.

Faq Entre em Contato Página Principal
Home | Notícias

NETVASCO - 30/08/2007 - 14:13 - Confira entrevista com Mauro Brasil, vascaíno medalhista no Parapan

Atleta do Vasco, o fisioterapeuta Mauro Luiz Brasil da Silva, de 25 anos, conquistou três medalhas na natação nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007: o ouro nos 50m livre e revezamento 4x100m, e a prata nos 100m livre. Maurinho também disputou as finais dos 100m costas e 100m borboleta, ficando respectivamente na 5ª e 4ª colocações. Confira abaixo a entrevista concedida por e-mail pelo nadador à NETVASCO. Aproveite também para visitar o novo site do atleta, clicando aqui.

Conte sua trajetória na natação. O que te levou a praticar o esporte?

Comecei aos 3 meses por indicação do pediatra e também pela família ser de esportistas. Meu pai jogou até o infanto-juvenil pelo Vasco, com os professores Pascoal e Julio, na década de 60. Aos 8 anos comecei a competir com a natação convencional. Em 1996 conheci a natação para portador de deficiência e a partir dessa data não parei de conquistar títulos, como as Paraolimpíadas de Sydney e Atenas, dois Mundiais e 3 Parapan-americanos (14 de ouro e 1 de prata em 3 Jogos Parapan-americanos). Fui recordista mundial de 1998 a 2000 e atualmente sou recordista parapan-americano na prova de 50m livre, 50m borboleta e revezamento 4x100m livre.

E a sua trajetória como vascaíno e atleta do Vasco? Qual foi seu momento de maior felicidade como torcedor do Vasco?

Minha trajetória como vascaíno começou quando nasci. Além de atleta do Vasco, eu e minha família somos todos vascaínos. Minha primeira passagem pelo Vasco foi em 2000, no projeto olímpico, e regressei ao Vasco em 2005 e estou até hoje. Meu maior momento de felicidade como torcedor foi o título da Libertadores de 1998, no qual estive presente em todos os jogos.

Fale sobre a sua vitoriosa participação nos Jogos Parapan-americanos Rio-2007. Qual foi o momento mais difícil?

Os Jogos Parapan-americanos foram emoções nunca vividas em minha carreira. O público presente, a imprensa dando uma maior ênfase e a família e amigos próximos, fizeram com que tudo fosse muito mais importante do que qualquer outro campeonato. Fui com a idéia inicial de ganhar duas medalhas (50m livre e revezamento 4x100m) e com o bom desempenho nos treinamentos finais percebi que os 100m livre também seriam uma prova para brigar por medalhas. No final tive um saldo muito positivo de 2 de ouro e 1 de prata, com a quebra do recorde parapan-americano no revezamento. O momento mais difícil foi na prova dos 100m livre, pois nas eliminatórias nadei muito mal, me classifiquei com o último tempo para as finais e estava um pouco triste, mas a técnica da seleção brasileira e coordenadora do projeto paraolímpico do Vasco, Lívia Prates, foi muito importante para minha superação nas finais, me ajudando a conseguir uma medalhada de prata.

Você estava inscrito na prova dos 200m medley. Por que não a disputou?

Minhas provas principais são os 50m livre e 100m livre. Os 200 medley são uma prova nova, comecei a nadar esse ano e conseqüentemente consegui o índice para o Parapan-americano. Infelizmente em 6 meses você não consegue obter um nível adequado para nadar em competições importantes e a principal prova viria depois de dois dias. Conversei com meus técnicos (Márcio Santos e Wilkens Júnior) por telefone e com a coordenadora Lívia Prates, e ficou resolvido que era melhor sair dessa prova e continuar o foco nos 50m livre. Foi a melhor solução tomada pois no sábado conquistei o ouro nessa prova.

O que falta no Brasil para o esporte para pessoas portadoras de necessidades especiais receber maiores incentivos dos governos, empresários e clubes?

A mídia já esta dando uma maior atenção ao paradesporto, e, conseqüentemente, com essa exposição, as empresas irão se interessar em usar sua marca nesses atletas. O povo já está conhecendo melhor e tirando a idéia apenas de deficiente e sim de um atleta que treina todos os dias e tem seus deveres a cumprir para ser um campeão. Espero que o Parapan-americano tenha sido um divisor de águas nos clubes. O apoio dado pelos clubes aos atletas é quase nenhum. Precisamos mudar isso para que tenhamos condições de ter um bom treinamento, bons materiais e suporte adequado para competições fora do estado.

Você já sofreu ou presenciou algum tipo de preconceito? Ainda há alguma barreira a ser quebrada, também com o público?

Hoje em dia o preconceito é das empresas por não realizarem parcerias com o movimento paraolímpico. Em minha vida sofri poucos preconceitos, graças a Deus. Minha infância foi muito tranqüila e tenho bons amigos, que não deixavam esse preconceito chegar a mim. Na natação, tive uma técnica (Ana Patrício) que ficou ao meu lado desde os 7 até os 22 anos e também lutou muito comigo para não haver essa barreira do preconceito na natação. As pessoas que me envolvem não deixam muito esse preconceito aparecer e eu, com meu trabalho e minhas conquistas, não dou oportunidade do preconceito aparecer.

Houve pelo menos duas polêmicas no Parapan. Representantes do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência) reclamaram do lado de fora da Vila Pan-americana do fato da festa de encerramento não ser aberta ao público. A outra foi o tratamento dispensado aos atletas, que não contaram com assistência médica privada. Como você encarou esses fatos?

Foram dois fatos realmente lamentáveis. O primeiro porque depois de todo o apelo ao público para ir aos Jogos e o público ter ido prestigiar e aprender a gostar do esporte adaptado, infelizmente a organização não fez uma festa de encerramento à altura dos que foram aos Jogos. Em relação à assistência médica privada, foi um fato extremamente lamentável, pois dá margem para começarmos a falar de preconceito. Os Jogos Parapan-americanos teriam que ter uma atenção especial desse setor pela organização principalmente pelo fato de os atletas presentes serem portadores de alguma deficiência. Infelizmente isso não ocorreu e ainda houve um falecimento ao final dos Jogos.

(Nota da NETVASCO: O falecimento a que Mauro Brasil se refere é o do para-atleta argentino Carlos Raul Maslup, de 48 anos, medalhista de bronze no tênis de mesa, que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) na Vila do Pan um dia antes do fim dos Jogos. Foi encaminhado ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, que não pôde recebê-lo por falta de vagas. Dez horas depois, foi levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, onde faleceu.)

Gostaria que você falasse um pouco da sua treinadora, e também namorada, Lívia Prates. Ela é a sua maior incentivadora?

Ela está junto com minha família como os principais incentivadores nessa minha carreira na natação atual. Desde 2005 ela intermediou o meu regresso ao Vasco, e fez com Márcio Santos e Wilkens Júnior uma superequipe de técnicos competentes para eu ter o maior suporte possível para obter esses bons resultados.

O que você gosta de fazer em seu tempo livre?

Adoro jogar bola (meu técnico fica louco com isso), fazer churrascos com amigos e ir aos jogos do Vasco.

Quem são os seus ídolos na natação e no futebol?

Gustavo Borges e Roberto Dinamite (mesmo não tendo visto ele jogar muitas vezes).

Você disputará os Jogos Paraolímpicos de Pequim-2008? Quais são os seus planos até lá?

Já consegui o índice para o revezamento 4x100m livre e para os 50m livre. O foco agora é um programa de treinamento para Pequim e, ao longo desse um ano que nos resta, ir atrás de índices em outras provas e continuar o trabalho junto com a equipe convencional de natação do Vasco.


Mauro Brasil demarcando território na Vila Pan-Americana


Fonte: NETVASCO (texto), Site oficial do Vasco (foto)


NetVasco | Clube | Notícias | Futebol | Esporte Amador | História | Torcidas
Mídia | Interativo | Multimídia | Download | Miscelânea | Especial | Boutique