O atraso nos salários no Vasco não atinge apenas os jogadores. Tão prejudicados quanto eles são os funcionários do clube, cujos vencimentos nem se comparam com os da maioria do elenco. Sem um porta-voz direto, como no caso do futebol, e sem a força dos jogadores, que chegaram a ameaçar não irem para a concentração do jogo deste domingo, eles reclamam que ficam à mercê de informações desencontradas ou que saem na imprensa.
Uma funcionária do clube, que preferiu não ser identificada, chegou a mandar uma carta ao presidente Roberto Dinamite no último dia 25, cobrando explicações sobre os atrasos dos salários e o não recolhimento do Fundo de Garantia. Além de maior transparência com os demais funcionários, que somam quase 600.
— Já havia mandado um e-mail para ele no final do ano e não obtive resposta. Agora, deixei a carta na secretaria. Os funcionários ficam sem saber de nada, é no boca a boca ou pelo que lemos nos jornais, na internet. Nunca tivemos esse retorno da presidência — conta a funcionária, que trabalha no clube há oito anos e tem sofrido com a situação.
Empenho em campo
A incerteza é uma constante no clube há anos. Na gestão de Roberto Dinamite, por exemplo, em 2010 os salários ficaram quase seis meses atrasados. No ano passado, o pagamento era feito de três em três meses até ser regularizado no fim de 2011. Agora, faltam o mês de dezembro e o 13.
— Não temos projeção de nada. Antes, recebíamos até o 25 dia de cada mês. Depois era no dia 7, passou para após o dia 20... Não podemos nos programar, é início de ano, há colégio para pagar, as contas vêm com juros e não recebemos com juros — disse a funcionária, que acrescentou: — Trabalho há oito anos e tenho apenas três meses de FGTS depositados.
Nesta sexta-feira, Dinamite se reuniu com a diretoria para achar uma solução que acalme os ânimos tanto dos jogadores quanto dos funcionários. Apenas os atletas que têm direitos de imagem a receber foram ressarcidos em parte — quase 80% dos salários. O mês de dezembro e o 13 salário continuam sem data para serem quitados.
Com orçamento previsto para 2012 de R$ 144 milhões, o clube sofreu perdas logo no primeiro mês do ano. Sem os patrocínios da ALE e da BMG e sem ter fechado com alguma empresa para a barra da camisa e short, o Vasco deixou de obter receita de mais de R$ 1,2 milhões apenas em janeiro. Além disso, a parcela semestral de R$ 8 milhões, da Eletrobras, que consta no orçamento aprovado, não pode ser recebida pois o clube não possui as certidões negativas de débito. Da empresa de material esportivo, o clube recebe cerca de R$ 320 mil mensais. A folha de pagamento do futebol soma R$ 3 milhões por mês.
Enquanto os funcionários continuam sem voz, a reclamação dos jogadores surtiu algum efeito. Coincidentemente, o treino que estava marcado para a manhã deste sábado em São Januário passou para 16h. Desta forma, o time só se concentrará no fim da tarde para a partida contra o Duque de Caxias, em Macaé, no domingo.
— Em momento algum, isso vai fazer diferença em campo. Temos certeza de que a diretoria está se empenhando para resolver — disse Alecsandro.
Fonte: Extra online