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Juninho Paulista relembra virada história do Vasco em 2000
Sexta-feira, 18/11/2011 - 12:51
Por: Juninho Paulista, ex-jogador do Vasco
"Era uma final na casa do adversário com ele ganhando por 3 a 0 no primeiro tempo e mesmo assim nós viramos. É uma coisa que dificilmente vamos voltar a ver no futebol. A semana de preparação para o jogo foi especial, porque também estávamos na reta final da Copa João Havelange.
Na preleção, o Joel Santana não se preocupou em falar de tática, até porque tínhamos jogado duas vezes contra o Palmeiras e sabíamos como eles jogavam (o primeiro jogo o Vasco venceu por 2 a 0 e o segundo deu Palmeiras: 1 a 0). Foi uma preleção motivacional. O Vasco era superior individualmente, mas o Palmeiras soube nos marcar bem e não deixou a gente matar os dois jogos, como tínhamos imaginado fazer. Por isso tivemos o terceiro jogo no Palestra Itália.
Entramos com muita cautela, respeitando o adversário. Talvez respeitando até demais. Relaxamos e o Palmeiras fez 3 a 0 ainda no primeiro tempo. Percebi que alguns jogadores deles estavam confiantes demais, achando que iriam fazer quatro ou cinco em nós. Isso nos deu mais força para buscar o placar.
O Tiago Silva e o Magrão mostravam uma confiança muito grande e o Tuta até estava dando risada. No intervalo, fomos para o vestiário e ao invés de broncas, nos preocupamos mais em lembrar que do mesmo jeito que eles fizeram três em um tempo, nós também podíamos fazer. A ordem era não se abater e levantar a cabeça. Comecei a acreditar que dava para virar quando vi a volúpia do time em campo no segundo tempo.
Até o Sérgio (goleiro do Palmeiras) me disse depois que parecíamos um rolo compressor em cima deles. Eles sentiram que não ia ter jeito, tamanha a força que mostramos.
O Romário fez dois gols e o terceiro foi meu. O Viola passou para o Romário, que tentou chutar, mas errou. A bola bateu na perna dele e sobrou para mim. Chutei de esquerda no meio do gol, enganando o Sérgio.
Depois que empatamos, resolvemos que já estava de bom tamanho. Pelo amor de Deus! Conseguimos empatar um jogo perdido por 3 a 0. Estava ótimo decidir nos pênaltis. Mas o Romário aproveitou um vacilo e fez o quarto gol.
Na comemoração, fiz uma coisa que nunca havia feito na carreira. Mandei a torcida do Palmeiras ficar quieta, porque a emoção foi grande, mas é algo que me arrependo. É que na hora não aguentei. Foi uma das maiores emoções que tive no futebol.
Não acreditava que aquilo estava acontecendo. O pior de tudo é que o Eurico (Miranda, presidente do Vasco na época) nos prometeu premiação e não recebemos até hoje. Só fomos campeões porque aquele time era de homens de verdade.
Eu fiquei seis meses sem receber salário no Vasco, o Jorginho ficou um ano, e outros também tiveram problemas. Mesmo assim, fomos campeões."
Fonte: Estadão