Marcelo Sant'Ana é apresentado: 'Conquistar com cada torcedor os objetivos reais e a realização de sonhos'
Sexta-feira, 05/07/2024 - 15:38
O Vasco apresentou seu novo diretor executivo de futebol, Marcelo Sant'Ana, nesta sexta-feira. Em entrevista coletiva realizada em São Januário, o dirigente citou a necessidade de um "ajuste de rota" e brincou com o desejo de ser mais duradouro no cargo que seus antecessores. Quarto dirigente no cargo nos últimos sete meses, ele atuará ao lado de Felipe "Maestro", que é diretor-técnico da SAF; os dois respondem, em conjunto, pelo futebol vascaíno.

— Muito feliz, muito, por essa oportunidade de estar no Vasco, trabalhar ao lado de vocês, na diretoria do Pedrinho nessa reconstrução do Vasco, nesse reajuste de rota que vamos precisar, para entregar ao torcedor do Vasco parte do que eles esperam e desejam. Para conquistar com cada torcedor os objetivos reais e a realização de sonhos. Futebol é movido por emoção, sentimento e esperança, mas dentro de um cenário de pragmatismo e orçamento — disse Marcelo, acrescentando:

— Que a gente consiga construir um Vasco competitivo que honre a história do Vasco. A gente sabe a responsabilidade, tenho consciência de como o torcedor deve estar se sentindo, os últimos 20 anos foram duros. Fico à disposição, espero que a gente tenha um bom convívio e que eu seja pelo menos mais duradouro que meus antecessores (risos).



Ex-América-RN, Marcelo Sant'Ana foi anunciado na última terça-feira. Também ex-presidente do Bahia, o novo diretor executivo de futebol do Vasco chega para assumir a vaga de Pedro Martins, que deixou o clube no dia 20 de junho - mesma data da demissão do técnico Álvaro Pacheco.

Uma das grandes dúvidas atuais no Vasco é sobre a possível efetivação de Rafael Paiva, que fez seu quarto jogo seguido na vitória sobre o Fortaleza. Sant'Ana destacou a coragem do time sob o comando do interino e reforçou que a decisão ainda não foi tomada. Enquanto presidente do Bahia, Marcelo contratou sete treinadores (veja a lista aqui).

— O Paiva tem tido um desempenho interessante, está na sua segunda oportunidade, conseguiu resultados interessantes ao Vasco, como classificação na Copa do Brasil. Eu acompanhava anteriormente isso, essa primeira semana tive a oportunidade de vê-lo treinando. Antes de vir para a coletiva, estava analisando o relatório do Desp. O Paiva tem uma característica muito importante, porque o Vasco é coragem, e o time com o Paiva tem uma característica diferente com ele. Essa diferença é uma postura que nos agrada mais.

— No momento (o treinador) é o Rafael Paiva, está sendo avaliado. Por coincidência e mérito, ele trabalhou numa geração vencedora do Palmeiras. É um profissional que está mostrando suas credenciais. Se for entendimento que é para o bem do Vasco sua continuidade, vamos decidir por isso. Independentemente do custo que a gente tenha, a diretoria do Pedrinho tem a credibilidade para tomar a decisão correta. Não estamos aqui para fazer amigos, estamos aqui para dar resultado ao Vasco. Sempre que tiver que tomar uma decisão, essa decisão vai ser pelo bem do Vasco. Vamos buscar, claro, uma sinergia com a torcida. Porque, quando isso acontece, os resultados são melhores.



Perguntado sobre o mapeamento do Vasco no mercado de transferências, o diretor destacou a necessidade de qualificação do elenco e projetou novidades "em breve" para a torcida.

— A janela de transferência é importante para a gente, geralmente a segunda janela no Brasil é de correção, fazemos menos interferências que no final da temporada . Hoje o Vasco tem 35 atletas, considerando os da base que estão no profissional e os contundidos. Eu busco sempre ter muito respeito aos atletas que estão na instituição, agora naturalmente precisamos, sim, nos qualificar. Já temos mapeados alguns reforços, acredito que em breve a torcida vai ter novidades e principalmente boas novidades. A gente precisa de jogadores que nos ajudem a elevar o nível do Vasco, não que apenas completem o plantel. As correções precisam ser para qualificar o Vasco — completou Marcelo.

Outras declarações da entrevista:

Trabalho no Bahia e parceria com Felipe no Vasco:

— Agradeço aos elogios. Eu recebo muito mérito de um trabalho que é coletivo, eu sou um dos rostos conhecidos do trabalho de reestruturação do Bahia. Como diretor executivo, meu trabalho é mais segmentado. Todos os departamentos têm que funcionar para, no final, os 11 terem o melhor desempenho. O Felipe cuida muito mais do relacionamento dos atletas, dessa parte de pente fino de DNA do Vasco. Eu fico numa parte mais burocrática, contratos, processos, logística... Quando o clube estiver mais estável, poderei estar mais presente no dia a dia. O Felipe tem esse perfil, tem esse feeling do atleta e do mercado também. Entendo que, no momento adequado, temos que fazer investimentos no CT. Tem dois campos de qualidade, que nos atendem nesse primeiro momento, mas tem que ter melhorias. Tem algumas situação que a gente visualiza num médio prazo poder auxiliar o Vasco.

Análise de mercado e posições mapeadas:

— (Falar) sobre as posições, você vai me complicar um pouco. O torcedor que acompanha o dia a dia consegue perceber algumas situações, quais são as necessidades. Sempre gostei de usar atletas da base, estimulei os treinadores. Nunca perguntei uma escalação de time, mas sempre sinalizei pra todos os profissionais com quem trabalhei que se houver 50% de chance pra cada, utilize sempre o mais jovem. Se for 51% a 49%, pode usar o que você tem preferência.

— Ao mesmo tempo, a gente também não pode depositar responsabilidade nos mais jovens, embora alguns tenham capacidade de corresponder. Na defesa, tivemos o João (Victor) com uma lesão recente, previsão inicial de seis a oito semanas. De zagueiros adultos, a gente tem o Maicon, o Rojas e o Léo. Você fica com o Luis e o Lyncon, que são dois jovens. São três zagueiros adultos que temos. Se tivermos chance de trazer um que complemente com qualidade... Temos algumas situações em que fica evidente onde está a necessidade.

— Se o clube hoje negocia com o Coutinho, isos é indicativo de uma posição em que temos necessidade. Fora isso, a verdade do futebol é o campo. Se o jogador demosntra que tá pronto, esse ajuste de elenco você adapta. Às vezes um garoto esperaria seis meses ou um ano para ter uma sequência. A partir do momento que tem oportunidade, ele se firma e você refaz o seu planejamento. Até citar a posição (que necessita de reforços) fica complicado por isso. A gente prefere ter esse cuidado. Analisando o elenco, fica perceptível quais setores precisam se qualificar.

Possíveis modificações no CT:

— Pra esse segundo semestre, ainda não. Ainda estou fazendo um diagnóstico mais completo, tenho cinco dias de clube. Como brinquei na resposta anterior, nem os nomes de todas as pessoas eu decorei. Algumas coisas são mais evidentes, por isso pontuei a questão da parte molhada no CT, para recuperação física, departamento médico e da parte de transição. A questão de ter mais um campo, porque quando você recupera um você sobrecarrega o outro, quando tem dois. Quando tem três, consegue fazer sem grande preocupação.

— Aqui no Rio de Janeiro, graças a Deus não tem necessidade de mudar grama, como no sul. Aqui você tem um clima mais favorável para esse cuidado com o gramado. Em um segundo momento, sim. Temos algumas situações que esperamos implementar dentro do CT, buscando qualificação ainda maior para os atletas e funcionários. Mas deixo muito claro que nosso CT hoje, pro futebol profissional masculino, atende às exigências da Série A do Campeonato Brasileiro. Pode melhorar? Pode, como cada clube naturalmente busca.

O que encontrou no Vasco:

— Vi grandeza, história, uma equipe comprometida e feliz por estar no Vasco. Foram as primeiras coisas que vi. Vejo coragem, como tem escrito no nosso vestiário. Por isso digo que o Vasco é pra quem tem coragem. Essas situações me encantaram quando o Felipe me ligou, depois com o presidente Pedrinho me ligaram novamente. Estar em São Januário, que é um estádio histórico tanto pra parte esportiva quanto pra história da política do Brasil, teve momentos marcantes. Espero viver esse novo momento, de requalificação desse estádio. Poder fazer parte da história de um clube como o Vasco, nessa retomada que vamos ter, é motivo de grande alegria e encantamento, e também de responsabilidade. Se o desafio é grande, com certeza a cobrança vai ser intensa, questionamentos diários. Temos que estar preparados para isso, suportar a pressão e permitir que nossa equipe tenha tranquilidade para desempenhar cada um, da melhor maneira, o seu trabalho.

Reforços serão mapeados com Paiva, independentemente de efetivação ou não?

— Contratação, no final, é sempre responsabilidade do diretor de futebol e do presidente. Internamente, gente sempre consulta os profissionais, temos o diretor técnico Felipe, Paiva, auxiliares, o departamento de mercado, a comissão técnica. A gente busca se cercar do máximo possível de cuidados. O Vasco, a partir do Pedro Martins, passou a implementar um setor de hospitalidade justamente para facilitar essa abordagem com jogadores. Quando eles chegarem aqui no clube, essa parte de logística, família, escola, entender o perfil do atleta que a gente está contratando. A gente busca se cercar cada vez mais de informações, para estarmos mais assertivos na tomada de decisão (de contratações) e a adaptação dele (jogador) ser mais tranquila. Não sou adepto da decisão única, exclusiva, centralizadora. Temos muitos bons profissionais para compartilhar. Mas decisão tomada é responsabilidade do diretor executivo de futebol.

Venda de atletas:

— A sinalização atual ainda não é de venda de atleta. É claro que o mercado pergunta de jogadores, o Vasco nessa semana já teve procura do mercado internacional. Nosso objetivo hoje é qualificar o nosso elenco, não perder nenhuma peça que a gente considere importante para a campanha do Vasco dentro do Campeonato Brasileiro.

O que mudou em sua percepção sobre o Vasco quando entrou nos bastidores do futebol?

— O que me chamou a atenção positivamente foi a qualidade e a quantidade dos profissionais da equipe de apoio, das áreas acessórias ao futebol. De maneira negativa, foi a parte de orçamento estar descasada com a capacidade de investimento do Vasco. O Vasco assumiu e não honrou com compromissos. Seja salários, luvas ou comissão. Eu esperava, a partir da implementação de modelo de clube-empresa, que o problema fosse um pouquinho menor.

Reclamações de antecessores sobre falta de autonomia e diferença por se reportar a Pedrinho:

— Não tive oportunidade de trabalhar com investidor estrangeiro, então nessa parte não dá pra fazer comparativo. Claro que você ter a liderança do projeto próxima no dia a dia é um facilitador. Tomada de decisão mais rápida, segura, quando tem essa possibilidade de diálogo. A conversa com o Pedrinho foi excelente. Já tinha uma amizade e proximidade maior com o Felipe.

— Desde 2018, quando saí do clube (Bahia), fiz um curso de gestão de futebol da CBF. Eu e Felipe éramos da mesma turma. Era uma sala que tinha muita gente ligada ao futebol. O Pedrinho eu tive oportunidade de acompanhar como comentarista. Muito bom comentarista, presidente. Não é puxando saco não. A diretoria do Pedrinho me passa credibilidade, é fundamental. Quando você vê as pessoas tratando olho no olho com você, isso dá confiança de que você vai poder ser profissional na execução do seu trabalho. Essa autonomia é a principal, ter profissionalismo e transparência. Se você tem a última palavra ou a caneta, isso pra mim não é determinante. Às vezes entra em uma esfera de vaidade, da sensação de poder.

Fonte: ge