Hoje lutando contra alcoolismo, Guarín eternizou o Vasco na pele e saiu sem despedida
Terça-feira, 28/05/2024 - 11:36
Freddy Guarín deu detalhes de sua luta contra o alcoolismo e chegou a afirmar que "bateu nas portas do inferno" diante do excesso de bebidas. Aposentado dos gramados desde 2021, ele acumulou uma trajetória de altos e baixos no Vasco, seu penúltimo clube da carreira.



Início com funk, fim sem despedida

O colombiano chegou ao Rio de Janeiro, ainda em setembro de 2019, sob ritmo de funk. Ao anunciar o volante, o perfil vascaíno postou um vídeo com parte do hit "Árvore Seca", dos Mc's Tan e Kula, que virou febre nos bailes funks da cidade e popularizou o termo "tipo Colômbia".



O começo foi promissor: depois de "ganhar o elenco", ele balançou as redes em seu 4° jogo e ensaiou uma sequência na equipe titular, marcando outros dois gols antes do fim da temporada.

A renovação foi o primeiro impasse de Guarín no Rio. O jogador, que havia assinado por três meses, se negou a negociar qualquer extensão de vínculo antes de receber valores que estavam atrasados.

A diretoria resolveu o problema, e ele renovou, chegando a eternizar o clube em sua pele em meio à lua de mel: o colombiano tatuou a cruz de malta, principal símbolo do Vasco, no braço esquerdo.



A euforia acabou pouco tempo depois: em 2020, foram apenas três jogos, todos realizados antes do início da pandemia e da paralisação do futebol brasileiro.

A situação se complicou de vez entre junho e julho, já com a bola rolando novamente. Guarín pediu afastamento dos treinos alegando "problemas pessoais" — na época, ele se separou e recebeu apoio do Vasco, que chegou a enviar mensagens de companheiros pelo aniversário de 34 anos do colombiano.

"A verdade é que é bonito escutar essas palavras. A gente acaba de jogar futebol e isso passa, mas é bonito deixar uma imagem como pessoa. [...] Eu quero agradecer a todos, principalmente a vocês [Vasco TV] que tiveram essa ideia, e a cada um dos que me mandaram mensagem. Muito obrigado! Vocês estão me fazendo um dia muito, muito especial por muitas coisas. Hoje estou sozinho aqui, mas vocês me fizeram me sentir em família", Guarín, à Vasco TV

O volante até ensaiou uma volta, mas não defendeu mais a camisa do clube. Em agosto, o então presidente Alexandre Campello orientou o departamento de futebol a resolver os trâmites da rescisão contratual, e a história feliz se transformou em final melancólico.

Problemas acumulados

Desde então, a vida de Guarín, hoje com 37 anos, nunca mais voltou à "normalidade". Em 2021, ele chegou a assinar com o Millonarios, tradicional equipe de seu país, mas acabou detido sob acusação de violência doméstica contra os pais.

A bebida afundou de vez o psicológico do colombiano, que perdeu o contato com os filhos e machucou "muita gente", segundo ele em entrevista à revista "Semana".

"A verdade é que me desviei. Minha decisão foi abusar do álcool. Cometi muitos erros, decisões precipitadas e machuquei muita gente. Fui alcoólatra social por vários anos. Quando saí do Millonarios, em 2021, cheguei em um ponto profundo do meu vício. Tinha perdido a minha dignidade, o meu círculo social próximo, a confiança dos entes queridos e a coisa mais importante e valiosa que tenho, que são os meus três filhos. Perdi muitas coisas de valor sentimental e de valor amoroso. Chegou a um ponto em que eu não podia mais continuar assim. Tive que pedir nova ajuda, já que tinha tentado várias vezes, mas com recaídas", Guarín, à revista "Semana".

Fonte: UOL