oi enterrado na tarde deste domingo (29), no Cemitério de Inhaúma, no subúrbio do Rio, Amaro Tavares, de 40 anos, professor que ministrava o curso de TI em um dos prédios que desabaram na noite de quarta-feira (25) no Centro da cidade.
A família não permitiu que imprensa acompanhasse do cortejo. Amaro deixou esposa e dois filhos. O caixão foi envolvido com uma bandeira do Vasco.
Pela manhã, o corpo do analista de sistema Gustavo da Costa Cunha, de 34 anos, também vítima do desabamento, foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
O pai de Gustavo, Severino Ferreira da Cunha Filho, de 60 anos, chorou ao lembrar que o filho, que era funcionário da TO, mas prestava serviço para a Petrobras, onde costumava trabalhar. Segundo o pai, ele foi ao prédio que caiu entregar um projeto.
"Ele era um rapaz muito inteligente. Estava muito animado com um projeto que estava fazendo para o Metrô. Na segunda-feira (23), ele me falou pelo telefone, brincando que depois desse projeto iria até me dar um dinheiro, que ele ia ganhar muito dinheiro", contou Severino.
Gustavo era casado e tinha um filho de 1 ano chamado João Gabriel. O analista de sistema completaria 35 anos no dia 24 de fevereiro e era primo da esposa do ex-jogador da Seleção Brasileira de futebol Jorginho.
Outras vítimas
No sábado (28), três vítimas do desabamento foram sepultadas. Margarida de Carvalho foi sepultada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. O sepultamento de Margarida de Carvalho foi acompanhado por cerca de 20 pessoas. Familiares e amigos presentes ao enterro não quiseram falar com a imprensa.
(Segundo a polícia, ela não tem relação com a mulher do zelador do edifício Liberdade que também morreu no desabamento, foi enterrada nesta manhã, no Cemitério do Catumbi, no Centro, e tem o mesmo nome).
Mais cedo, o corpo de Alessandra Alves Lima, de 29 anos, funcionária de uma empresa de informática que funcionava em um dos prédios destruídos, foi sepultado no jazigo da família no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, no subúrbio.
Na sexta-feira (27), a bolsa dela foi encontrada nos escombros e mais tarde seu corpo foi encontrado e reconhecido pela família. Ela falava com o marido Vitor Lima pelo MSN no computador quando, com o desabamento do prédio, a conexão foi cortada. Eles eram casados havia quase 3 anos.
A webdesigner tinha muitos planos para 2012, segundo o sogro Maurício Chirito, como engravidar e fazer uma viagem aos EUA com o marido. "Foi uma fatalidade. Ela saia as19h do trabalho, mas como tinha chegado atrasada decidiu ficar até 21h. Ela já estava saindo quando o prédio caiu", disse o sogro.
Também no sábado, foi sepultado o corpo de Margarida Vieira de Carvalho, de 65 anos. Ela era mulher de Cornélio Ribeiro Lopes, zelador do prédio de 20 andares, que também morreu no desabamento.
O corpo de Margarida foi sepultado no Cemitério do Catumbi, no Centro. O casal vivia junto havia quase 30 anos e não tinha filhos. Mas Cornélio tinha uma filha de um outro relacionamento.
Enterros de sexta
O primeiro enterro de uma das vítimas dos desabamentos dos três prédios do Centro do Rio foi realizado na manhã da sexta-feira (27). Sob aplausos, o corpo de Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos, foi sepultado por volta das 10h30 no Cemitério de Maruí, em Niterói, na Região Metropolitana.
Ele tinha 46 anos e trabalhava no departamento pessoal da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que funcionava num dos prédios que desabou.
“Era um cara que dedicava aos irmãos, à família, ao pai e ao pessoal todo que está aí. O enterro dele tem bastante gente por ele ser um cara bom. Um camarada novo, que estava sempre junto com todos, um homem de igreja, um homem temente a Deus”, disse o eletricista de auto Roberto de Oliveira, amigo da vítima.
Cabral era casado e deixa um casal de filhos. Mais de cem pessoas, entre parentes e amigos, acompanharam o funeral mesmo debaixo de chuva.
Zelador
O corpo do zelador Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, foi enterrado por volta das 15h de sexta, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Cerca de 30 pessoas acompanharam o sepultamento.
Ele trabalhava havia 20 anos como zelador e vivia no último andar do edifício. A filha do casal, Sandra Maria Ribeiro, evitou falar sobre a tragédia. "Não estou culpando ninguém", disse ela.
Amiga da família de Cornélio há mais de 20 anos, a aposentada Beatriz Ferreira de Souza, de 64 anos, contou que antes de ser zelador ele era cozinheiro. "Era uma pessoa muito boa, alegre, muito trabalhador", descreveu ela.
Advogado
O advogado Nilson Assunção Ferreira, de 50 anos, foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária, por volta das 16h30 de sexta. Ele trabalhava num dos três prédios que desabaram.
Com uma bandeira do Fluminense envolvendo o caixão, o corpo de Nilson foi velado por cerca de 150 amigos e familiares que aplaudiram o advogado e rezaram uma Ave Maria.
“O sentimento da família é de perda total. É uma família destruída. Ele tem dois filhos, duas netinhas, a esposa, a mãe. Não tem palavra que resuma o sentimento de perda neste momento, porque foi uma tragédia, uma catástrofe”, disse Márcia de Assunção Ferreira, irmã de Nílson.
O filho de Nilson, o contador Everton Generoso Assunção Ferreira, de 24 anos, afirmou que acredita em duas hipóteses para o incidente: má conservação do prédio e uma obra que havia no nono andar. “Mas hipótese em que mais acredito é a da falta de manutenção por parte da administração do condomínio," disse Everton.
Sobre a obra que havia no nono andar, Everton estranhou a falta de colunas no local. “Eu passei pela obra e vi que não havia nenhuma viga. O andar estava completamente aberto. É uma hipótese, mas acho que uma obra não causaria isso”, ressaltou.
Everton contou que deixou o Edifício Liberdade, onde trabalhava junto com o pai, pouco antes do desabamento. “Eu saí do prédio uns cinco a dez minutos antes. Não ouvi nada. Peguei meu carro e já estava longe. Soube por um amigo que ligou e disse: ‘Olha, um prédio lá no Centro, perto do Theatro Municipal, desabou,’” contou ele.
Fonte: G1