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Goleiro que agrediu Elivélton na Taça BH terá uma nova chance
Sexta-feira, 09/12/2011 - 15:55
Barão de Cocais, 25 de julho. O Vasco vencia o Sport por 3 a 1 pela Taça Belo Horizonte de Juniores quando, de repente, há um princípio de confusão e o goleiro Gustavo, do time pernambucano, corre desde sua meta para acertar uma voadora nas costas do volante vascaíno Elivélton, que caiu imediatamente e precisou ser levado ao hospital com suspeita de fratura na coluna. Após a atitude, o goleiro foi massacrado por todos os lados, chamado de bandido em rede nacional e afastado do elenco pelo Sport, que logo em seguida, voltou atrás da atitude e o reintegrou ao elenco. Cinco meses depois, Gustavo recebe uma chance de ouro, uma nova oportunidade: será o titular do time rubro-negro na Copa São Paulo.
A chance, ao que tudo indica, vem no momento certo. Depois do massacre nacional, a poeira baixou e Gustavo, que se mostrou arrependido no dia seguinte à agressão, teve condições de se reestruturar mentalmente. Apontado dentro do clube como um jogador fechado e introspectivo, o goleiro raramente se envolve em casos de violência no dia a dia do clube e é tido como um profissional sério e dedicado. O perfil psicológico traçado sobre ele até agora aponta alguém que prende as emoções até o limite e, quando solta, o faz de maneira brusca, abrupta, como foi o caso, em que o time estava perdendo o jogo e alguns jogadores do Vasco supostamente o teriam provocado, o que é mais do que normal no futebol, a não ser que essas provocações descambem para algum tipo de discriminação.
O Sport, logo após o ocorrido, pediu desculpas ao Vasco e chegou a afastar o goleiro, mas deu-lhe uma segunda chance após vários apelos, inclusive o do fenômeno Ronaldo, que afirmou publicamente que o goleiro precisava de ajuda, e não apenas de punição. Deixá-lo sozinho naquele momento significaria fechar as portas do goleiro para o futebol sem contribuir para que ele pudesse se tornar um cidadão melhor, papel que, em tese, também deveria ser dos clubes formadores. Atualmente, Gustavo passa por tratamento psicológico semanal e se encontra quinzenalmente com uma assistente social. Depois da Copinha, iniciará um processo de terapia para que seja feito um perfil mais detalhado de sua personalidade.
Tecnicamente, as coisas são mais fáceis para ele. Ágil debaixo das traves e com boa noção de colocação, o alagoano Gustavo impressiona desde que chegou ao clube. Tanto que, se tiver um bom desempenho na Copinha, provavelmente será promovido ao time principal, onde será o quarto goleiro em 2012 e terá margem de crescimento, assim como o também alagoano Saulo, hoje reserva imediato de Magrão, que impressionou no Campeonato Brasileiro Sub-20 de 2008 e se notabilizou em 2011 por marcar um gol de cabeça e sofrer uma lesão séria no joelho durante a comemoração.
A chance vem num momento mais do que positivo para o Sport que, além de ter subido para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, volta a disputar a Copinha, competição para a qual não era convidado desde 2005, por problemas com a federação local. Nesse período, além do vice-campeonato brasileiro sub-20 e de ter revelado Saulo, o time pernambucano também apresentou ao mundo o jovem Ciro, vice-campeão mundial sub-20 com a seleção brasileira em 2009. Atualmente no Fluminense, Ciro encontra problemas para se firmar, assim como Eliseu e Müller, companheiros menos badalados daquela geração que se perderam no meio do caminho.
Além de mostrar que conseguiu recuperar seu goleiro, o Sport tem a chance também de representar a base nordestina de maneira digna e mostrar que o trabalho feito por lá merece ser visto com mais atenção, mesmo que tenham sido raros os exemplos de grandes jogadores formados no rubro-negro pernambucano nos últimos anos. É importante voltar a se impor como grande, e tratar os jogadores como seres humanos passíveis de falhas é algo importantíssimo para facilitar esse processo.
Fonte: Olheiros.net