Corpo do jornalista Sérgio Cabral foi velado nesta 2ª-feira na sede da Lagoa
Segunda-feira, 15/07/2024 - 14:20
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O corpo do escritor e jornalista vascaíno Sérgio Cabral, que faleceu no dia de ontem, foi velado na Sede Náutica da Lagoa.

📸: Reprodução/SBT



Fonte: X News Almirante


Sérgio Cabral, pai, é velado com 'gurufim' na sede náutica do Vasco, no Rio, por parentes e personalidades

Sérgio Cabral, pai, foi velado nesta segunda-feira na sede náutica do Vasco, na Lagoa, Zona Sul pelo filho, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, além de outros parentes, políticos e personalidades. A despedida do escritor, com um currículo de mais de 15 livros sobre a música brasileira, foi embalada por canções como "Meninos da Mangueira'', que compôs com Rildo Hora, e o hino do Vasco da Gama. O corpo estava coberto pelas bandeiras de seu time do coração, das escolas de samba Portela, Mangueira e Em Cima da Hora (que o homenageou com enredo, em 1997), além do bloco Simpatia É Quase Amor. A cremação foi no começo da tarde, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária em cerimônia reservada à família.



O gurufim", cerimônia fúnebre em que as pessoas cantam e dançam para se despedir do ente querido, foi acompanhado por integrantes da Mangueira e por personalidades como o ator Antônio Pitanga e sua companheira, a deputada Benedita da Silva (PT).

O ex-governador Sérgio Cabral, que chegou cedo à sede náutica do Vasco, assim como a viúva Magaly, sua mãe, destacou a importância do pai para a cultura.

— Ele apresentou a burguesia carioca a artistas populares na década de 60 e 70 que ninguém conhecia, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia e Clementina de Jesus. Dirigiu shows antológicos com João Nogueira e Beth Carvalho, produziu discos maravilhosos e mais recentemente fez talvez o último grande trabalho que foi o musical "Sassaricando — E o Rio inventou a marchinha"", que ficou dez anos em cartaz, com a Rosa Maria Araújo, e realmente foi marcante — afirmou.

Paulinho da Viola disse que a morte de Sérgio Cabral, pai, é uma grande perda para a cultura. O sambista lembrou do encontro dos dois, durante a produção do show Sarau, de 1973.

— A gente fica muito triste em perder uma pessoa como ele. Eu tive a oportunidade de fazer com ele, em 1973, um show chamado Sarau, que nós consideramos também assim um marco, porque logo depois começou um movimento muito grande, retorno do choro, e eu acho que essa é uma contribuição que ele deu também. É uma grande perda para o samba em geral, para a cultura brasileira— lamentou o sambista.

Rosa Maria Araújo, que escreveu com Cabral o musical "Sassaricando — E o Rio inventou a marchinha" disse que o legado deixado pelo amigo deixa é o amor à cidade, à cultura e ao povo.

—Realmente era um apaixonado pelo Rio, pela música brasileira, especialmente pelo samba, pelo futebol, o vascaíno, um homem de muita vibração e as biografias dele, porque foi um jornalista de primeira, um escritor que tem biografias famosas, importantes, da Elizete (Cardoso), do Tom Jobim, do Ari Barroso, e Sérgio era um militante do Rio.

A escritora e pesquisadora Raquel Valença disse que conhecia Sérgio Cabral há 50 anos e destacou sua generosidade com os novos pesquisadores, como ela, na ocasião:

--Ele apontava o acervo dele para a gente pesquisar. Era um cara muito legal, muito acolhedor para os novos pesquisadores e estimulou muito a minha predileção pela pesquisa, meu amor pela pesquisa.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, destacou a importância de Sérgio Cabral para o jornalismo.

--Ele era, acima de tudo, jornalista. Era um jornalista. Evidente, que se dedicou à música popular, muito ligado ao samba, compositor, mas, acima de tudo, ele era um grande jornalista.

Carioca de Cascadura, vascaíno e grande entusiasta do samba, Sérgio Cabral criou, entre outras obras, o musical "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha", junto com a historiadora Rosa Maria Araújo. Como jornalista, foi um dos fundadores de "O Pasquim" e chegou a ser preso na ditadura devido à sua atuação no jornal. O jornalista morreu neste domingo após complicações de um enfisema pulmonar. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea. O ex-governador Sérgio Cabral deu a notícia nas redes sociais, neste domingo:

"Ele resistiu por 3 meses. Peço que orem por ele, pela alma dele. Por tudo o que ele fez no Rio de Janeiro e no Brasil. Pela música e pelo futebol, pela família linda que ele construiu", disse Cabral, o filho.

Como escritor, Sérgio Cabral, pai, publicou as biografias de Tom Jobim, Pixinguinha, Nara Leão, Grande Otelo, Ataulfo Alves e Elizeth Cardoso. Também já teve atuação política na capital fluminense. Por três vezes, foi vereador do Rio – de 1983 a 1993. Foi ainda conselheiro do Tribunal de Contas do Município, até 2007, quando se aposentou.



Mais sobre a carreira de Sérgio Cabral pai

Órfão de pai desde os 4 anos, começou sua carreira em 1957 como repórter policial do Diário da Noite, jornal vespertino dos Diários Associados. Em 1969, já como editor político do Última Hora, juntou-se a Jaguar e Tarso de Castro para a criação de O Pasquim. Durante a Ditadura, foi temporariamente preso por seu ativismo neste jornal.

Trabalhou como produtor musical entre 1973 e 1981. Como compositor, foi parceiro de Rildo Hora, escrevendo as letras de "Janelas Azuis", "Visgo de Jaca", "Velha-Guarda da Portela" e "Os Meninos da Mangueira", entre outras.

Fonte: O Globo