Tamanho da letra:
|

Pai de Bernardo relembra apego do jogador à avó falecida


Terça-feira, 29/11/2011 - 17:02

Complicações numa cirurgia de hérnia umbilical mataram em 2004 dona Iza e, por muito tempo, a alegria de Bernardo. Ele tinha 13 anos, morava na Toca da Raposa, em Belo Horizonte, e, quando foi intimado a voltar às pressas para Sorocaba, não imaginava que teria a pior notícia de sua vida.

— Bernardo jogava no Cruzeiro e ficou sentido com a morte da minha sogra. Ela costumava dizer que ele tinha estrela — lembra o ex-jogador Hélio Doido, encarregado de dar ao filho a notícia da tragédia familiar.

Sete anos depois, as lágrimas do jogador do Vasco, herói da vitória sobre o Fluminense, tinham o sal do tempero da vovó Iza. Cozinheira de mão cheia do Clube União Recreativo de Sorocaba, a mineira de Carangola jamais recusou-se a preparar os quitutes preferidos do neto Bernardo.

— Minha avó faz muita falta. Por isso, me lembro dela nesses momentos especiais — diz Bernardo, com o nó na garganta mais apertado do que nunca.

Bronca no herói

A ausência de dona Iza não afrouxou os cuidados com o jovem promissor. A carreira de Bernardo decolou na base da seleção brasileira, com os títulos sub-15 e sub-17. E, ainda hoje, nos seus 21 anos, as rédeas são encurtadas pelo pai Hélio Doido, ex-centroavante que rodou por Palmeiras, Bahia, Vitória, Fluminense e Sport. Partiu dele a única bronca que Bernardo levou no dia em que foi herói.

— Ele me ligou depois do jogo contra o Fluminense. E eu disse que ele deveria ter cabeceado de olho aberto. Procuro sempre fazer críticas construtivas — revela Hélio.

Quando Bernardo discutiu com Chaparro, lá estaria mais uma vez o pai durão para chamar sua atenção.

— Fiquei triste. Conversamos. Eu disse que ele tinha entrado pela porta da frente e não poderia nunca sair pela de trás. Reclamo muito com ele também porque toma cartões bobos. O problema é que desde os 7 anos de idade o Bernardo está acostumado a vencer. Se explode de vez em quando, é porque, para ele, a bola é um prato de comida, um ganha pão — explica Hélio.

Irmão de Bruna, 23 anos, e Bianca, 18, Bernardo ainda não tem a responsabilidade de levar o pão para a casa dos pais, Hélio e Joelma, que moram em Sorocaba. O pai está parado, mas é treinador de futebol. A mãe, também desempregada, em breve reassumirá a função de recepcionista. Casado com Laila, o talismã do Vasco tem três filhos: Enzo, 5 anos, Lucas, 2, e Beatriz, 1.

Mas nada apaga a saudade dos sabores da infância ao lado da vovó Iza. Nem mesmo o do delicioso gol de uma doce vitória com o aroma de título assando no forno.

Jogador garante sua permanência

Em cerca de dez dias, ele chorou, chutou um companheiro e fez um dos gols mais importantes do Vasco nesse ano. Revelado pelo Cruzeiro, com pompas de craque, Bernardo foi artilheiro da Copa São Paulo de Juniores em 2008, mas chegou ao Vasco por baixo por conta das noitadas em Belo Horizonte e Goiânia (quando defendeu o Goiás), que sequer teve uma apresentação oficial.

— Vim para jogar para fazer historia e graças a Deus estou conseguindo. Falavam muita coisa sobre aquele jogador do Cruzeiro, mas fiquei muito tranquilo sobre isso. O Rodrigo (Caetano) confiou em mim — disse Bernardo, que deve permanecer no Vasco.

— Está tudo certo.

O atacante Alecsandro encheu o meia-atacante de elogios:

— Ele é um garoto, um menino. Muito jovem, que escuta bastante a gente. Ele vem fazendo grandes jogos, sempre que precisamos ele está pronto para nos ajudar. O Bernardo é decisivo e está sempre concentrado.

Fonte: Extra online