Eles jogam juntos no Brasil, na Rússia, em outros países europeus e alimentam uma amizade além das areias. Mas, dentro de quadra, basta o árbitro apitar o início da partida para que a rivalidade venha à tona. Será assim no próximo domingo, durante o Desafio Internacional de futebol de areia, entre Brasil e seleção do mundo, que será realizado na arena montada na Represa de Guarapiranga, em São Paulo. O evento faz parte do calendário do Verão Espetacular e será transmitido ao vivo pela TV Globo, dentro do Esporte Espetacular.
Campeão do Mundialito pelo Vasco, em 2011, ao lado de Jorginho e Bruno Xavier, o uruguaio Pampero, que vai defender a seleção do mundo, afirma que durante a partida a amizade é deixada de lado.
- Somos amigos fora de quadra, mas quando jogo contra eles, eu quero ganhar. Falamos até algumas piadas durante o jogo, mas não dá para brincar muito porque precisamos ter concentração. Na quadra, não tem amizade (risos). Se tiver uma disputa de bola, eu vou correr atrás, mas é claro que eu nunca iria machucar um colega - frisou o defensor.
Por conta do calendário irregular de competições durante a temporada, os jogadores vestem diferentes uniformes, vivem como verdadeiros nômades e lidam com naturalidade ao ver que um jogador, companheiro de time num momento, está do outro lado da quadra logo depois.
- Joguei com o Stankovic na Itália e viramos amigos de cara. O Pampero foi meu companheiro de Vasco e ganhamos o Mundial juntos. Já dividi o quarto com o Madjer e o Alan na Europa. No mundo do futebol de areia, todos são grandes amigos. Mas, na hora de a bola rolar, não vai ter essa de jogo de amizade. Lá dentro, cada um defende o seu. Nesse meu primeiro Desafio Internacional, vou jogar como se fosse final de Copa do Mundo. Brincadeira com eles só depois que o jogo acabar. Se possível, com outra vitória nossa - revelou o atacante capixaba Bruno Xavier.
Companheiros no Botafogo e no Sporting (POR), o goleiro Leandro Fanta e o atacante Alan serão rivais no duelo deste domingo. O primeiro é arqueiro reserva do Brasil, enquanto o outro é brasileiro naturalizado português e defende a seleção lusa há mais de dez anos. Mas as brincadeiras continuam até quando estão em lados opostos.
- Em Portugal, joguei com o Alan e o Madjer e eles viraram grandes amigos. Sempre que eles estão no Rio, nos encontramos. O Alan foi meu companheiro no Botafogo. Outro que tenho muito contato é o Osmar, que é brasileiro naturalizado japonês. Nós jogamos juntos pela seleção de São Paulo, mas ele foi morar no Japão e nos vemos pouco. Sempre existe aquela brincadeira sobre quem vai ganhar o jogo. Mas eu levo a melhor falando que eles são fregueses - cutucou Fanta.
'Antes as mães deles chorando do que a minha'
Natural de João Pessoa (PB), Alan viveu em terras lusitanas por 13 anos, mas resolveu voltar ao Brasil no ano passado. Durante a temporada, o atleta se divide entre o Rio de Janeiro e a Europa, onde disputa campeonatos em Portugal, na Itália e na Rússia.
- Não tem um gostinho especial ganhar do Brasil. Vencer é sempre bom, ainda mais quando se trata de uma seleção forte. Temos uma relação fora de quadra, mas não tem essa de joguinho de compadre. Não vou facilitar para eles. Antes as mães deles chorando do que a minha - brincou o jogador.
No restrospecto do Desafio Internacional, o Brasil ainda não sabe o que é perder: venceu as seis edições realizadas até agora. Para Alan, chegou a hora de acabar com esse jejum.
- Minha expectativa é vencer, não é possível que nós não vamos ganhar do Brasil mais uma vez. Mas a falta de entrosamento da seleção do mundo pode prejudicar o desempenho do time. Além disso, a metade dos jogadores vem de uma temperatura abaixo de zero, na Europa, então vai ser difícil se adaptar ao calor em tão pouco tempo - ponderou o atleta.
Fonte: GloboEsporte.com