Em uma semana, a vida de Daniel Freitas mudou completamente. Antes supervisor de futebol, ele se prendia a questões burocráticas nos bastidores de São Januário e, quando passava por torcedores, seguia caminho sem ser importunado. Porém, bastou ser anunciado, na quinta-feira da semana passada, como o novo diretor-executivo do clube, para sua rotina ser transformada. Caixa de e-mail lotada, empresários, jornalistas, ligações mil... Efeitos de ser o substituto de Rodrigo Caetano no cargo de confiança do futebol na Colina.
Responsabilidade ele sabe que tem, entretanto, os anos de disciplina e coragem no Corpo de Bombeiros (ele luta para evitar o apelido de Coronel, colocado pelos próprios jogadores) o fazem enfrentar o desafio de peito aberto. Preparando-se há anos – é formado em Educação Física pela UFRJ e com MBA em Gestão Esportiva – ele garante que está pronto.
– Estudei, comecei a trabalhar no futebol e almejei um dia poder estar à frente do departamento. Não entrei para ser apenas um supervisor. Acho que tenho preparo para isso. Sei que o mercado do futebol é muito cruel, mas estou tranquilo – disse.
Por conta do pouco tempo da saída de Rodrigo Caetano, comparações irão surgir com o antigo diretor executivo. Apesar do respeito e admiração, ele garante ter seu estilo próprio.
– Tenho minhas condutas próprias e métodos de trabalho diferentes. Claro que aprendi muito com ele, mas tenho minha maneira de agir e confiança na minha formação.
Pai de dois filhos – Ana Carolina, de nove anos, e Daniel, de seis – além de ser padrasto de Jorge (13), ele diz que a família vem aceitando bem a nova rotina.
– Minha esposa ficou muito feliz. Sabe que nossa rotina mudou um pouco. Inclusive, tínhamos planos para nossas férias e tivemos que mudá-los. Mas ela está me dando total apoio porque sabe que esse era meu grande anseio profissional.
Boa herança do quartel
Apesar de deixar claro que separa as profissões e que dessa forma prefere ser avaliado, alguns conhecimentos adquiridos por Daniel Freitas como bombeiro o têm ajudado no mundo do futebol, sobretudo a disciplina, algo muito exigido dentro dos quartéis.
– Sou um cara que tenho muita facilidade com essa questão de cumprir horário. Acho importante. Isso foi uma coisa que eu trouxe da minha rotina militar – destacou.
O convívio com a pressão na corporação também foi outro fator apontado pelo dirigente com algo positivo para sua atual função:
– Muitos momentos na minha profissão de bombeiro eu fiquei exposto a situações de risco iminente de morte. Foi muita pressão para tomar decisões rápidas, em frações de segundo, em momentos críticos. Acho que isso me deu tranquilidade e preparo para lidar com as pressões do futebol – disse.
Indicação do próprio sucessor
Tão logo assumiu a condição de diretor executivo do Vasco, Daniel Freitas indicou o supervisor de patrimônio, Bruno Coev, para o seu ex-cargo, que era o de supervisor de futebol.
Coev, que trabalha no clube desde 2003, acredita que o bom relacionamento no trabalho e também fora dele contribuíram para essa escolha.
– Talvez seja pela afinidade grande com o Daniel, desde que ele entrou no Vasco. Com essa promoção, ele acabou me puxando. Posso dizer que é uma oportunidade de ouro – declarou.
Bruno, que nos bastidores costuma ser mais extrovertido, acredita que essa junção de personalidades tem tudo para dar certo daqui para frente.
– Sou um pouco mais solto, e o Daniel, mais sério. Mas ele é extremamente competente. Um cara sincero, franco.
As opiniões de Daniel Freitas
Apelido de Coronel
“Isso é uma outra profissão que tenho. Aqui sou um diretor-executivo. Claro que não nego meu passado, mas aqui eu sou o Daniel Freitas, diretor-executivo do Vasco. ”
Elenco
“Quase 90% do elenco foi mantido. A qualidade dos que se mantiveram é inquestionável. Em termos de grupo, é o melhor início de ano que o Vasco teve nos últimos anos.”
Críticas
“Agora estou mais exposto e essa moeda tem duas faces: elogios e críticas. Sei que algumas criticas já estão surgindo pelo fato de não ser conhecido, mas estou tranquilo.”
Diretor do Vasco
“É um grande orgulho e responsabilidade. O Vasco tem uma história enorme. Sei que estou diante do desafio mais importante da minha carreira profissional.”
Fonte: Lancenet