O Vasco que entra em campo contra o Americano, na estreia na Taça Guanabara, tem história na competição, mais precisamente entre os membros da comissão técnica. Recheado por ex-campeões cariocas, desde o técnico Cristovão Borges até o preparador de goleiros Márcio, o comando do time é a inspiração na busca de um título que não chega a São Januário desde a temporada 2003.
Tetracampeão estadual pelo clube, Carlos Germano, que só volta a treinar Fernando Prass & Cia em março por conta de uma cirurgia no tornozelo direito, tem certeza de que a comissão técnica servirá de inspiração.
- Acho que servimos como referência, basta perguntar para qualquer jogador, principalmente os mais jovens, todos querem ter essa chance. O Campeonato Carioca é charmoso, é uma vitrine - disse.
Os auxiliares Jorge Luis, Gaúcho e Silveira completam o seleto grupo de campeões, além é claro de Ricardo Gomes, que já conquistou o Carioca três vezes jogando pelo Fluminense. Responsável pelo sucesso da defesa na última temporada, Jorge Luis não esquece o primeiro caneco:
- O que marca nessa vida é a primeira vez, o primeiro brinquedo, a primeira namorada. Comigo não poderia ser diferente e o título mais importante para mim foi o Carioca de 92 pelo Vasco. Foi a primeira conquista como jogador profissional. Depois consegui mais dois pelo clube e eles me deram a chance de sentir o gostinho de ser campeão.
Conselhos de quem entende não faltarão no vestiário e quem estiver precisando de inspiração dentro de campo bastará lembrar de quem os treina diariamente e já fez história.
MULTICAMPEÕES
Cristovão Borges: técnico
O técnico do Vasco vestiu a camisa do Fluminense, em 1979, e já no ano seguinte, com 21 anos, conseguiu conquistar seu primeiro título como profissional, o Campeonato Carioca.
Para ele, uma comissão técnica formada quase toda por ex-jogadores tem sua importância, pois quem defende a camisa do clube atualmente tem a chance de se inspirar em quem já fez história dentro dos gramados.
Gaúcho: auxiliar
Velho conhecido da torcida, o auxiliar técnico venceu o Carioca de 1977 pelo Vasco e não esquece do estádio lotado:
- Na década de 70, sempre jogávamos para 150, 160 mil pessoas nos clássicos, era sempre muito disputado. Isso é ótimo pois podemos passar experiência aos jogadores, mostrar que o título pode ter um gostinho especial. Para a gente, valia mais ganhar o estadual do que um título nacional, por exemplo - disse Gaúcho.
Silveira: auxiliar
Outro auxiliar de Cristovão Borges em São Januário, Silveira também conhece bem os atalhos para a conquista do Carioca. Ele foi tetracampeão pelo Fluminense nos anos de 1969, 1971, 1973 e 1975 e está na expectativa vencer pelo atual clube, sempre recordando os bons tempos.
- Fui campeão pelo Fluminense e é uma experiência muito boa. Esse ano, bem devagar e com muita tranquilidade, a gente chega lá - revelou Silveira.
Carlos Germano: preparador de goleiros
Ídolo da torcida e um dos mais assediados nos treinos até hoje, o preparador de goleiros fechou o gol em quatro títulos do Vasco, em 1992, 1993, 1994 e 1998. O primeiro deles, ele garante, foi o mais especial um motivo apenas.
- Em 92 foi marcante porque, além de ter sido um título invicto, foi meu primeiro como profissional. Foi importantíssimo e a torcida do Vasco passou a me conhecer melhor - destacou o ex-goleiro.
Márcio: preparador de goleiros
Substituindo Germano, que se recupera de cirurgia, Márcio, treinador da base, é o único remanescente do último título carioca do Vasco. Ele fazia parte do grupo campeão em 2003 e guarda ótimas lembranças também dos outros títulos, em 1992, 1993, 1994, 1998.
- Sempre foi um sonho jogar o Campeonato Carioca. A experiência foi maravilhosa. Sempre tive vontade de jogar no Maracanã lotado – ressaltou.
MÁRCIO É O RECORDISTA
Os ex-goleiros e treinadores Márcio e Carlos Germano têm muitas histórias para contar quando o assunto é o Campeonato Carioca e conquista de títulos. O primeiro já conseguiu levantar quatro taças da competição (1992, 1993, 1994, 1998 e 2003), todas jogando pelo Vasco, mas em nenhuma delas ele foi titular do time de São Januário.
- Sempre tive o sonho de jogar pelo Vasco contra Flamengo, Fluminense e Botafogo. O Rio de Janeiro tem história como um dos principais campeonatos do Brasil e colocar essas faixas de campeão foi maravilhoso - revelou Márcio.
Germano também é multicampeão pelo Vasco e mesmo com um título a menos do que Márcio, pode se orgulhar de ter sido o titular em todas as conquistas do ex-companheiro, tirando a de 2003, quando já estava aposentado dos gramados. O ex-zagueiro Jorge Luis é mais um com vasto currículo no Rio de Janeiro, mas, além do tricampeonato pelo Gigante da Colina, ele levantou a taça defendendo o Flamengo (1996) e o Botafogo (1997).
RICARDO LEVOU TRÊS PELO FLU
O técnico Ricardo Gomes não fica para trás na concorrida briga por títulos cariocas na comissão técnica cruz-maltina. O comandante foi tricampeão pelo Fluminense nas temporadas 1984, 1985 e 1986 durante os seis anos em que defendeu o clube das Laranjeiras. Como treinador, ele já foi campeão estadual também, pelo Vitória, em 1999. Ele buscará agora o primeiro Carioca da carreira.
COM A PALAVRA: JORGE LUIS
Pentacampeão carioca (três pelo Vasco)
O Campeonato Carioca é visto como uma vitrine nacional. Claro que todo título tem sua importância, mas o título estadual sempre traz uma satisfação a mais, além do currículo, claro. Tive essa felicidade três vezes pelo Vasco (1992, 1993 e 1994), um clube pelo qual tenho enorme carinho, que abriu as portas para mim.
Foi aqui que tive a chance de aparecer não só no futebol do Rio de Janeiro, mas para todo o Brasil. Foi aqui que fui convocado pela primeira vez para defender a Seleção Brasileira, me formei como homem e passei a enxergar as coisas de uma forma bem diferente.