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Por: Roberto Dinamite, ex-jogador e atual presidente do Vasco

"Fiz mais de mil partidas em toda a minha carreira, mas uma especial me marcou. Foi quando voltei para o Brasil, vindo da Espanha, em 1980, e marquei cinco gols no Corinthians. Não foi um jogo diante de qualquer time, foi contra o Corinthians, que tinha Sócrates, Caçapava, Jairo... Fazer 5 a 2 no Corinthians é muito difícil. Joguei profissionalmente por 20 anos e não me lembro de outro jogador que tenha tido a honra de marcar cinco gols contra o Corinthians. Isso é marcante para qualquer atleta.

Não esperava fazer tantos gols, mas começou a sair um atrás do outro. Eu tive seis oportunidades e marquei cinco. O Vasco, como um todo, jogou muito bem e isso facilitou as coisas para mim. Tenho de ressaltar que contei com a colaboração de todo o grupo. Fiquei seis meses no Barcelona e a experiência não foi o que eu imaginava. Aí retornei para o Vasco e reencontrei o Maracanã cheio, com mais de 100 mil pessoas.

A minha expectativa era muito grande. Era a volta para a minha casa, para as minhas origens, para a família vascaína. Tudo tinha um significado muito especial.

Não cheguei a fazer uma preparação diferenciada, mas me preparei para que as coisas acontecessem bem e foi muito legal. Foi um dia em que deu tudo certo para mim. Foi uma volta memorável. Fico até arrepiado de lembrar daquele jogo.

Apesar do placar elástico, não foi uma partida fácil, foi muito difícil. Logo no começo, o Corinthians saiu na frente com Caçapava, que recebeu um passe do Basílio, ficou na cara do Mazaropi e encheu o pé. Só a partir dali foi que o Vasco saiu mais para o jogo, buscou o resultado e o time deslanchou. Não demorou muito e logo depois de o Corinthians fazer o gol consegui empatar. Roubamos uma bola e já dentro da área eu fiz o gol.

No segundo gol, contei com a sorte. Eu arrisquei de longe, a bola quicou e o Jairo não conseguiu pegar. Depois veio o terceiro. Numa jogada de velocidade, eu entrei por trás da defesa, o Guina meteu a bola para mim e eu dei um chute forte da entrada da área. Foi um belo gol.

Em seguida, o Dudu bateu de longe e o Jairo fez a defesa, mas a bola voltou. Eu ganhei na velocidade do zagueiro, toquei no canto e fui para a galera. Antes do fim do primeiro tempo, o Corinthians ainda diminuiu com o Sócrates, de pênalti. Mas o jogo era nosso, não tinha jeito.

No segundo tempo, fiz o gol mais bonito do dia. Peguei a bola na intermediária, fui carregando, cortei para a direita e bati forte. A bola entrou no ângulo. Foi um golaço. A repercussão daqueles cinco gols foi ótima tanto no Brasil quanto na Espanha. O pessoal me mandou alguns jornais espanhóis que diziam: “Esse é o verdadeiro Dinamite.""

Fonte: Estadão