que no primeiro mês vou ajudar. Passo tudo que tem de passar. Não tenho nada com isso não.
Se o Mário Gobbi vencer as eleições, ele não vai querer você ao lado?
Ele vai querer a administração dele. Quando você senta na cadeira, você quer fazer o seu.
Mas você não acha que em um momento de insegurança ele pode recorrer a você?
Pode recorrer como a Patrícia (Amorim, presidente do Flamengo) já recorreu, como o (Roberto) Dinamite (presidente do Vasco). São ideias que trocamos como esportistas. Obviamente que trocamos ideias.
Muitos presidentes de outros clubes te ligam?
Conversamos bastante. Vocês não acreditam, mas eu me dou bem com todos os presidentes. Vamos marcar um dia uma entrevista eu e Juvenal juntos. Não tem problema nenhum.
Do que você mais gosta de viver no Rio?
É uma cidade turística, linda, uma das mais bonitas do mundo. Tenho filho carioca. Adoro praia, apesar de ser branquinho. Além do entendimento do povo carioca, a alegria maior. Indepentemente disso, sou brasileiro.
Os cariocas te provocam nas ruas?
Sempre fui sempre muito respeitado. Até o dia que tomei a vaia... (NR: na Festa do Brasileirão de 2010, conquistado pelo Fluminense, Andrés foi vaiado no Theatro Municipal).
Precisamos de mais “Andrés Sanches” no futebol?
Um só é suficiente. Procuro ser o mais sincero possível.
Nós acompanhamos bastante as obras no estádio em Itaquera e vimos o orgulho dos operários...
(Interrompe e diz que já sabe a pergunta) A partir do momento que a obra é privada, do Corinthians, o relacionamento é totalmente diferente. O governador não pode ir todos os dias. Eu vou a hora que quiser ir. Obviamente que o funcionário tem uma relação muito maior. Escolhemos o máximo de corintianos possível. Há o orgulho de fazer uma obra importante para o país.
Mas o que eu ia perguntar é se você tem ideia de colocar os operários no jogo de inauguração, antes da Copa do Mundo.
Os operários estão indo a todos os jogos do Corinthians. Está sendo feito um sorteio. Mas é óbvio que os funcionários vão estar no jogo inaugural. É uma questão humanitária. Qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade.
O Rosenberg (Luís Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians) quer um jogo do clube contra a Seleção Brasileira.
Ele não conversou comigo. Eu, como novo diretor de seleções. Mas eu não sou a favor de jogos de seleção contra clubes.
Quero perguntar uma coisa que não é do seu cargo...
Então não pergunta.
Mas como cidadão, você tem sua opinião.
Qual a diferença do diretor para o cidadão?
O que eu gostaria de saber é sua opinião sobre como o Brasil está se envolvendo com a Copa?
Não é que eu não queria comentar. O planejamento está feito. Vai ser aperfeiçoado. O grande problema da Seleção é faltar competitividade. O emocional é outro. O brasileiro ainda não se envolveu totalmente com a Copa. Mesmo aquele que for contra tem de pensar no legado que vai deixar. Temos de brigar e lutar pelo legado. Falta tudo, governantes, cidadão.E ainda não estamos em clima de Copa do Mundo.
Algums perguntas curtas. Qual o maior jogador que já viu?
Ronaldo.
O melhor jogo?
Brasil x Itália de 1982. Estava no quartel. Servia o exército.
Maior tristeza no futebol?
Em 1999, perder a Libertadores para o Palmeiras.
Maior que o rebaixamento?
Do rebaixamento não gosto nem de lembrar.
Maior alegria?
É ver o futebol mais bonito que tem. O que os governantes não entendem é que o maior meio de comunicação com a população é o futebol. Não sabem usar isso. Campanhas contra câncer de mama, pela doação de sangue. Temos de envolver isso muito mais no futebol.
Que jogador gostaria de ter visto no Corinthians?
Ronaldo com 20. E o Romário, que foi uma falha que o Corinthians teve. É um jogador também formidável.
Seria o que se não fosse Corinthians.
Corinthians. Acima de tudo, brasileiro.
Seu cargo vai ficar superdimensionado por que o Ricardo Teixeira fala pouco com a imprensa?
As pessoas insinuam que o presidente está fazendo isso para se proteger. Não existe isso. Todo mundo sabia. O presidente está consciente. Não fui colocado para ser usado, muito menos o Ronaldo (membro do Comitê Organizador da Copa de 2014). Você acha que vou me sujeitar a ser escudo de alguém? Eu posso querer ser, mas me sujeitar não. Eu sei o tamanho daquilo que tenho. Cada um com a sua responsabilidade. Foi tratado e foi falado isso. Muitas vezes. Eu sou um cara que procuro ser o mais justo e o mais coração possível. O crime são as insinuações. Nunca deixei de responder, de dar entrevista.