Muitos apostavam que o Vasco iria relaxar no Campeonato Brasileiro depois da conquista da Copa do Brasil. No entanto, o time contrariou as expectativas e chega a esta penúltima rodada com chances de levantar mais uma taça. E ainda está na semifinal da Sul-Americana. O empenho dos jogadores é motivo de orgulho para a torcida e para as próprias pessoas dentro do clube.
O elenco teve que ultrapassar outras barreiras. A mais marcante foi o AVC do técnico Ricardo Gomes, que acabou por fortalecer o time. Outro sério percalço foi o atraso de dois meses de salário em determinada época da competição. Para Felipe, um dos mais experientes do grupo, o empenho nunca mudou, o que torna o Vasco merecedor de "muito mais" neste ano.
- Passamos por muitas dificuldades, dois meses de salários atrasados, mas em momento algum deixamos de treinar, de ter empenho - disse o camisa 6.
Recuperado de dores na coxa esquerda, Felipe está pronto para o clássico contra o Fluminense, neste domingo, no Engenhão. Em boa fase, ele é um dos alicerces do time e, aos 34 anos, avisou que ainda está longe da aposentadoria.
- Tenho mais um ano de contrato, e tem muita gente para parar na minha frente (risos). Por idade, ainda estou atrás de alguns na fila. Enquanto eu tiver prazer, vou continuar.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o Maestro comentou sobre o atual momento do Vasco, seu papel de liderança dentro do time e também sobre as expectativas para a briga pelos títulos.
Depois de passar por anos difíceis, o Vasco voltou a ser campeão e a figurar na parte de cima da tabela justamente após o seu retorno e o do Juninho. O que significa fazer parte desta recuperação?
Para mim, é uma satisfação muito grande poder voltar a fazer parte da história do Vasco, poder conquistar mais títulos. Tenho prazer de jogar futebol, e isso se deve muito ao grupo também. Todos são muito unidos, têm uma sintonia grande dentro de campo. Isso fez com que conquistássemos a Copa do Brasil, e ainda estamos na luta por mais duas taças. Independentemente do que acontecer, todos estão de parabéns e já estão marcados na história do clube.
Em fevereiro, você disse que era mais fácil para a estátua do Romário fazer gol do que para você. Apesar disso, você fez sete gols, seu recorde em uma temporada no Vasco.
O recorde também é bem pouco, né? (risos). Por eu ter falado isso, de repente o Romário me deu sorte também. Acho que a experiência fez com que eu soubesse me colocar melhor dentro de campo, já que não tenho mais a vitalidade de antes. Fazer gols não é minha especialidade, mas espero poder fazer mais e ajudar o time.
Já sentiu alguma diferença do Felipe que tinha 33 anos para o de agora, que tem 34?
Não, não senti. O que eu sinto é diferença do Felipe que tinha 18, 20 anos. O vigor agora não é o mesmo. Às vezes você quer fazer alguma coisa e acaba não conseguindo, mas acho que estou bem fisicamente e conseguindo ajudar nesta bela campanha.
O bom rendimento atual faz você aumentar sua projeção do quanto ainda vai jogar?
Tenho mais um ano de contrato, e tem muita gente para parar na minha frente (risos). Por idade, ainda estou atrás de alguns na fila. Enquanto eu tiver prazer, vou continuar.
Você declarou algumas vezes que poderia parar a qualquer momento. Alguma vez isso esteve perto de acontecer?
Às vezes, quando acontece uma lesão, quando você está um pouco desanimado, isso passa, sim, pela cabeça. Mas graças a Deus meu momento agora é muito bom. Tive uma boa sequência de jogos que me deram confiança. Isso mostrou que ainda tenho condições de ajudar o Vasco por muitos anos.
Qual é a sensação de acompanhar de perto a evolução de jogadores como Allan e Romulo, que veem você como espécie de pai, além de ídolo?
Para mim, é uma satisfação muito grande, sempre me dei bem com a garotada. Já passei por todas as dificuldades por que eles passaram. Mas hoje a estrutura é bem melhor do que na minha época. Procuro deixá-los sempre à vontade, porque têm muita qualidade. O jogador pode ficar um pouco acanhado logo que vai para o profissional. O importante é que estão dando conta do recado. O Romulo já chegou à Seleção, e o Allan foi campeão com a sub-20. Certamente vão dar muitas alegrias ainda.
Está pronto para o clássico contra o Fluminense? Na sua opinião, o que ainda pode acontecer nestas duas rodadas finais do Brasileiro?
Eu me machuquei, mas fiz tratamento intensivo e estou pronto para jogar. Tudo pode acontecer. O Brasileiro é muito nivelado, há muito equilíbrio. Corinthians, Vasco e Fluminense estão vivos, estão de parabéns. O Fluminense melhorou bastante com o Abel. O Corinthians tem um plantel muito forte. Temos ciência da dificuldade, mas enquanto houver chance vamos lutar pela ponta do campeonato.
Ainda há a possibilidade de colocar mais dois títulos no seu currículo. O que isso representaria?
Isso é meu alimento. Cada vez quero mais. Meu oxigênio é cada vez mais entrar na história do Vasco. Vou em busca disso, quero ficar ainda mais no coração dos vascaínos.
Esse Vasco precisou superar problemas fora de campo que muitas vezes tiram os times do rumo. Como foi superar isso?
Esse grupo vai ficar marcado por isso também. Passamos por muitas dificuldades, dois meses de salários atrasados, mas em momento algum deixamos de treinar, de ter empenho. Entendemos a situação do clube, e o resultado foi esse. O esforço foi válido, já conquistamos a Copa do Brasil e merecemos muito mais. Temos totais condições de ganhar estes dois títulos.
Fonte: GloboEsporte.com