Paulo Salomão, 1º VP geral do Vasco, é um dos principais responsáveis pelo sucesso inicial da estratégia jurídica contra a 777
O vice-presidente do Vasco, Paulo Cesar Salomão Filho, é um dos principais responsáveis pelo sucesso inicial da estratégia de Pedrinho e sua equipe, que conseguiram decisão liminar para afastar a 777 do controle da SAF. Mas quem é o advogado e por que ele se tornou uma figura decisiva na disputa na Justiça?
Salomão é um dos seis advogados que assinam a ação do Vasco solicitando a suspensão dos efeitos do contrato com a 777. O juiz Paulo Assed Estefan atendeu ao pedido na quarta-feira. Braço direito de Pedrinho na gestão do associativo, o VP recebeu do presidente a missão de proteger e melhorar a imagem do clube perante as instituições judiciais, governamentais e esportivas. Isso por causa de suas boas relações.
O vice-presidente geral estava sentado ao lado de Pedrinho e do VP jurídico do clube, Felipe Carregal Sztajnbok, na entrevista coletiva de quinta-feira, em São Januário. Salomão explicou o viés jurídico do movimento do Vasco pela retomada do controle provisório do futebol.
O ge conversou com algumas pessoas que trabalharam e/ou foram assistidas por Salomão para traçar o perfil do homem forte do Vasco na Justiça. As pessoas ouvidas, inclusive aquelas que estão na oposição à gestão de Pedrinho, atestaram a competência do advogado e disseram tratar-se de uma pessoa bem intencionada.
O prestígio na área judicial não é inédito na família. Ele é filho de Paulo Cesar Salomão, que morreu em 2008 e foi desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pai sempre foi muito conhecido no meio - dá nome a um dos prédios do TJ-RJ. "A influência dele, em parte, vem do pai", diz uma pessoa que conviveu com o VP do Vasco nos últimos anos.
- Meu pai faleceu jovem, com 57 anos, mas me deixou muita lições, muito carinho e muito respeito. Me deu muita noção de ética e também o amor ao Vasco. Toda a minha família virou Vasco por causa do meu pai. Quando me chamaram (para compor a chapa), colocaram o Pedrinho, o Felipe e o Edmundo, meus três maiores ídolos. Não tinha como negar. É um projeto que eu já tinha de ajudar o Vasco - contou Salomão em entrevista à Sempre Vasco TV.
- Independente de cargo ou local que eu estava (sempre ajudei o Vasco), tirando quando eu estava no Tribunal Desportivo, que eu tinha que ter independência para julgar - completou.
Ainda que a boa entrada do VP vascaíno nos tribunais seja incontestável, há quem questione o atual movimento do clube, do qual ele é um dos líderes:
- Há 100% de influência dele na decisão contra a 777. Mas a estratégia que ele está executando é que acho arriscada, colocando todas as fichas em uma só jogada. Isso pode sangrar o Vasco. Não tem um advogado que diga que essa decisão é bem fundamentada.
Sobrinho de Luis Felipe Salomão, ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor nacional de Justiça, Paulinho, como é conhecido, é também amigo do advogado Eduardo Martins, filho de Humberto Martins, ex-presidente do STJ. Humberto foi o responsável por suspender decisão do TJ-RJ que autorizava a realização de eleição presencial no Vasco em 2020. Salomão ajudou nisso.
Na época, Leven Siano recebeu mais votos na eleição presencial, que não acabou. Uma semana depois, Jorge Salgado venceu o pleito on-line. A Justiça deu vitória a Salgado.
- Ele também foi bastante efetivo na questão da urna 7 - recorda outra fonte.
O episódio aconteceu na eleição de 2017, quando a Justiça suspendeu os votos da urna 7. Se fossem contados, Eurico Miranda venceria o pleito. Sem eles, o primeiro lugar ficou com a chapa "Sempre Vasco Livre", de Julio Brant. No entanto, àquela época a eleição ainda era indireta. E, no Conselho Deliberativo, Brant perdeu para Alexandre Campello, que tomou posse em janeiro de 2018.
Além da influência no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o VP de Pedrinho também transita no tribunal desportivo, onde atuou por 20 anos. Especialista no assunto, Paulo Salomão foi presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) depois de ter sido vice-presidente e corregedor do tribunal. Tem também boa relação dentro da CBF.
- Tenho ótimas referências dele como auditor, sempre muito cordial, e tecnicamente irrepreensível. Ele é muito respeitado - resume outra fonte.
No fim do ano passado, a SAF, antes do atrito entre a 777 e o grupo de Pedrinho, usou a influência de Salomão. A um mês da posse como vice-presidente do clube, o advogado se reuniu com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e ajudou o Vasco a liberar patrocínios, através da lei de incentivo fiscal, para as categorias de base e para o futebol feminino.
"Foi uma boa estratégia do Pedrinho trazê-lo para dentro do Vasco, me parece que premeditando o que estava por vir nesse embate". O confronto em questão é com a 777, cujo capítulo mais recente teve contribuição de Salomão, na ação judicial que afastou a empresa do controle da SAF.
- Fizemos uma due diligence (investigação do negócio para avaliar riscos) nos Estados Unidos muito sólida, que mostra que a 777 e seus sócios... É de assustar a situação financeira deles. O que nos gerou ainda mais preocupação e medo de que a situação chegasse ao Vasco. Notificamos, e eles deram uma resposta vazia. Há um artigo da lei que diz que, quando há risco financeiro, há possibilidade de se pedir garantias. Soubemos que havia risco de penhora das ações. Pedimos diversas vezes acesso às informações - explicou Paulo Salomão na quinta-feira.
Agora, o próximo passo é a formação da arbitragem, com mediação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para julgar o litígio judicial. O VP do Vasco também atua nesta frente, e a situação deve andar nos próximos dias. A 777 Partners informou que vai recorrer da decisão.
Fonte: ge