Pouco mais de dois meses depois da decisão de voltar ao futebol, Pedrinho sentiu ontem em campo a dificuldade de retomar o tempo perdido após dois anos de precoce aposentadoria. Aos 34 anos, enfrentou, junto com o Olaria, seu nono time na carreira, os juniores do Vasco que se preparam para a Copa São Paulo Júnior.
O empate de 1 a 1, no campo em Itaguaí onde hoje treinam as categorias de base do Vasco (o local está cedido ao clube pelo empresário Pedrinho Vicençote), serviu tanto de recomeço como de volta no tempo.
— Senti um pouco o ritmo, o tempo de bola, fiquei um pouco perdido em campo. Isso tudo faz parte do processo de readaptação. Uma coisa é ser um jogador de 34 anos em atividade, outra coisa é ter 34 anos e estar há dois parado — lembrou Pedrinho, que deu carona no seu BMW branco para quatro garotos do Olaria, seus novos companheiros que tinham a mesma idade dos jovens atletas vascaínos.
Apesar das dificuldades, Pedrinho encarou a partida como mais um garoto. Menos impetuoso pela esquerda do que quando começou em 1996 no Vasco, porém mais cerebral em campo, ele sofreu um pênalti não marcado logo no início da partida, deu o cruzamento para o gol de empate e tentou dar qualidade ao Olaria, como quando impressinou ao dominar com perfeição uma bola no meio de campo.
— Tento passar para os garotos muito mais meus exemplos do que palavras. Se eles virem que não estou correndo tanto, não é porque estou de "migué", é que não estou com energia mesmo. Era muito tempo só correndo, jogando futevôlei, showbol — disse o jogador, observado de perto por outros garotos que o admiravam pela TV antes de jogaram ao seu lado.
— Jogar com ele é um privilégio. É um cara calmo, um líder que a gente tenta escutar sempre — disse o atacante Léo Paraíba, apenas há duas semanas no Rio.
Aposta na manutenção do elenco vascaíno para a Libertadores
Em 1995, quando o técnico Zanata levou Pedrinho para os profissionais, o Vasco não vivia boa fase. O time que conquistara em 1994 o inédito tricampeonato carioca não foi bem no Brasileiro do ano, seguinte quando ficou nas últimas posições, com os jovens Juninho e Pedrinho no time. Três anos depois, com Felipe na lateral-esquerda, os três estavam em campo contra o Barcelona, no Equador, onde levantaram o troféu da Libertadores da América.
Longe do clube desde o rebaixamento em 2008, Pedrinho só pode torcer pelo time do coração e pelo amigo em outra oportunidade de levantar a taça.
— O Felipe sabe que seria uma marca impressionante ser bicampeão da Libertadores. O time é muito bom e, para mim, mais importante que os reforços agora é manter os jogadores que tiveram um bom ano — opinou Pedrinho, que viveu uma tarde de reencontros. O reserva de Carlos Germano, Márcio Gazola, agora treina os jovens goleiros nas categorias de base, que têm coordenação de Jair Bragança, outro dos tempos do meia.
No Olaria também Pedrinho vê uma extensão de seus tempos de São Januário. Acácio, campeão Brasileiro em 1989 pelo Vasco, é o seu treinador. Na mesma posição pelo time da Rua Bariri joga Siston, de 30 anos, outro oriundo das divisões de base do Vasco.
— Antes, a base treinava em Piabetá, em Magé, os campos eram piores, era mais risco de lesão. Hoje há proximidade maior com o profissional. As coisas são mais acessíveis. Bom para a garotada aproveitar — afirmou Pedrinho.
Fonte: Extra Online