Desde o dia 5 de maio de 2010, aquele pedaço do campo pela direita em frente ao gol tem dono na defesa do Vasco. Dedé se apropriou da posição e, por usucapião, o lugar é dele e ninguém mais conseguiu tirá-lo. Já são 99 partidas seguidas como titular. E, apesar da humildade do jovem zagueiro ao afirmar que não há vaga garantida para ninguém, todos sabem que a escolha é pelo seu companheiro.
Do jogo com o Vitória pela Copa do Brasil em 2010 à partida contra o Flamengo pelo Brasileiro do ano passado, Dedé teve ao seu lado Thiago Martinelli, Tite, Cesinha, Fernando, Anderson Martins ou Renato Silva. Agora, chegou a vez de Rodolfo. Totalmente aprovado pelo camisa 26.
— Ele é um jogador canhoto e eu destro, isso já ajuda muito. É muito inteligente e rodado. Em pouco tempo, já me explicou coisas de posicionamento que eu não sabia. Além da convivência, que está sendo ótima — afirmou Dedé, que, no entanto, preferiu deixar a escalação por conta do técnico Cristóvão Borges.
Todos que passaram tiveram importância no crescimento profissional do zagueiro, que chegou ao clube em 2009 e teve dificuldades em se adaptar ao time. Hoje, jogador de seleção brasileira, Dedé não se esquece de quem o ajudou a chegar perto do auge no ano passado.
— Não dá para definir cada um assim. Joguei pouco com o Martinelli, o Tite, o Cesinha. O Fernando, por exemplo, foi muito importante. Era experiente, teve passagem pelo exterior, me orientou muito para que eu soubesse usar melhor minha força. Com o Anderson Martins, tive que aprender a jogar porque tínhamos o mesmo jeito. Como as características eram muito parecidas, até foi difícil a adaptação. Mas depois foi ótimo, nos encaixamos muito bem — disse.
Zagueiro pede desculpas
Na reta final do ano passado, Dedé recebeu um novo companheiro. Renato Silva, vindo do futebol chinês, levou tempo para se readaptar ao jogo brasileiro. Mas, segundo o zagueiro, teve papel interno fundamental.
— A motivação com que ele joga contagia muito. Parece uma coisa pequena, mas quando você vê um companheiro desse jeito ajuda a gente crescer também — conta.
Perto de completar cem jogos em sequência como titular, o que pode acontecer na estreia do Carioca contra o Americano, em Macaé, no próximo domingo, Dedé conta com outro aliado além do alto nível do seu futebol. A força física, que impediu o zagueiro de sofrer lesões sérias na carreira.
— Acho que é força que vem de família. Minha mãe brinca que o inhame dela me dá força, mas é genética mesmo. Nunca tive lesões. Dor, só de pancada mesmo, nada muscular — explicou o zagueiro.
Da mãe, ele não ganhou apenas a força física. Recebeu o discernimento entre certo e errado. Por isso, após passar um pouco da conta em uma discussão com Juninho no treino de domingo, Dedé reconheceu o erro e pediu desculpas ao capitão, com quem levantou a voz por causa das falhas de posicionamento do time no coletivo.
— Às vezes, ficamos nervosos com a situação e nos alteramos, mas nos entendemos logo depois. Só queríamos consertar em campo. Acho que fui muito agressivo na forma como falei. Eu fiquei chateado comigo, não com ele. Poderia ter sido mais simples e mais claro, sem precisar ter gritado tanto — explicou Dedé.
Fonte: Extra Online