Minotauro elege decisão do Brasileiro de 89 como jogo inesquecível
Sábado, 03/12/2011 - 00:27
Quando o Internacional foi até Antônio Rodrigo Nogueira para fazer uma proposta de patrocínio, o trabalho e o profissionalismo acabaram falando mais alto. Por isso, Minotauro estampa hoje a marca do Colorado quando entra no octógono e já foi, inclusive, mais de uma vez ao Beira-Rio torcer pelo time no Campeonato Brasileiro e promover ações de marketing. Mesmo assim, o lutador não deixa de lado sua paixão mais antiga, desde os tempos em que ainda era garoto e comemorava os gols do Vasco. Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, ele conta que passou a torcer para o Cruz-Maltino por influência da família:
- Sou vascaíno desde criança. Meu irmão mais velho gostava muito do Vasco e isso me influenciou a torcer para o time. Nós, que somos do interior da Bahia, não tínhamos um time tão forte na cidade, então todo mundo torce para Vasco, Flamengo, Corinthians, São Paulo...
Como clássico vascaíno, Minotauro se diz fã de Roberto Dinamite, maior ídolo da história do clube. E revela que conheceu o atual presidente do Vasco quando ainda tinha somente 18 anos - hoje, está com 35.
- O Dinamite foi o cara que mais me atraía a torcer para o Vasco. Naquela época áurea, existia aquela disputa entre Zico e Roberto Dinamite. Já mais velho, com 18 anos, tive a oportunidade de conhecê-lo por meio de um amigo, o Ricardo Ibório, que era meu treinador e me apresentou a ele, e o achei muito simpático. Ele já veio na minha academia (Team Nogueira, no Recreio dos Bandeirantes) e assistiu aos treinos. Inclusive, o Amauri Bitteti, que é um treinador nosso, é casado com a sobrinha dele. Então, eles são muito amigos.
Mas Dinamite não fez parte do jogo que mais marcou o torcedor Minotauro. Depois de voltar ao Vasco após passagem frustrante pelo Barcelona, o ex-atacante se transferiu para a Portuguesa, em vista de disputar o Campeonato Brasileiro de 1989. E foi exatamente nesse ano que o clube carioca conquistou o seu segundo título nacional. O lutador se recorda plenamente da partida final, entre São Paulo e Vasco, no Morumbi, que terminou com o placar de 1 a 0 para o clube carioca, gol de Sorato, e até da comemoração após a conquista mais significativa da equipe na década de 1980:
- Eu me lembro muito bem de quando o Vasco foi campeão brasileiro em 1989, contra o São Paulo, e o Sorato fez o gol. Foi um jogão, o adversário vinha como favorito. Foi o jogo que mais me marcou. E lembro que foi um sufoco, uma partida dura e truncada, mas o Sorato fez o gol e fomos campeões. Na cidade onde eu morava, Vitória da Conquista, todo mundo foi para as ruas. Eu e meus amigos que torciam para o Vasco saímos para comemorar, foi muito bacana. Lá tem bastante torcedor do Vasco, é meio a meio com o Flamengo.
Minotauro, que também se diz fã de Romário, Edmundo, Juninho Pernambucano e Vivinho, também se lembra que já foi patrocinado pelo Vasco. Em 2001, recebia um salário mensal mais um bônus por luta em troca de estampar o escudo do clube no uniforme. Naquela época, os cruz-maltinos patrocinavam diversos esportes, como futsal, vôlei de praia, basquete, entre outros. Por outro lado, ele diz que nunca teve qualquer tipo de relação com torcidas organizadas:
- Torcida organizada vai a todo jogo, é a força que o time tem, mas em prol de ajudar. Quando é para brigar com outra torcida, não tem nada a ver, né? Nunca tive ligação com torcida organizada. Todas as vezes em que fui ao estádio fiquei lá em cima (de camarote), de burguês (risos). Nunca fui para a guerra (arquibancada), mas morro de vontade de entrar lá. Cheguei no Japão, tinha um time de Tóquio onde um amigo jogava. Eu sempre ia na torcida do time, levantava a bandeira, era bem bacana.
Mesmo com o Vasco na briga por mais um título do Campeonato Brasileiro, Minotauro revela que não tem mais tempo de ir ver o time no estádio. Ainda mais agora, devido ao patrocínio do Inter. Mas ele garante que nunca deixou de acompanhar o "trem-bala da Colina":
- Já fui a São Januário várias vezes, mas faz uns dois anos que não vou. Não tenho conseguido conciliar. Até depois que o Dinamite assumiu não consegui mais ir. Mas continuo acompanhando sempre que eu posso. Acompanhei no rebaixamento também, tem que ser nas vitórias e no sofrimento. Graças a Deus voltamos com tudo, e neste ano ganhamos o título da Copa do Brasil, que foi um jogão.
Com o MMA em plena ascensão, o peso-pesado se arrisca a dizer que o esporte já é o segundo na preferência dos brasileiros. Um dos pontos altos em 2011 foi exatamente o UFC Rio, em agosto, quando Minotauro protagonizou momentos emocionantes ao nocautear o americano Brendan Schaub. Para ele, as artes marciais misturadas proporcionam ao país um alto número de ídolos:
- Quem deixa de assistir a uma luta do UFC para assistir a um jogo de vôlei? Dá uma volta por todos os bares do Rio quando se tem um card comigo, com Anderson Silva, Maurício Shogun, alguns desses tops, para ver se alguma televisão vai estar ligada em vôlei, basquete ou qualquer outro esporte. A não ser que seja um jogo de Olimpíadas ou a final de um Campeonato Mundial, porque aí, sim, teria um maior apelo. O Brasil é carente de ídolos, e o MMA tem vários ídolos.
Rodrigo Minotauro se prepara para viver uma semana das mais empolgantes. Se o Vasco pode ser pentacampeão brasileiro neste domingo, ele próprio pode conquistar mais uma vitória na carreira. No sábado da próxima semana, dia 10 de dezembro, o Rocky Balboa brasileiro encara no UFC 140, no Canadá, o americano Frank Mir, para quem perdeu há praticamente três anos. E, desta vez deixando o futebol de lado, ele terá não só a torcida dos vascaínos e colorados, mas de todos os brasileiros.