Em 12 meses, a vida de Dedé mudou inteiramente e um pequeno exemplo ilustra bem esta transformação. No fim de 2010, o LANCENET! esteve em Volta Redonda para uma entrevista com Dedé. O bate-papo ocorreu em uma praça próxima à sua residência, na maior tranquilidade.
Cerca de um ano depois, a equipe de reportagem voltou a conversar com ele na região onde nasceu e foi criado, mas com um cenário bastante diferente. Para atender a tantos pedidos da imprensa, foi preciso organizar uma coletiva, em um auditório.
Se há um ano, Dedé tinha que se preocupar em atender um ou outro repórter, hoje, precisa enfrentar um "batalhão", como ele mesmo se refere aos jornalistas, sempre ávidos por notícias no Mito. Um tratamento de estrela, que ele, porém, quer - ou tenta - evitar.
- Hoje em dia é um batalhão que quer falar comigo (risos). As coisas mudaram, mas sou a mesma pessoa, com os mesmos amigos, que gosta das mesmas coisas de antes - disse Dedé durante o bate-papo com o L!NET (entrevista completa abaixo).
Se em 2010, Dedé atendeu à equipe de reportagem com jeitão mais despojado, hoje em dia precisa ter certa preocupação para cumprir contratos com seus patrocinadores, utilizando sempre peças da Mizuno ou da Onbongo. Sem contar o quanto a presença do Mito é explorada em peladas de fim de ano. A cada dia, chovem convites e mais convites.
Mas toda essa mudança acaba interferindo também no dia a dia de Dedé, principalmente no que diz respeito ao assédio da torcida. A maioria das situações ele garante que tira de letra. Mas foi-se o tempo em que podia andar pelas ruas sem ser reconhecido.
Recentemente passou alguns dias de férias em São Lourenço, em Minas Gerais. No hotel em que ficou hospedado, torcedores formavam fila na portaria, aguardando o jogador. Ciente da sua "missão" Dedé completa.
- Se não passar dos limites, procuro atender a todos bem, com sorriso na cara - ressaltou Dedé.
Abaixo, o bate-papo completo com o Mito:
Você costuma acompanhar matérias suas que saem na imprensa?
Sou meio desligado. Nem sempre vejo as coisas que aparecem sobre mim. Às vezes sei que vai ter algo legal, na televisão, ou no jornal, no LANCE!, por exemplo, mas acabo esquecendo de ver. Aí minha namorada ou minha assessoria me passam e vejo depois. Fiquei até sabendo que vocês, do LANCE!, me colocaram numa capa com moicano do Neymar e não vi (risos). Agora quero ver.
E antes, quando a imprensa criticava você?
Não via nada, até porque eu nem aparecia (risos).
Você virou um líder do time, até ganhou a faixa de capitão do Juninho em um jogo...
Eu sou brincalhão fora de campo, mas na hora do trabalho sou bastante sério. Por isso acho que sou um pouco líder. Aquilo partiu do Juninho, fiquei até surpreso. Nunca pedi. Mas não faz falta para mim ser ou não capitão, até porque tem outros que merecem mais.
Mas esse seu jeito de líder ficou claro no jogo de volta contra o Universitário, do Peru. Você deu uma bronca daquelas no Bernardo...
Nós tínhamos feito o quinto gol, que nos classificaria. Aí tocávamos para o Bernardo e ele tentava levantar a torcida. Dar caneta. Parecia que queria se mostrar. Fiquei nervoso e dei uma bronca. Depois, vi que peguei pesado e pedi desculpas. Ainda não tem cabeça e faço de tudo para ajudá-lo. Se estiver bem, é nível de Seleção. Depende dele. Eu amo esse moleque.
E quanto ao Anderson Martins? Ele foi importante para seu crescimento?
É até bom tocar nesse assunto. O Anderson, para mim, era o melhor zagueiro do Brasil. Eu ficava prestando atenção no que ele fazia, pois tinha coisas que eu nem sabia fazer. Aprendi muito com ele. Fiquei triste demais quando ele saiu.
Você virou amigo do Neymar. É melhor do que o Messi?
Eu acho o Neymar muito mais habilidoso. O Messi é mais de carregar a bola, mais rápido. São craques, mas prefiro o Neymar. Não é por ser meu amigo. E o Neymar faz as coisas em campos piores do que os do Barça. Mas, pô, quem sou eu para falar desses caras... Eles são de outro planeta, malucos (risos).
Usaria o moicano do Neymar? Ou faria algo diferente?
Não, moicano não dá. Jamais usaria. Até porque estou mais bonito assim. Meu cabelinho é curto, mas cuido dele. Cheirosinho. Posso estar careca, mas uso xampu e condicionador da Victoria’s Secret.
No dia a dia, como é o Dedé? Gosta de fazer o quê?
Não fico parado. Ajudo minha mãe, arrumo a casa. Gosto de sair para comer. Aprendi a gostar de comida japonesa, mas no almoço tem que ser arroz com feijão, sem frescura. Gosto de pelada com os amigos. E jogo descalço. Mas antes tinha uma camada na sola do meu pé. Agora, de tanto usar chuteira, meu pé ficou frescurento.
Sinceramente, é possível você ficar no Vasco até 2014?
Claro que é. Depende do Vasco, do projeto. Mas eles sabem que pretendo ficar. Até 2014, o melhor seria ficar no Brasil, a Copa é aqui. De coração mesmo, gostaria muito de ficar.
Fonte: Lancenet