O corpo de Sérgio Cabral é velado, na manhã desta segunda-feira (15), na sede náutica do Vasco da Gama, clube de coração do jornalista, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio.
O caixão com o corpo do jornalista é coberto pela bandeira do clube do coração, e das escolas de samba Portela e Mangueira.
A primeira a chegar para a despedida foi a companheira de 62 anos, Magaly Cabral, que lembrou do marido como muito carinho e contou que ele havia contraído uma pneumonia em fevereiro e não se recuperou mais.
"Foi um homem inteligente, ativo, honesto, com bons princípios, muito alegre, feliz, vascaíno. Ele deixou o legado do Vasco para nós. Ele dizia que queria viver até os 120 anos. Mas, uma semana depois do carnaval, ele teve uma pneumonia brava, que perdurou e desde então a saúde ficou péssima. Mas, agora ele descansou", disse.
O cantor e compositor Paulinho da Viola destacou a importância do jornalista no registro da história da música.
"A gente deve muito a ele, os livros que ele fez sobre várias figuras da música brasileira, da nossa história. E a gente fica muito triste em perder uma pessoa como o Sérgio", afirmou.
A cerimônia começou pouco depois das 8h e termina meio-dia. O corpo será cremado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Região Portuária, no meio da tarde.
O ex-governador Sérgio Cabral Filho chegou ao local por volta das 8h20 e disse que vai lembrar do pai como um homem amoroso e como um avô carinhoso com os netos.
Quando o ex-governador foi preso em novembro de 2016, o jornalista já tinha sido diagnosticado com Alzheimer.
Sérgio Cabral morreu na manhã deste domingo (14), no Rio de Janeiro, aos 87 anos.
Segundo a Clínica São Vicente, onde o jornalista estava internado, Sérgio Cabral morreu em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar.
"Ele resistiu por três meses. Peço que orem por ele, pela alma dele. Por tudo o que ele fez no Rio de Janeiro e no Brasil. Pela música e pelo futebol, pela família linda que ele construiu", disse o ex-governador em uma rede social.
Sérgio Cabral era escritor, compositor e pesquisador da música brasileira. Carioca de Cascadura, vascaíno e grande entusiasta do samba, criou, entre outras obras, o musical "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha", junto com a historiadora Rosa Maria Araújo.
"Trabalho com o samba. Trabalho e gosto. Com o samba, com a música popular, com o futebol. Com as coisas bem cariocas", disse Sérgio Cabral em uma entrevista na década de 1980.
Sérgio Cabral começou a carreira aos 20 anos no jornal Diário da Noite, como estagiário. O jornalista começou a escrever sobre música no Jornal do Brasil.
Ele se definia como um torcedor da Portela, mas que amava a Mangueira, o Salgueiro e o Império Serrano. Na década de 1980, ele foi comentarista da transmissão dos desfiles de carnaval.
Como jornalista, foi um dos fundadores de "O Pasquim" e chegou a ser preso na ditadura devido à sua atuação no jornal. Ele foi convidado pelo jornalista Tarso de Castro e pelo cartunista Jaguar a integrar a equipe em 1969, durante o momento mais duro da ditadura militar.
Cabral escreveu quase 20 livros. Como autor, publicou as biografias de Tom Jobim, Pixinguinha, Nara Leão, Grande Otelo, Ataulfo Alves e Eliseth Cardoso.
Também já teve atuação política na capital fluminense. Por três vezes, foi vereador do Rio – de 1983 a 1993. Foi ainda conselheiro do Tribunal de Contas do Município, até 2007, quando se aposentou.
Sérgio deixou um acervo de mais de 60 mil itens, como partituras e documentos, que ajudam a contar a história da música popular. O material foi doado para o Museu da Imagem do Som, no Rio.
Fonte: g1