Auxiliar de Ricardo Sá Pinto, Rui Mota relembra passagem pelo Vasco e elogia os torcedores: 'Fantásticos'
"No Vasco da Gama, estava a montar o treino e vejo 20 indivíduos a saltar os muros para pedir satisfações. O Sá Pinto foi na direção deles"
Rui Mota abraçou este ano o primeiro projeto como treinador principal de futebol profissional e já vai no segundo clube, por opção própria, em busca de conquistar um título no final da presente época. Ambicioso, confessa que um dia gostava de treinar na Premier League e na I Liga portuguesa. Nesta parte II do ‘Casa às Costas', conta como foram os últimos anos como adjunto de Sá Pinto, revelando mais alguns pormenores e histórias. E conta como é difícil conseguir chegar a treinador principal sem ter sido jogador profissional
Foi como adjunto de Ricardo Sá Pinto para o Vasco da Gama, do Brasil. Como foi o primeiro impacto quando chegou ao Rio de Janeiro?
Brutal, porque o Vasco é um clube imenso, com uma massa adepta fantástica. Estava numa situação muito delicada do ponto de vista financeiro, uma equipa com muitas dificuldades de recursos de jogadores, era fraca, mas as coisas correram bem, estávamos dentro daquilo que eram as nossas expectativas. E fomos despedidos.
Acabam por ser despedidos porquê?
Porque é o futebol brasileiro [risos]. Achavam que alguém faria melhor. Depois de sairmos a equipa teve um retrocesso. Quando saímos a equipa estava acima da linha de água e acabaram por descer. O presidente achava que com outro treinador conseguiria melhor.
Adaptaram-se bem ao futebol brasileiro?
Sim. Era um futebol com menos intensidade e menos qualidade tática, mas, do ponto de vista técnico, um jogo bastante evoluído. Tínhamos obviamente a nossa identidade e forma de jogar, mas também nos adaptámos sempre muito àquilo que eram os recursos que tínhamos. Tentámos melhorar, sobretudo naquilo que eram as questões táticas e de intensidade. Ainda conseguimos passar uma eliminatória da sul-americana, com o Caracas da Venezuela. Depois perdemos em casa por 1-0, era [Hernán] Crespo o treinador, e foram eles a ganhar a Taça Sul-Americana naquele ano. No campeonato estávamos com dificuldades, mas acima da linha de água.
Que tal os adeptos brasileiros?
Fantásticos. É pena estarmos na pandemia, ressentimo-nos muito de não ter o estádio com o nosso público, porque é muito difícil jogar sem a nossa massa adepta que é muito quente. Isso desfalcou-nos. Os adeptos no dia a dia são de um respeito, uma consideração muito grande. Após sermos despedidos, ainda tivemos algum tempo no Rio de Janeiro e a maneira como as pessoas tratavam o Ricardo, o carinho que mostravam por ele, era fantástico.
Fonte: Tribuna Expresso