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Ao entrar na sala da presidência em São Januário, a presença do Botafogo, adversário do Vasco no Engenhão, é marcante. Não por causa do passado do presidente Roberto Dinamite, que já declarou ter sido alvinegro na infância. Mas pela lembrança física do gol antológico do atacante no Carioca de 76 sobre o rival, apresentado lance a lance num quadro em frente à mesa do dirigente.

Há 35 anos, momento que ainda marca tanto vascaínos quanto alvinegros. Certamente parte do público que vai encher o estádio neste domingo, às 19h, estava entre os 40 mil presentes ao Maracanã ou assistiu pela TV ao chamado "gol do lençol". Aos 45 minutos do segundo tempo, Dinamite recebeu cruzamento de Zanata na direita, matou a bola no peito, deu um lençol no zagueiro Osmar e chutou forte, sem defesa para o goleiro Wendell.

— Foi um gol muito bonito e muito importante para o Vasco, que precisava vencer para se classificar. Por causa da importância dele, gerou essa marca. Foi um dos gols mais bonitos no Maracanã — lembra o presidente, que não ganhou placa, mas o golaço ficou registrado em uma foto exposta a partir de 2002 no hall da entrada do estádio. Porém, ela foi retirada por causa das obras.

Como na noite deste domingo, a partida não valia troféu, não era a última rodada, mas era decisiva para as pretensões do time de São Januário naquele carioca de 76. A virada de 2 a 1 no minuto final do jogo manteve o Vasco na briga do título do primeiro turno, que acabaria vencendo. E valeu para Dinamite e Osmar entrarem para a história do Maracanã. O zagueiro até hoje sofre com as brincadeiras.

— O Osmar tinha um estilo de zagueiro moderno, tecnicamente era muito bom, mas aconteceu aquilo. Ele já veio aqui e tinha um quadro desses do lado de fora da sala e disse: "Até aqui tem!" Sempre vem alguém falar sobre o gol quando estou com ele ou sozinho. Muitos botafoguenses me param, relembram aquele lance e elogiam. Até tento esquecer esse gol, mas nem os botafoguenses deixam — brincou Dinamite.

De lembrança, só a memória, imagens e vídeos. Dinamite não recebeu placa pelo gol e nem pôde guardar a camisa 10, que virou souvenir do então Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen.

— No intervalo, eu e o Ademir, que éramos os capitães, fomos até a Tribuna de Honra onde estavam o Simonsen e o secretário geral dos EUA. No fim do jogo, ele foi ao vestiário e acabou ficando com a camisa — recordou.

Além do belo gol, Dinamite garante que na maioria das vezes foi vitorioso do confronto com o rival. Agora, como presidente, seu passado vencedor não conta mais.

— Isso é só para a minha lembrança. Hoje é outra situação. Tudo depende do dia. Jamais poderia imaginar que eu fosse fazer aquele gol ali. O Vasco perdeu esta ano por 4 a 0, mas já ganhou recentemente de 6 — disse.

Dinamite e ninguém têm como adivinhar o placar desta noite. Mas para quem fez parte de grandes times, reconhece a força do atual.

— O Vasco tem que entrar atento como fez no meio da semana. Acredito muito no momento do clube — afirmou o dirigente, que torce por outros golaços vascaínos.




Fonte: Globo Online