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Ídolo palmeirense Oberdan conta que amizade com Vasco iniciou-se em 42
Domingo, 04/12/2011 - 09:12
Para ser pentacampeão brasileiro, o Vasco não vai depender apenas de si, mas espera a ajuda de um amigo, o Palmeiras. Se hoje em dia vascaínos e palmeirenses não costumam brigar, mesmo quando decidem títulos, é porque esta amizade é bem antiga.
Segundo o ex-goleiro Oberdan Cattani, de 93 anos, há 73 no Palmeiras, esta relação começou em 1942. Era a Segunda Guerra Mundial, e quando o Brasil entrou no conflito com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), instituições brasileiras que tinham referências a esses países tiveram de trocar seus nomes. Casos do Palestra Itália, fundado em 1914, em São Paulo, atual Palmeiras, além do Palestra Itália de Belo Horizonte, atual Cruzeiro.
— Em 1942, o São Paulo queria acabar com o Palestra e criou vários problemas. De Palestra Itália, mudamos para Palestra São Paulo, e depois, Palmeiras. Foi uma homenagem à extinta Associação Atlética das Palmeiras — explica Oberdan. — Na época, veio do Rio o Adalberto Mendes, oficial do Exército. Ele era vascaíno e veio nos dar apoio. Na decisão do Paulista, ele entrou em campo conosco, fardado, e todos levamos a bandeira brasileira.
Oberdan se revolta ao lembrar que os são-paulinos vaiaram a própria bandeira brasileira. De acordo com historiadores, o São Paulo — que não tinha o Morumbi — desejava o campo do Parque Antártica.
— Entramos com a bandeira, para mostrar que, mesmo filhos de italianos, éramos brasileiros. O Palmeiras ficou muito mal visto, por causa da Guerra — conta o ex-goleiro. — No jogo (primeiro sob o novo nome), ganhamos do São Paulo por 3 a 1, e aos 20 minutos do segundo tempo, houve um pênalti a nosso favor, mas os são-paulinos abandonaram o campo.
Oberdan foi goleiro reserva da Copa de 1950 e enfrentou o famoso Expresso da Vitória do Vasco, campeão sul-Americano de 1948:
— No Rio, torço pelo Vasco. Eu era amigo de Ademir Menezes, Chico, Danilo e Barbosa, um grande companheiro e grande goleiro.
Ainda segundo Oberdan, em 1951, no Maracanã, na final da Copa Rio — considerado pelo Palmeiras seu título mundial — a torcida vascaína apoiou a equipe alviverde, campeã contra o Juventus.
— Não há briga entre as torcidas de Vasco e Palmeiras, nem em decisões. São clubes de colônia com uma amizade formidável — encerra ele, sem palpites, mas, é claro, torcendo por Palmeiras e Vasco.
Fonte: O Globo