Marinakis e Radrizzani representam caminhos diferentes na negociação pela SAF do Vasco
A diretoria do Vasco associação está em plena negociação para uma possível revenda da sua SAF. No momento, há dois possíveis investidores na disputa: o grego Evangelos Marinaki, dono do Olympiacos e do Nottingham Forest, e o italiano Andrea Radrizzani, dono da Sampdoria e de parte da DAZN.
Os dois representam caminhos bem diferentes em relação ao processo de transição, ao nível de controle da SAF pelo investidor e ao tipo de grupo de cada lado.
A diretoria vascaína — comandada pelo presidente Pedrinho — já indiciou que gostaria de um investimento inicial de R$ 350 milhões por uma possível compra de 31% das ações. A avaliação da SAF seria na casa de R$ 1 bilhão na visão do dirigente.
É preciso haver uma negociação com A-CAP — nova dona da 777 — que receberia parte desse dinheiro para repassar suas ações.
A partir daí, o Vasco já enviou esta semana ao grupo de Radrizzini os documentos financeiros e contratos do clube para o início da Due Diligence — processo de análise e investigação de uma empresa.
Radrizzini não pretende investir sozinho. Sua ideia é trazer outros nomes com ele. Entre os seus sócios habituais, está a QSI (Qatar Sports Investments), dona do PSG e o grupo 49rs, dono do San Francisco 49rs. Há possibilidade de outros investidores.
A empresa Sportive, uma das maiores agências de marketing do mundo, também é uma parceira habitual na consolidação do negócio.
Do lado do grego, está como seu intermediário o empresário de futebol Giuliano Bertolucci. Trata-se do agente mais poderoso do futebol brasileiro atualmente.
Há ainda uma diferença no modelo de negócios. Radrizzini tem conversado diretamente com Pedrinho e tem se mostrado flexível em relação à transição para o controle da SAF.
O aporte de R$ 350 milhões seria estruturado em formato de empréstimo com a transformação em ações do clube. Neste modelo, haveria uma transição e o controle continuaria inicialmente com Pedrinho. Mas, a longo prazo, iria para o grupo do italiano que iria adquirir toda a SAF com mais investimento.
A diretoria da associação, no entanto, continuará a ser ouvida na condução do futebol, ao contrário do que ocorria com a 777.
Já no caso de Marinakis, a intenção é a compra total do controle da SAF do Vasco. Ou seja, o grego é menos flexível para continuar a dividir poder com a associação.
Seu grupo de clubes — composto por Olympiacos, Nottingham Forest e Rio Ave — tem total controle do grego. Bertolucci teria papel importante no projeto, não apenas seria um intermediário.
Curiosamente, Radrizzini e Marinakis são conhecidos do mundo de negócios do futebol e têm boa relação, segundo relatos de pessoas em comum. Mas, neste caso, estão em disputa por entenderem que o futebol brasileiro é um novo porto a ser explorado.
Procurado, o Vasco associação informou que não poderia se pronunciar porque o assunto de sua SAF está em mediação.
Fonte: Coluna Rodrigo Mattos - UOL