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Marcos Blanco celebra 2011 como 'ano do renascimento' do Vasco


Domingo, 04/12/2011 - 15:20

Marcos Blanco chegou ao Vasco no decorrer de 2009. Não, ele não era um reforço para entrar em campo e ajudar o clube a voltar à elite do futebol brasileiro. Sua atuação seria longe das quatro linhas. O administrador de empresas participaria da reconstrução do combalido departamento de marketing vascaíno. Na função de diretor executivo, ajudou a melhorar a comunicação entre todos os departamentos do clube e hoje em dia colhe os frutos de ver um Vasco reerguido, não só em campo como também fora dele, com cada vez mais crédito junto aos parceiros. E o ápice deste projeto, que se iniciou há dois anos, pode vir neste domingo com o título do Campeonato Brasileiro caso vença o rival Flamengo, às 17h (de Brasília), no Engenhão, e conte ainda com uma derrota do Corinthians para o Palmeiras.

Olhando para trás, Marcos Blanco reconhece que o trabalho foi duro, e o caminho, bem longo. Em certos momentos, admite que ficou desanimado. Mas a energia que o Vasco mostrava em campo foi servindo de combustível.

- O Vasco estava degradado, abandonado e sem comunicação. Hoje todos se comunicam, desde o presidente, passando pelos departamentos de futebol e jurídico e chegando até ao mais humilde dos funcionários. O clube funciona e tudo isso foi fruto de muito trabalho - afirmou.

Através de parcerias, o clube conseguiu ter um vestiário moderno e uma sala de musculação totalmente remodelada. Além das melhorias estruturais, o Vasco voltou a explorar seus ídolos. Se com Juninho Pernambucano não foi do jeito que muitos esperavam, com Dedé eles querem cada vez mais lançar produtos e projetos. O próximo alvo também já foi definido: Bernardo.

Apesar da alegria, ele reconhece que existe muito o que fazer. São Januário vai passar a ter ainda mais importância para o clube. A partir da inauguração da megaloja na Colina, novos projetos serão desenvolvidos. Em bate-papo exclusivo com o GLOBOESPORTE.COM, o diretor de marketing fez um balanço dos últimos anos e adiantou os próximos passos. Confira abaixo a íntegra.

O Vasco viveu um ano especial dentro de campo. Como o departamento de marketing se organizou para pegar carona no embalo da torcida?

O marketing tem de estar preparado para quando o clube viver um momento desse e não o contrário. Não adianta ter uma explosão, um largo pedido de demandas se não estivermos prontos. E quando falo nós, falo também dos outros departamentos do clube: o jurídico, o patrimônio, o futebol... O Vasco é uma empresa e os tubos todos precisam estar conectados e com uma circulação e uma troca intensa. Antes, isso não existia aqui. Atualmente oferecemos uma gama de produtos, opções, patrocinadores, parcerias e estudos que vêm melhorando constantemente o dia a dia do clube. A estrutura do clube está melhor, temos um vestiário moderno, uma sala de imprensa remodelada, uma sala de musculação perfeita, o estádio recebeu uma nova pintura, reformamos o ginásio, estamos construindo uma megaloja e por aí vai. O futebol, que é a mola mestra, acaba no fim se beneficiando direta ou indiretamente de tudo isso que vem acontecendo.

Ao terminar um ano de tanto sucesso e relembrar como o clube estava quando vocês chegaram em 2009, dava para imaginar que este seria o resultado final?

Eu esperava por isso, sim. O que aconteceu é fruto de muito trabalho, não tem outra palavra. Nos esforçamos muito para que isso acontecesse. Não foi simples, roemos muito osso. Mas todos percebem as mudanças e cada vez mais vão pintando novas oportunidades. As empresas procuram porque sabem que o Vasco se organizou e hoje é uma estrutura interligada em todos os seus departamentos. E isso é gratificante porque mesmo nos momentos mais difíceis nunca deixamos de acreditar.

Cada vez mais os trocedores estão enchendo o estádio e mostrando seu orgulho com o time do Vasco. Como o departamento de marketing pode explorar este lado?

A torcida é determinante nisso tudo. A empolgação deles é vista por quem já investe ou quer investir no clube. Por exemplo, quando fomos campeões da Copa do Brasil, fizemos questão de armar um esquema com a CET-Rio para o desfile do time a céu aberto. Aquela imagem da multidão acompanhando mostra para os parceiros que vale a pena investir no clube. Mostra que a visibilidade existe. O show que fizemos no aniversário do clube, por exemplo. Quem mais consegue reunir tantos artistas de qualidade e gabarito? O DVD será lançado no início do próximo ano provando como o Vasco é grande. Fora que antigamente o clube praticamente não tinha ações para lidar com as crianças. Hoje estimulamos esse lado com bonecos, com a mascote antes dos jogos... Queremos aumentar a nossa torcida.

Como está o andamento do programa de sócios "O Vasco é meu"? Após um início estrondoso, o programa sofreu algumas críticas.

Estamos com um sistema de operação novo que vai atender melhor ao torcedor. Já iniciamos o processo de substituição da cateirinha por uma com foto e chip. Isso vai facilitar a implementação de um projeto antigo, que é o "season ticket", no qual o associado poderá comprar uma série de jogos da temporada de maneira antecipada. Constantemente vamos fazendo incrementos e melhorias e mudando alguns focos que deram errado. Nosso programa tem quase dois anos, e acredito que seja um sucesso até agora. No início tivemos quase 20 mil sócios pagantes. Hoje, este número gira em torno de 12 mil, muito por causa da temporada na média que fizemos em 2010. Mas, com o sucesso do time neste ano, estamos tendo uma adesão de 50 por dia, em média. É o maior quadro social do Rio. Até mesmo os inadimplentes querem voltar a pagar.

O Vasco é hoje o único clube do Rio com um estádio próprio. Como explorar ainda mais a Colina Histórica?

São Januário é um patrimônio do clube. E vamos continuar explorando cada vez mais isso. Nos próximos dois meses o clube vai virar um verdadeiro canteiro de obras. Vamos retirar o alambrado e colocar lâminas de vidro temperado que darão um ar moderno sem tirar as características do estádio. Vamos substituir o placar eletrônico antigo por um de LED de última geração. Isso vai transformar o jogo em um grande evento. A interação com a torcida vai lembrar os jogos da NBA, por exemplo. Vamos mostrar os jogadores chegando, aquecendo, e isso mexe com a emoção do torcedor. Iniciamos este processo com o trem-bala inflável com música, luz e fumaça. Já fez sucesso. Este gramado vai aumentar ainda mais a interação. Além disso vamos substituir o gramado por um nos padrões da Fifa e com um sistema moderno de irrigação. Tudo isso por meio de muitas parcerias e com ajuda da iniciativa privada. O custo será mínimo.

Existe um plano para aumentar a capacidade do estádio?

Ainda não. Isso só fazendo uma obra estrutural mesmo e por enquanto não está nos planos do clube. A única obra que realizamos foi mesmo a criação do Setor Premium, que serviu para estimular a vinda de um outro tipo de público para o estádio. É uma área família, com muitas atrações, e que resgatou pessoas que estavam há muito tempo sem pisar em São Januário. Para esses o jogo é um detalhe. A diversão é o que conta.

Existe um projeto para tornar o estádio mais rentável no decorrer da semana, por exemplo?

Foi o que falei. Estamos nos estruturando cada vez mais e queremos aproveitar o nosso patrimônio, ainda mais com a Copa do Mundo chegando. Teremos um tour guiado pelo estádio. Vamos pegar turistas em seus hotéis e mostrar este estádio que faz parte da história do futebol mundial. Com a megaloja, que será inaugurada na segunda quinzena de dezembro, isso fica ainda mais relevante. Não adiantava trazer um grupo e terminar o tour na nossa antiga loja que era pequena e não atende a grande demanda. Agora estamos estruturados e podemos repetir os moldes dos grandes estádios europeus.

O Juninho retornou e esperavam-se inúmeras campanhas publicitárias com o Reizinho. no entanto, pouco se fez além da linha de camisas exclusivas. Você acredita que a imagem camisa 8 poderia ter sido mais bem explorada?

O Juninho chegou em um momento de renovação. Estávamos há oito anos sem conquistar um título. Era o momento que todos esperavam. Quando ele chegou, nos avisou que não queria tanta pompa, mas mesmo asim conseguimos fazer uma festa inesquecível na sua apresentação. Foi um momento histórico, o retorno de um ídolo... São Januário estava lindo. Logo depois, ele acabou rivalizando com os produtos lançados na esteira da conquista da Copa do Brasil e acabaram surgindo também novos ídolos como o Prass e o Dedé. Chegamos a fazer uma linha de camisas que teve bom retorno. Agora vamos ver se ele continua para fazermos cada vez mais ações. O que deu para fazer nós fizemos.

Por falar em Dedé, ele é hoje o principal "produto" do clube? Foram lançadas novas camisas exclusivas, e ele já foi até garoto-propaganda... Tem como explorar ainda mais?

O Dedé se destaca desde o ano passado. Nós já sabiamos do seu potencial e do seu talento. O destaque absoluto na mídia só veio recentemente, e nós vamos juntos. Ele é ótimo de se trabalhar, é uma pessoa carismática, irreverente e espontânea. Tem atributos que interessam às empresas. Lançamos duas camisas e queremos explorar mais o apelido de Dedeckenbauer. Só que existe um outro detalhe. As empresas que investem querem sempre saber se existe um projeto garantindo a sua permanência. Não dá para fazer grandes planos se não tiver a certeza.

Além de Juninho e Dedé, quem deste atual elenco pode vir a ser um grande potencial em termos de produtos e de marketing?

O Bernardo é uma excelente aposta. Ele tem o carinho da torcida, as crianças o adoram. Assim como o Dedé, é uma pessoa espontânea e irreverente. Se tiver vida longa no clube, vamos conseguir trabalhar a sua imagem. Mas hoje o conjunto do Vasco é a grande estrela. A torcida gosta de todos: Allan, Romulo, Eder Luis, Felipe, Diego Souza... E nós estimulamos muito isso nas redes sociais. A gente vê no nosso Facebook muita gente curtindo e compartilhando os posts.

Como você define o ano do Vasco na visão do marketing?

Não sei se a palavra é forte, mas vejo como um renascimento. Vejo, inclusive, muitos falando que o Vasco voltou a ser o que era. Este retorno da autoestima do torcedor é impagável. Em termos práticos, a nossa receita aumentou muito através de parcerias, projetos, reformas e por aí vai. A venda de camisas, por exemplo. De 2008 para cá, tivemos um crescimento de mais de 500% na nossa receita. E aumentamos a linha de produtos oficiais dos mais diversos preços, perfeito para todas as classes da nossa torcida. Vão desde um adesivo até a um relógio exclusivo de alto luxo.

E os próximos passos? Já estão definidos?

Primeiro vamos tratar algumas renovações. As primeiras são com o BMG e com a Ale. Fora isso, tem muita coisa para acontecer. Foi o que eu falei, hoje o Vasco resgatou a confiança dos investidores e assim fica mais fácil realizar não só pequenas como também grandes parcerias.




Fonte: GloboEsporte.com