Vasco terá 3 atletas nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024
Terça-feira, 13/08/2024 - 08:46
O torcedor vascaíno terá um motivo a mais para acompanhar os Jogos Paralímpicos de 2024: torcer por três paratletas do Vasco. O trio viaja nesta terça-feira para São Paulo, de onde embarca rumo a Paris.

Os atletas são Lídia Cruz e Daniel Xavier Mendes, da natação, e Diogo Rebouças, do vôlei sentado. Para conhecer melhor os atletas e o trabalho do Vasco com os esportes paralímpicos, o ge entrevistou Livia Prates, coordenadora da área do clube e técnica da seleção brasileira de natação paralímpica.



Os esportes paralímpicos

Livia Prates está no Vasco desde 2004 e tem relação direta com o crescimento dos esportes paralímpicos do clube. Vascaína, ela chegou a São Januário há 20 anos para ser técnica de natação convencional do time, até que em 2007, um atleta mudou o rumo da história.



— A gente tinha o Mauro Brasil, um atleta, que hoje é até o chefe da fisioterapia da base do Vasco. Ele tinha uma deficiência e nadava no Vasco na natação convencional, mas já conhecia esse mundo paralímpico por outras instituições. Eu comecei a prestar atenção nas competições e vi que para nós, ele era um atleta mediano, até por conta da deficiência. Às vezes pegava uma medalha no estadual, mas enquanto se tratava de natação paralímpica, ele estava entre os três melhores do mundo.

— Eu conversei com a presidência e propus a eles que o Vasco se cadastrasse dentro do Comitê Paralímpico, e assim foi feito. Conseguimos a classificação para o Parapan 2007 e, nessa competição, ele bateu todos os recordes, foi medalhista, recordista mundial, teve um resultado bem relevante e chamou a atenção das pessoas para o clube.



Com o destaque de Mauro Brasil, os esportes paralímpicos cresceram no Vasco. Segundo Livia, à época, mais de 80 pessoas procuraram o clube interessadas em vagas de atletas. Hoje, o Vasco tem três modalidades: o futebol de sete, a natação e o vôlei sentado.

— Hoje em dia, temos turmas exclusivas para PCDs. As equipes de voleibol e de futebol treinam entre eles, mas na natação temos um combinado: a depender da deficiência, a criança está na equipe convencional do Vasco e no Paralímpico também, até para pegar uma rodagem. E isso tem dado certo, porque desde 2007, a gente nunca ficou de fora de nenhuma Paralimpíada, nem de nenhum Parapan, e em grande parte deles trazendo medalha para o Brasil e para o clube.

Os três atletas

Um motivo de orgulho para os torcedores vascaínos é a importância do Colégio Vasco da Gama, em São Januário, que forma estudantes há 20 anos dentro. Alguns alunos famosos vingaram como jogadores no futebol, e na natação paralímpica também há motivos para se orgulhar.

Lídia Cruz veio da escola do clube e representará o Vasco em Paris. Ela tem mielomeningocele, uma má-formação na coluna, que afeta os membros inferiores. Na adolescência, ela teve uma lesão encefálica que afetou os movimentos dos membros superiores. Ela já foi campeã mundial no revezamento 4x50m livre em 2022 e seis vezes medalhista nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.



Outro nadador será Daniel Xavier Mendes, que chegou ao clube com 17 anos, já nadando, mas sem nunca ter competido dentro do cenário paralímpico. Aos três anos, descobriu que tinha paraparesia espástica, doença que limita os movimentos dos seus membros inferiores, por volta dos três anos de idade. Ele recebeu uma indicação médica para iniciar na natação e virou campeão mundial. Daniel tem quatro medalhas nos últimos dois Mundiais, uma delas de ouro, conquistada em 2022.

— Os dois atletas da natação entraram dentro desse cenário paralímpico na iniciação, através do Vasco. A Lídia, através da escola. O Daniel já foi para a equipe direto, mas nunca tinha competido. Podemos falar que os dois atletas hoje que estão indo pela natação foram formados pelo Vasco. E a minha projeção para os dois é que ambos vão trazer medalhas.



No vôlei sentado, Diogo Rebouças, de 40 anos, é o atleta que representará o Vasco. Ele sofreu um acidente de moto e depois teve uma infecção hospitalar que o fez amputar a perna direita abaixo do joelho, em 2003. Começou a jogar vôlei sentado três anos depois e se tornou capitão do clube e da seleção brasileira. É tetracampeão dos Jogos Parapan-americanos e conquistou o bronze em 2018 e 2022.

— Diogo foi um atleta que já veio para nós, porque ele já competia, foi quando começamos a criar nosso time de vôlei paralímpico. Ele é o capitão do Vasco e o capitão da seleção brasileira. É um esporte coletivo, não temos como fazer uma perspectiva real, mas é uma modalidade também que o Brasil sempre conquista medalha.

Apoio da direção aos esportes paralímpicos

Para Lívia Prates, desde a criação dos esportes paralímpicos do Vasco, a gestão de Pedrinho é a que olhou com mais carinho a área. Segundo ela, houve um planejamento anterior às eleições, porque sabiam que o calendário de 2024 teria os Jogos Paralímpicos de Paris.

— Hoje eu digo que essa gestão como um todo, que assumiu o Vasco, foi a gestão que mais olhou. É uma gestão muito próxima, que eu tenho acesso direto à presidência, eu tenho acesso direto ao Felipe. Na semana seguinte que eles entraram, o esporte paralímpico já tinha patrocinador próprio. As condições melhoram muito, de todos os esportes paralímpicos. Isso eu não digo só de quem vai para Paris, mas pelas crianças, que frequentam a escola, dos bebês, dos pais que trazem os filhos com deficiência a partir de um ano de idade — disse Livia.

Uma das prioridades da gestão de Pedrinho no primeiro semestre, a aprovação do potencial construtivo da reforma de São Januário também dá esperança e empolga os esportes olímpicos e paralímpicos do Vasco.

Com a reforma de São Januário, que envolverá todo o complexo esportivo do Vasco, a nova piscina para competições e treinos de natação e a reforma de ginásios esportivos são aguardados.

— Essa reforma chega no Parque Aquático, e dentro dela já se prevê academias melhores, acessibilidade melhor, uma piscina competitiva melhor. Então, se hoje estamos assim com o apoio que temos dessa gestão do Pedrinho e do Felipe, com a estrutura antiga que a gente tem, eu já penso como estaremos em Los Angeles em 2028, com tudo moderno e dentro do que precisamos e podemos fazer com o apoio deles.



Fonte: ge