Mesmo reticente, na breve entrevista ao Jogo Extra, Roberto Dinamite recebeu no mesmo momento outro pedido de atenção. Era um representante do ex-jogador Jorginho, campeão Brasileiro pelo Vasco em 2000, que lhe interpelava para lembrar as dívidas do agora treinador, que embarcou para assumir o Kashima Antlers no Japão. Maior ídolo da história do Vasco, Dinamite, à frente da administração do clube há mais de três anos, começou o ano falando em sonho de contratações do nível do atacante Diego Tardelli, do lateral-esquerdo Kléber, mas o clube fechou mesmo com outros nomes mais baratos, como do centroavante equatoriano Carlos Tenorio, contratado depois de passagem de oito anos pelo futebol árabe, e Thiago Feltri, que estava no Atlético-GO. Pressionado e com dificuldades de pagar os compromissos que surgem a cada dia, o presidente do Vasco vê de perto a realidade bem diferente daquela de quando assumiu o clube. Um dos seus apoiadores e mais influentes vascaínos, o empresário Olavo Monteiro de Carvalho dissera que haveria fila de investidores para o Vasco. Mas o que aparece e ainda cresce na porta de São Januário — o caso de Jorginho, que não constava do balanço patrimonial de 2010 é sintomático — é mesmo a fila de credores.
Como ex-jogador e agora dirigente, como enfrenta essa condição difícil de dever salários aos jogadores e aos funcionários?
Não tenho nada para falar sobre isso. Não é falando com vocês (da imprensa) que vou resolver o problema. Minha posição é de solucionar o problema. Para isso, temos que trabalhar. E é isso que estamos fazendo.
Há poucos dias você disse que o clube não tinha recebido qualquer proposta e nem tinha intenção de vender jogadores mais valorizados do elenco, como Dedé e Rômulo. Esse aperto maior agora pode mudar essa posição?
Não tem nada programado para isso (vender jogador). Quero deixar uma coisa bem clara. Já pagamos mais de R$ 100 milhões em dívidas das gestões anteriores (Neste momento, Roberto é parado por uma pessoa que lhe fala das dívidas do clube com Jorginho)... Para mostrar como estão as coisas, estou aqui falando no telefone e fui interpelado por uma pessoa falando de dívidas do Jorginho, que jogou no Vasco há muitos anos. Toda hora aparece alguma coisa assim. O que posso dizer é que o clube vai honrar os seus compromissos, vai buscar as receitas para pagar seus atletas, seus funcionários. Estamos numa situação que ou se negocia a dívida ou você tem que cumprir.
Mas a diretoria recebeu os jogadores para falar sobre o assunto? O Felipe falou essa semana e pediu transparência no assunto.
Só posso dizer que mais transparência, impossível. Não estou falando por causa do Felipe, por causa de A ou B, mas às vezes a gente projeta as coisas e não tem como prever o refluxo de verba por decisão judicial.
Você se refere ao caso do vice de Finanças Nelson Rocha, que disse que ia pagar, mas não contava que o dinheiro saísse?
Não quero entrar em detalhes sobre essas e outras coisas. Todo clube tem dificuldades, não é só o Vasco. Temos problemas como todo mundo. Dentro desse quadro, o Vasco é um dos que mais respira, e continuamos projetando um ano de 2012 melhor ainda do que foi em 2011.
O clube não esperava perder os dois patrocinadores? Como está esse processo de arranjar novos?
Estamos buscando novos patrocinadores. No tempo certo, vamos falar mais sobre isso.
Fonte: Extra Online