Felipe estreou pelo Vasco enfrentando o Botafogo, em 1996
Sexta-feira, 11/11/2011 - 15:32
Felipe já foi chamado de muitas coisas. Fenomenal para quem joga ao seu lado, abusado para quem o persegue pelo campo. Em 15 anos como profissional, completados no último dia 3, o roteiro sempre se repete. Neste domingo, o Engenhão será o palco do camisa 6 no reencontro com um velho conhecido. O Botafogo, time contra o qual estreou pelo Vasco em 1996, será o adversário na busca pelo oitavo título da carreira mais vitoriosa da história da Colina
A camisa mudou algumas vezes. Virou a verde do Palmeiras, a rubro-negra do Flamengo, a tricolor do Fluminense e até teve escritos em árabe na passagem pelo Al-Saad, do Qatar. Porém, foi no Cruz-Maltino que Felipe fez história, por ser o jogador com maior número de conquistas do clube. Sete gritos de campeão, contagem que pode aumentar em dezembro, se conquistar o título brasileiro e a Sul-Americana.
Quem trabalha com Felipe hoje destaca a vontade de garoto do meia de 34 anos.
- Estou no Vasco há cerca de quatro meses. O que vi nesse tempo todo foi o profissionalismo do Felipe. Ele chega cedo, está sempre disposto para treinar e fica chateado quando não pode, por conta de uma lesão que aparece com a idade. Mas está superforte e quer o título brasileiro para coroar a história bonita da carreira dele.
Para contar capítulos da carreira de um dos principais personagens da Colina, o GLOBOESPORTE.COM conversou com algumas pessoas que foram marcantes em sua carreira. Pedrinho, o amigo de infância e companheiro dos gramados, Antônio Lopes, o primeiro técnico, e Gonçalves, um dos responsáveis por marcá-lo em sua estreia pelo Vasco. De trote após jogos de baralho à saída de suspensão nos juniores direto para brilhar no clássico contra o Botafogo no time principal, o caminho para se tornar ídolo foi longo, mas também muito prazeroso.
Pedrinho, ex-Vasco e atualmente no Olaria
- A gente se conheceu quando tinha seis anos. Tenho um carinho muito grande por ele desde pequeno. Mais do que um cara que jogou comigo, é um amigo, um irmão. Lembro de uma história engraçada. Tínhamos uns 12, 13 anos. Estávamos jogando baralho, e eu perdi. Aí, o castigo era ter que ir até a piscina. Só que o caminho era longe, passava por um matagal. Eu era criança, fiquei com medo. Aí ele me fez comer um alho por não ter ido (risos). Sempre lembro com carinho de tudo o que vivemos juntos. Sinto-me representado também ao vê-lo ainda brilhando no Vasco. Ele enfrentou muitas dificuldades para chegar onde chegou. Já tem o nome na história do clube e ainda acredito que vai conquistar o Brasileiro e a Libertadores para ser um dos maiores que já passaram por ali, com certeza.
Antônio Lopes, primeiro técnico do Felipe no Vasco e atualmente no Atlético-PR
- Logo na minha primeira semana no Vasco, em 1996, o lateral-esquerdo se machucou. Eu estava um pouco desatualizado do futebol brasileiro. Então, resolvi conversar com meu filho sobre opções, e ele me disse que tinha alguém que jogava muito nos juniores, mas que estava um pouco sumido, não estava atuando. No dia seguinte, eu perguntei para o meu auxiliar quem era esse garoto, esse tal de Felipe, e ele me disse que jogava muito, mas que estava sempre com problemas. Eu disse que não fazia mal, que era para ele vir. Estava suspenso, em casa, pois tinha cometido um ato de indisciplina. Pedi para que viesse para treinar. No primeiro treino, arrebentou! Deu caneta em um, chapéu em outro. Isso foi numa quinta, sexta-feira. No domingo, coloquei-o contra o Botafogo e nunca mais saiu. Lembro também da primeira vez que o tirei da lateral. Foi contra o Americano, no Carioca de 1998. Ele marcou o gol da vitória, que ajudou na conquista do título daquele ano. Nasceu pra isso. Habilidoso, de uma técnica fenomenal. Um bom garoto, bom filho. Nunca foi de beber, bebida dele era só refrigerante. Não era de noite. Um dos jogadores fora de série que passaram pelas minhas mãos.
Gonçalves, ex-zagueiro do Botafogo que estava na estreia de Felipe no Vasco
- Desde o primeiro jogo já era muito difícil marcar aquele garoto. Ele conquistou a torcida rapidamente, lembro bem disso. Era muito habilidoso, rápido demais. Tem um drible que todo mundo conhece, mas que, até hoje, ninguém conseguiu desarmar. Também tinha a característica polêmica. Não se intimidava com marcação, ia para cima mesmo. Sempre teve muita personalidade. Naqueles duelos clássicos entre Vasco e Botafogo em 1997, que teve direito até à tal reboladinha do Edmundo, Felipe estava lá o ajudando. Era abusado, o menino. No bom sentido, claro (risos).