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Fernando Prass: 'Dificilmente eu aceitaria uma proposta de outro clube'


Domingo, 08/01/2012 - 10:43

Basta entrar em campo, no dia 22 de janeiro, contra o Americano, na estreia do Carioca, para Fernando Prass emplacar uma marca histórica. Com 134 jogos, ele ultrapassará Rogério Ceni, do São Paulo, e se tornará o segundo jogador a ter a maior sequência de partidas na história do futebol brasileiro. Atrás apenas de Wladimir, ex-jogador do Corinthians, ele sabe que a cada ano grava mais o seu nome no Vasco e, ao L!NET!, revela que não quer mais deixar São Januário.

- Não é demagogia, até porque o pessoal do Vasco me conhece e sabe que eu não sou de fazer essas coisas. Dificilmente eu aceitaria uma proposta de outro clube, só se fosse algo para mudar minha vida - disse.

Prass chegou ao clube em 2009 cercado de desconfiança, já que o Vasco não emplacava um goleiro desde a saída de Fábio, em 2004. Com perfil sereno e sem muito marketing, foi conquistando seu espaço aos poucos. Ajudou o Cruz-maltino a voltar à Série A e, em 2011, alcançou outro patamar com o título da Copa do Brasil e as belas campanhas no Brasileiro e na Copa Sul-Americana, ambas sem se ausentar.

Sempre comedido, ele admite a importância da marca que está para atingir, mas mantém os pés no chão.

- Acho que importa na medida que materializa e mostra a sequência de jogos num grande time como o Vasco. Estou conseguindo isso aliando a condição técnica e física, porque separando uma coisa da outra, não conseguiria. Mas em termos de marketing, de querer bater esse ou aquele, isso não é meu objetivo. Meu objetivo é jogar todos, mas não por vaidade, e, sim, para ajudar - afirmou a Muralha da Colina.




COM A PALAVRA: WLADIMIR, DONO DO RECORDE DE 161 JOGOS

Por muitas vezes, acabei jogando machucado, com o tornozelo inchado e até com a costela quebrada, porque detestava ficar fora de um jogo. Queria ter a consciência de que, quando parasse com o futebol, teria jogado tudo que tinha direito. Costumo dizer para o meu filho (Gabriel, lateral-direito do Grêmio) que eu aprendi a administrar a dor.

Aprendi a jogar com dor mesmo, boa parte das vezes sem estar com 100% das condições. Ia para o jogo e não queria saber, não. Entrava com bota de esparadrapo e, depois de dez minutos, esquecia completamente. Só me preocupava com o jogo. Sobre a marca do Fernando Prass, acho que os recordes estão aí para serem quebrados sempre.

CRIANDO RAÍZES NO VASCO

Todas as vezes em que Fernando Prass foi indagado sobre entrar para a história do Vasco, teve o cuidado de descartar tal possibilidade. Entretanto, após um ano tão especial em 2011, ele já começa a admitir que vai conquistando seu cantinho:

- Sempre dizia que dependia de várias coisas, como número de jogos, tempo de clube, desempenho técnico e títulos. Estou chegando perto dos 200 jogos, tenho dois títulos (Série B e Copa do Brasil), vou para o meu quarto ano e, por tudo isso, acho que contribui para que as pessoas coloquem esta questão.

O camisa 1 faz questão de destacar a reviravolta no clube:

- Foram títulos num período curto, ainda mais com o Vasco vindo de uma fase em que não estava bem. Num curto espaço de tempo, passamos a disputar todos. Foi uma mudança abrupta.

BATE-BOLA COM FERNANDO PRASS

1) O que representa para você ter igualado a marca do Ceni?

Rogério é uma referência para uma geração de goleiros. Possui marcas incríveis. Dificilmente é igualado. Fora os títulos. Conseguir chegar perto dele em qualquer dessas marcas é um fato que eu valorizo muito.

2) Ter uma sequência como esta com o ano cansativo que o Vasco teve não foi nada fácil...

Começou já na reta final da Copa do Brasil, quando fui para Curitiba, jogar no Brasileiro, com o time que não ia jogar a final. Depois teve uma viagem horrível para a Bolívia, sem dúvida a pior. Aí veio Peru, Chile... tudo dentro do Brasileiro. Realmente foi um ano muito desgastante. Quase sete jogos por mês. Mas, no final, o saldo foi muito positivo.

3) Sua vontade de atuar em todas é em virtude do goleiro não poder perder o ritmo de jogo?

O jogador de linha até perde ritmo com lesão, mas pode fazer uma volta gradativa, entrando aos poucos. Isso nunca vai acontecer com o goleiro. Então, é isso que dificulta para nós. Até porque, em termos de desgaste no jogo, o goleiro não é tão exigido quanto um de linha.

Fonte: Lancenet