Ele ainda corre igual a um garoto, se diverte jogando futebol e é exemplo de profissional, mas os 19 anos de carreira começam a pesar nas pernas de Juninho. Preparado para mais seis meses de contrato, o Reizinho da Colina sabe que o tempo tem passado rápido demais e admite que esta temporada provavelmente será a de sua despedida.
Vestido com a camisa 8 do Vasco, o meia espera alcançar um objetivo antes do adeus: ser campeão novamente da Libertadores. Nesta entrevista, Juninho também fala sobre sua renovação de contrato, reconhece que seu pé já não é tão calibrado e ainda critica a falta de profissionalismo de alguns craques.
Como você está fisicamente? Está pronto para estrear hoje à tarde contra o Americano?
Juninho: Minha intenção continua sendo ajudar o Vasco em campo e lógico que tenho vontade de jogar. Estou em condição e com vontade de participar desde o início. Espero fazer uma boa partida.
O Vasco vai encarar o Estadual seriamente?
O Carioca dá oportunidade para os jogadores dos clubes grandes e pequenos mostrarem o seu futebol. Acho que temos de dar o valor que a competição merece. Sou a favor dos estaduais, por mais desgastante que sejam.
O que você espera para 2012?
Quero ajudar o Vasco a ganhar o máximo de jogos possíveis. Espero jogar o que tenho condição de jogar. A minha volta foi boa, mas vou fazer de tudo para melhorar. Quero também marcar gols para ajudar o time, que precisa continuar competitivo para disputar títulos.
Perto de completar 37 anos, já começa a pensar em aposentadoria?
Logo vou parar de jogar. Não sei se daqui a seis meses, um ano ou um pouco mais. No entanto, vou me concentrar nos próximos seis meses de contrato. Foi uma opção minha, pois o Vasco me ofereceu um ano de vínculo. Quero curtir estes seis meses, tentar jogar bem o máximo de partidas. Mas sei que logo vou parar. É difícil, mas estou me preparando para esse momento.
O que significa pendurar as chuteiras com a camisa do Vasco?
Foi uma das coisas que sempre imaginei, que às vezes achei que seria difícil. Depois da minha passagem pelo Lyon, acreditei que seria ali que iria ficar até o fim da minha carreira. Mas surgiu a oportunidade de voltar para o Vasco. Se puder parar em um jogo oficial, será muito bacana para mim, para os meus amigos e para os torcedores. No entanto, não quero pensar nisso agora (risos). Quero pensar no Carioca e na Copa Libertadores.
No seu retorno ao Vasco, você marcou apenas três gols de falta. Acha que precisa melhorar o rendimento?
Na verdade, sempre treinei muito a bola parada e é questão de prática. Hoje não posso privilegiar esse tipo de treinamento. É muito desgastante, é a repetição do gesto, do movimento. É prática que exige do corpo e não posso correr o risco de ficar mais 40, 50 minutos após as atividades chutando bola para o gol. Posso acabar ficando com a perna pesada e me machucando. Meu nível caiu e é natural também pelo meu fim de carreira. Acho que perdi a potência no chute, que é uma coisa importante e que acontece. Vou me esforçar para melhorar nesta temporada.
Depois da conquista em 1998, o que significa disputar outra Libertadores?
Dei muita sorte. Quando saí do Vasco, tinha acabado de disputar a Libertadores e disputei a Liga dos Campeões, que é a mesma competição na Europa, mas oito vezes seguidas pelo Lyon, que bateu recorde de disputas consecutivas (11 no total). Isso me deu uma bagagem. Para mim, vai ser uma continuação. A competição promete ser forte, equilibrada. Quero passar de fase para ver onde a gente pode chegar.
Naquela edição você ficou marcado pelo gol no River Plate, no Estádio Monumental. Se imagina em outro momento importante?
Gostaria muito de marcar um gol tão especial quanto aquele que fiz no River Plate. Quero marcar gols importantes com a camisa do Vasco, mas, se for para escolher, prefiro vencer os jogos e ser campeão da competição.
Ano passado, você veio para o Vasco por um salário simbólico. Agora você passa a receber por partida. Muda alguma coisa, a responsabilidade aumenta?
Não muda nada, pois foi uma opção minha. O Vasco fez uma proposta de um contrato fixo de 12 meses, mas preferi assim. Baseado no que eles me ofereceram, a diretoria vai calcular o número de partidas em que entrei em campo no mês para eu ter um salário proporcional ao que foi combinado em termos de valor. Foi um acordo bom para os dois lados. O primeiro contrato foi por objetivos e foi muito bom, pois o grupo se mostrou forte. Vamos continuar assim, quero estar em campo sempre, mas deixo nas mãos do Cristóvão.
Na sua opinião, o grupo do Vasco amadureceu após o problema de Ricardo Gomes, que sofreu um AVC no ano passado?
Amadureceu no lado humano de cada um. Jogador, como vive em mundo à parte, acaba esquecendo que é um ser humano igual aos outros. Acho que esse é o maior defeito de um jogador de futebol no Brasil, principalmente. Esse tipo de acontecimento faz todo mundo amadurecer, pensar em outras coisas e ver que, quando sai do gramado, somos iguais a todo mundo.
Sonha em levantar a taça da Libertadores?
Sonho todos os dias com isso. Sonho acordado, dormindo (risos). Gostaria muito de ser campeão novamente pelo Vasco e de levantar um troféu. Não é questão de orgulho, é prazer de querer marcar mais uma vez o meu nome na história do clube. É um sonho que ainda é distante, mas vamos trabalhar para realizá-lo.
Você sempre foi disciplinado fora de campo. O que acha dos craques que não se cuidam fora de campo?
Alguns craques levaram um pouco de azar por motivo de contusão. Lesão mina muito o atleta profissional, porque ele demora a entrar na forma que mostrou e que todo mundo espera. Muitos jogadores consagrados também não conseguem mais se sacrificar pelo futebol. Tem que ter uma disciplina muito grande, em toda parte. Tem que ser apaixonado para se alimentar bem, descansar, se preparar corretamente. O problema é o jogador entender cada momento.
Fonte: Marca Brasil