Netvasco - 07/08 - 01:30 -
Romário não quer ser convocado agora
Luiz Felipe Scolari não perdeu por esperar. Ao deixar Romário de fora da convocação para o jogo contra o Paraguai no dia 15 de agosto, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, o técnico da Seleção Brasileira se pôs à mercê do artilheiro. E a resposta de Romário não demorou. No domingo, marcou quatro gols no Guarani - completando 23 em 23 jogos pelo Vasco este ano -, teve seu nome aclamado e a convocação pedida pelos torcedores. Ontem, fiel ao seu estilo, de quem se considera eternamente o melhor, desdenhou de um possível chamamento tardio de Felipão - no lugar de Élber, que juntamente com Rivaldo e o zagueiro Lúcio, não se apresentarão hoje em Curitiba.
''Desse jeito, não quero. A minha história no futebol e na Seleção não combina com uma convocação para entrar no lugar de alguém. Tenho de ser chamado sempre na primeira vez. Ou é desse jeito ou não tem convocação'', disse o atacante, decretando que não estará mesmo em campo para enfrentar o Paraguai, em Porto Alegre, no jogo decisivo para a classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 2002 - uma derrota tornará ainda mais real o pesadelo de a Seleção ficar fora de um Mundial pela primeira vez. ''Esse jogo vai ser complicado. A defesa do Paraguai tem o Gamarra e é uma das melhores do mundo'', previu ele.
Argentina - De fora do jogo, Romário jura que vai torcer para o time que enfrentará os paraguaios. Depois, aguardará a convocação para enfrentar a Argentina, em Buenos Aires, dia 5 de setembro, o jogo seguinte pelas Eliminatórias. ''Até lá vou estar 100% fisicamente. E continuarei marcando gols no Brasileiro''.
Mesmo sem querer provocar Felipão, e com a ressalva de que respeita a decisão do treinador, Romário põe responsabilidade pelo que possa acontecer de errado contra o Paraguai na conta do treinador. ''Respeito o Felipão. Mas espero que ele esteja certo e saiba o que está fazendo'', disse.
Com a autoridade de quem se aproxima da marca dos 800 gols, arrisca um conselho aos atacantes que irão substituí-lo: ''Que façam gols, não tem outro caminho. Só que parece que está cada vez mais difícil fazer gol, não é?'', debocha, escorado no próprio talento.
Especialmente para os jogadores que Romário tem visto com a camisa que acha ser sua na Seleção Brasileira. Élber, Jardel, Guilherme, Marques, Sávio, Edílson, nenhum nome o encanta. ''Eles não são especialistas em fazer gol e ainda têm de enfrentar defesas fechadas, o que torna a coisa mais difícil'', analisou.
Atalho - A tese só não se aplica ao próprio artilheiro. ''Para mim está mais fácil ainda. Estou mais velho, me coloco melhor na área'', repetiu. Romário lembra que agora caminha pelo atalho para fazer gols em quantidade, como no domingo. Mas garante que não quis com a atuação de domingo mostrar algo mais para Felipão ou para quem quer que seja. ''Não tenho de provar nada para ninguém. Só mesmo no Brasil se consegue ainda duvidar de um jogador como eu.''
Tudo devido à memória curta que Romário diz que o brasileiro tem. Ele dá um exemplo. ''Estou há dois jogos sem fazer gol. Pois parece que foram dez, todo mundo só falava nisso. Deve ser porque estão tão acostumados a me ver fazendo gol que acabaram estranhando'', riu.
Por conta dessa mania nacional de se dar as costas aos ídolos, Romário se disse feliz com o que leu na coluna de Marcos Caetano, publicada na edição de ontem do Jornal do Brasil. ''Foi muito legal. Queria até agradecer a ele pelo que disse de mim na coluna''.
Ronaldinho - Romário quer jogar contra a Argentina, que tem 32 pontos ganhos nas Eliminatórias e é considerada pelo atacante a melhor seleção no momento. ''Esse é o tipo de jogo que eu gosto''. Outra vez mais Romário do que nunca, o atacante minimizou a possibilidade de ter a companhia de Ronaldinho no jogo em Buenos Aires. ''Nem quero saber quem vai jogar comigo. Tem de ser eu e mais um''.
Fonte: Jornal do Brasil |
