Veja os níveis de ameaça ofensiva e defensiva do Vasco no Brasileiro 2024
Sexta-feira, 19/07/2024 - 18:02
A eficácia do líder Botafogo permitiu a um ataque que produz muito pouco brilhar intensamente neste Campeonato Brasileiro, a ponto de arrancar elogios até mesmo de adversários.

- Apesar de eu achar que foi um jogo bem disputado pelas duas equipes, o que fez a diferença foi a eficácia. Dar os parabéns ao nosso adversário, que foi mais eficaz - afirmou o técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, após a derrota fora de casa por 1 a 0 para o Botafogo.

O Botafogo tem o quinto ataque que menos finalizou no campeonato (média de 11,8 conclusões por partida), mas é, de longe, a equipe ofensivamente mais eficaz. Foram apenas 200 finalizações feitas e 28 gols marcados ou um gol a cada 7,1 finalizações.

O time que mais concluiu na competição foi exatamente o Palmeiras, de Abel Ferreira, com 308 finalizações (54% a mais que o Botafogo) e 24 gols marcados (sem contar um gol contra a seu favor), média de um gol a cada 12,8 tentativas. É a sexta pior eficiência do campeonato e se mantém competitivo porque produz muito no ataque e sua defesa é impressionante, a menos vazada da competição, mas que não resistiu à eficiência botafoguense.

O Palmeiras estava em campo em três dos cinco jogos com mais finalizações deste Brasileirão e finalizou mais em todos, em média 74% mais que o adversário, e venceu os três. Também estava em campo em quatro dos oito jogos com mais finalizações, e aí a média sobe para 93% mais finalizações que os adversários. Contra o Botafogo, fora de casa, fez só uma finalização a mais. E perdeu.

As características das finalizações feitas pelo Botafogo indicam um potencial para marcar 22 gols, mas o time conseguiu fazer 28 gols. Com isso, mesmo finalizando pouco, alcançou a liderança da classificação derrotando o segundo colocado Palmeiras e o hoje terceiro colocado Flamengo, mas que também era vice-líder quando enfrentou o Botafogo. O jogo contra o quarto colocado São Paulo fecha o primeiro turno, no Morumbis.

O quadro abaixo mostra a média de xG por jogo, o número de gols marcados, o quanto se esperava que tivesse marcado a partir das características das finalizações feitas e a eficiência, se fez mais ou menos gols do que se esperava estatisticamente. O Botafogo sobra no topo, com o dobro da eficiência do Cruzeiro, o terceiro ataque mais eficaz pelas métricas de xG.

Nível de ameaça produzida no ataque, média por jogo e a eficiência

Time Jogos Média de xG por jogo Gols marcados xG* (gols esperados) Eficiência ataque*
Botafogo 17 1,291 28 21,9 6,1
Bragantino 16 0,975 21 15,6 5,4
Cruzeiro 16 1,250 23 20,0 3,0
Bahia 17 1,447 27 24,6 2,4
São Paulo 17 1,447 27 24,6 2,4
Criciúma 15 1,318 22 19,8 2,2
Atlético-MG 16 1,272 22 20,4 1,6
Cuiabá 16 1,109 18 17,7 0,3
Flamengo 16 1,736 28 27,8 0,2
Juventude 15 1,254 19 18,8 0,2
Vitória 17 1,110 19 18,9 0,1
Vasco 17 1,216 20 20,7 -0,7
Fortaleza 16 1,269 19 20,3 -1,3
Athletico-PR 16 1,389 20 22,2 -2,2
Corinthians 17 0,999 14 17,0 -3,0
Fluminense 16 0,960 12 15,4 -3,4
Grêmio 15 1,013 10 15,2 -5,2
Internacional 13 1,326 12 17,2 -5,2
Palmeiras 17 1,890 25 32,1 -7,1
Atlético-GO 17 1,352 14 23,0 -9,0


Níveis de ameaça

É possível representar em um gráfico os níveis médios de ameaça que ataques impõem por jogo aos adversários e que as defesas sofrem a partir da métrica estatística de xG, a expectativa que cada finalização tem de virar gol quando consideradas as características de cada arremate, afinal, um chute da intermediária tem em média chances menores de entrar no gol do que uma conclusão de dentro da pequena área sem goleiro: ambas contam como uma finalização, mas com potenciais muito diferentes entrar no gol, e o xG leva tudo em consideração.

O gráfico abaixo exibe por que Palmeiras e Flamengo são considerados os maiores favoritos para ficar com o título de campeão brasileiro em 2024. O Palmeiras está disparado à direita, com o Flamengo próximo. Quanto mais para a direita, maior o nível de ameaça média que cada time impõe a seus adversários por partida. Ao mesmo tempo, os dois times estão bem embaixo no gráfico porque quanto mais baixa sua posição, menor é o nível de ameaça a que suas defesas foram expostas.



O quarto colocado São Paulo

Veja o São Paulo, quarto colocado na classificação. Aparece no gráfico na posição mais baixa de todas porque sua defesa é a que na média por jogo menos foi exposta a finalizações de alto risco. O que o gráfico não mostra, é exatamente a eficácia que faz o Botafogo brilhar.

O São Paulo está com sexta menor resistência defensiva do Brasileirão, sofrendo um gol a cada 9,7 finalizações. Seus problemas defensivos são maiores quando visitante: fora de casa, o São Paulo sofreu um gol a cada 7,6 conclusões contrárias, terceira menor resistência defensiva forasteira. Em casa, levou um gol a cada 18 finalizações sofridas, quinto melhor desempenho caseiro.

As características das finalizações sofridas pelo São Paulo indicavam potencial para que o time sofresse 15 gols, mas levou 17, o que o torna estatisticamente ineficiente. A eficiência ou ineficiência, neste caso, é a diferença entre o número de gols que o time sofreu e o que se esperava que ele sofresse pelas características das finalizações que permitiu aos adversários.

Nível de ameaça sofrida por partida, no total e eficiência defensiva por xGa

Time Jogos Média de xGa (contra) Gols sofridos xGa* (contra) Eficiência defensiva
Palmeiras 17 1,173 13 19,9 6,9
Fortaleza 16 1,381 16 22,1 6,1
Botafogo 17 1,101 14 18,7 4,7
Juventude 15 1,631 20 24,5 4,5
Athletico-PR 16 1,262 16 20,2 4,2
Bragantino 16 1,494 20 23,9 3,9
Internacional 13 0,934 11 12,1 1,1
Atlético-GO 17 1,515 25 25,7 0,7
Bahia 17 1,276 21 21,7 0,7
Fluminense 16 1,528 24 24,5 0,5
Cruzeiro 16 1,144 18 18,3 0,3
Grêmio 15 1,296 20 19,4 -0,6
Cuiabá 16 1,263 21 20,2 -0,8
Criciúma 15 1,486 24 22,3 -1,7
São Paulo 17 0,887 17 15,1 -1,9
Corinthians 17 1,235 23 21,0 -2,0
Flamengo 16 0,925 17 14,8 -2,2
Vitória 17 1,507 28 25,6 -2,4
Vasco 17 1,368 26 23,3 -2,7
Atlético-MG 16 1,236 26 19,8 -6,2


Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 107.140 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.340 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o "pé bom" (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o "pé ruim" (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Fonte: Blog Espião Estatístico - ge