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Em apresentação no Flu, Caetano diz que não trabalhou sozinho no Vasco
Segunda-feira, 09/01/2012 - 22:22
Sonho antigo da diretoria do Fluminense, Rodrigo Caetano foi apresentado oficialmente na manhã desta segunda-feira, em Mangaratiba. Pouco menos de um mês após deixar o Vasco, seu último clube, o novo diretor executivo falou pela primeira vez como o responsável pelo departamento de futebol do Tricolor. Ao lado do presidente Peter Siemsen, do vice-presidente de futebol Sandro Lima e do mandatário da patrocinadora, Celso Barros, Rodrigo foi recebido no Hotel Portobello e fez questão de agradecer a oportunidade dada pelo Tricolor.
- É um prazer voltar ao convívio de vocês. Obrigado ao Sandro, ao Celso e ao presidente Peter Siemsen, não só pelas palavras, mas pelo convite. Quero deixar claro que o projeto que me foi apresentado e os objetivos propostos por essas pessoas que representam o Fluminense realmente foram decisivos para que eu pudesse tentar colaborar com essa bela equipe já montada. Muito me honra estar chegando neste clube em um momento ímpar de sua história, em que vislumbra conquistas grandes, como a sua torcida. O clube possui o melhor patrocínio do Brasil, que também visa sempre tornar o Fluminense cada vez mais forte. Venho para ser mais uma peça dessa engrenagem, esperando agregar experiência e conhecimento - disse Rodrigo Caetano.
O novo dirigente chegou a Mangaratiba acompanhando de Celso Barros, um dos maiores entusiastas de sua contratação. Peter veio em outro carro, logo atrás. Marcelo Teixeira, gerente de futebol do clube, também esteve presente à apresentação. O Fluminense já havia tentado tirar o dirigente do Vasco em pelo menos duas ocasiões. Na última delas, no meio de 2011, o acordo esteve muito próximo de acontecer, mas Rodrigo preferiu permanecer no clube de São Januário. No último dia 15 de dezembro, porém, ele deixou o rival alegando divergências com a diretoria e ficou livre para negociar com o Tricolor.
Confira a íntegra da primeira entrevista do novo dirigente tricolor:
Fluminense
- Aceitei primeiro pela maneira como tudo foi conduzido desde a minha saída do Vasco. O Fluminense sempre foi o clube que demonstrou mais interesse em contar com os meus serviços, apresentando um desafio grande, que é realizar uma grande Libertadores. O clube tem um elenco muito bom e uma comissão técnica do mesmo nível. Esse conjunto torna o Fluminense muito forte. Chego para ser mais uma peça nessa engrenagem. O objetivo do Fluminense é grande, e qualquer profissional gosta de participar de objetivos como esses. Estou conhecendo o clube aos poucos e já assumo o cargo com 110% de comprometimento. Sempre foi assim por onde passei e espero que as conquistas venham.
Demora no acerto
- Não esgotamos ainda todas as reuniões que queremos fazer. Tudo o que conversamos até agora foi para ter os papéis bem definidos no início do trabalho. Nunca trabalhamos com prazos. Nossa intenção sempre foi ter tudo ajustado, até mesmo para que essa parceira não tenha data para terminar. Temos de esgotar sempre as nossas conversas em várias reuniões. Não anunciei minha vida para o Fluminense só porque o Vasco contratou outro profissional. Minha preocupação hoje é com o Fluminense, e a partir de agora deve ser apenas o Fluminense.
Hierarquia no futebol
- Está tudo bem definido, e vamos trabalhar em conjunto. É preciso evitar as comparações. Cada clube tem a sua estrutura e define seus projetos. A estrutura do Flu tem seu presidente, seu vice, seu gerente e eu serei o diretor. Quanto mais pessoas capacitadas trabalharem em conjunto, maior será a probabilidade de sucesso. O que difere o Fluminense dos adversários é o grande patrocinador, que, em tese, pode facilitar muito o nosso trabalho. No Vasco criaram uma imagem de que eu mandava no futebol. Mas não era assim. Lá também tinha um presidente e um vice. Pelo trabalho no dia a dia e pelo meu comprometimento, passou-se a imagem de que tudo ficava a meu critério, o que não acontecia.
Mudanças
- Nossas reuniões já acontecem há algum tempo. Algumas coisas já me foram passadas, mas a cautela para ouvir as pessoas é o primeiro mandamento para quem está chegando em um clube. Primeiro, tenho de ouvir, para só depois colaborar. As funções de um diretor executivo não se resumem à montagem do elenco. Elas vão muito mais além. Preciso obter o maior número de informações para pensar em alterar alguma coisa. O Fluminense não está no estágio de montar elenco. Quero agregar experiência com meu conhecimento em gestão. Serei mais um na equipe. Seria muita pretensão minha sugerir mudanças sem fazer um diagnótico antes
Desafio
- Que fique claro que não realizei nada sozinho no Vasco. Lá éramos uma equipe, como no Fluminense. Nunca falarei em primeira pessoa. Participei, sim, de um processo de reconstrução, como espero agora participar desse crescimento sustentável que o clube vem tendo nos últimos anos. Esse será o meu maior desafio no Fluminense. Qualquer profissional gostaria de estar participando desse projeto que vem caracterizando o clube. O Tricolor vem sempre se mantendo no topo, e espero colaborar de alguma forma para que isso até melhore, atingindo títulos. Vai ser um pouco diferente de meus trabalhos no Grêmio e no Vasco. Agora, o cenário é mais favorável. A situação atual do Fluminense em tese facilita tudo, mas não existe modelo pronto para o sucesso.
CT e Xerém
- Ainda é muito cedo para falar com precisão, mas o desejo do clube será sempre o desejo de seu executivo. Quanto melhor a ferramenta de trabalho, maior a chance de atingir os resultados favoráveis. A busca por um CT não invalida as melhoras que já estão sendo feitas nas Laranjeiras. Sandrão e Marcelo têm feito isso. Em Xerém eu também gostaria de participar de forma ativa. A base é o futuro de todos os clubes e o Fluminense sempre teve a tradição de revelar grandes jogadores. Tenho certeza de que, com a melhoria dessa estrutura que o presidente Peter Siemsen deseja, novos talentos surgirão e poderão, ou não, ingressar na equipe profissional. São dois projetos que realmente me deixam motivados.
Reforços para 2012
- Informado eu fui. É bom dizer que toda contratação é do Fluminense e não de pessoas específicas. Dentro das conversas que tivemos recentemente, eu fui informado. É preciso saber o que está acontecendo. Hoje temos um elenco equilibrado e de altíssimo nível.
Libertadores
- O que faz um clube atingir o título de determinada competição é estar seguidamente presente nela. Essa linha de raciocínio credencia o Fluminense neste ano. Nos últimos anos o clube tem sido frequentador assíduo da Libertadores, o que aumenta muito as chances de título. Mas ainda assim é dificílimo. Em 2007 eu trabalhava no Grêmio e fomos vice-campeões diante de um Boca Juniors imbatível. São caminhos tortuosos, mas essa sequência nos torna candidatos ao título.
Pressão
- A cobrança já começou, mas estou tranquilo. Vivo no ambiente do futebol há 30 anos, contando também a época de jogador. Faz parte. No jargão do futebol, dizemos que quem não gosta de pressão precisa procurar outra profissão. Já passei por momentos difíceis e por momentos de reconhecimento público. Torcedor de qualquer grande clube deseja comprometimento. E isso não faltará de minha parte, por isso estou tranquilo com o novo desafio.
Fonte: GloboEsporte.com