Roberto Dinamite completaria 70 anos neste sábado (13). Nascido em 13 de abril de 1954, o eterno ídolo do Vasco, que morreu em 8 de janeiro de 2023, celebrou muitos aniversários pelo Cruz-Maltino, mas um deles foi o mais diferente: um almoço com 100 crianças vascaínas, em 1981, registrado pelo 'Jornal do Vasco', publicação mensal do clube, cuja coleção está disponível no site com o acervo digital do centro de memórias, lançado recentemente.
A celebração do aniversário de Dinamite com os fãs mirins apareceu na edição número 80, de maio daquele ano. O evento teve até promoção para selecionar 50 crianças, realizada pelo programa Bate-Bola, da Rádio Nacional.
Já a publicação contou como foi a chegada de Dinamite com a mulher e os três filhos ao restaurante: "(...) ficou evidente que seria praticamente impossível conter os torcedores mirins que insistiam em se aproximar de Roberto, todos ao mesmo tempo..."
Quase todas crianças vestiam a camisa 10 do Vasco, utilizada pelo ídolo, que deu autógrafo até mesmo em guardanapos. O jogador ficou emocionado com a reação das crianças, considerada pelo jornal "bastante espontânea, que nada tem a ver com alguma coisa armada para se fazer promoção".
"No final, Roberto cortou o bolo que trazia o desenho de uma camisa do Vasco com o número 10 e distribuiu as fatias às crianças (....) Roberto fez questão, ainda, de entregar uma lembrança a cada uma das cem crianças, deixando patente o grande carinho que costuma dedicar a elas".
A reestreia de Dinamite no Vasco
As edições do Jornal do Vasco constantemente dedicavam espaço ao seu maior ídolo e artilheiro. Ainda mais em grandes momentos, como no retorno de Roberto Dinamite ao Vasco em 1980, após passagem apagada pelo Barcelona.
O primeiro jogo no Maracanã teve até uma chamada com uma foto da atriz Sônia Braga sobre a reação dela com o retorno do jogador: "Casaca, casaca, casaca. Foi assim que Sônia Braga reagiu ao tomar conhecimento que Roberto Dinamite era outra vez do Vasco da Gama".
A chamada da capa ainda avisou o dia da reestreia, em 4 de maio contra o Corinthians, pelo Brasileiro (o jogador marcaria os cinco gols da vitória por 5 a 2). E lembrou aos torcedores para guardarem o ingresso da partida até o fim, porque haveria sorteio da camisa de Dinamite.
A matéria ainda recordou como foi a recepção da torcida do Vasco ao jogador na chegada ao Rio, no aeroporto internacional, com o salão de embarque e desembarque invadido. "O nosso Dinamite" foi carregado nos ombros.
"O que importava é que ele estava de volta. Foi assim: Desde as cinco horas, muitos carros começaram a estacionar. E a chegada estava marcada para as 6h40", diz o texto sobre os torcedores, e continuou:
"Da expectativa, os vascaínos passaram para a animação (...) A tristeza de sua ida já estava esquecida. A saudade de seus gols já era passado, porque cada um trazia a certeza de que, agora, tudo ia voltar ao normal".
Dinamite nem teve tempo de cumprimentar os familiares, diante de tamanha recepção: "No momento, ele era só da torcida que o amava, idolatrava e tinha necessidade de mostrar isso".
Campanha para o atacante ir para a Copa de 1982
Em outra passagem da carreira de Roberto Dinamite, a publicação mensal do clube mostrou a busca dele para retornar à seleção brasileira. Fora da convocação de Telê Santana por três anos, o atacante recuperava o bom futebol, mas ainda aguardava por uma chance enquanto o tempo estava acabando para ir à Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Na edição de outubro de 1981, o jornal apoiou abertamente a campanha dos vascaínos contra a opção de Telê deixar o jogador fora das convocações.
"É seleção, é seleção. O coro da torcida do Vasco - entusiasmada com os três gols de Roberto não foi ouvido, dia 27 no Maracanã por Telê Santana, que viajou para a Austrália horas antes para acompanhar o Mundial de Juniores".
O texto ainda disse que a "frustração do Vasco pela ausência de Roberto nas convocações de Telê já começa a se transformar em irritação".
"Jamais critiquei quem quer que seja por não ter sido chamado para a Seleção (...) Acho que Telê quer ter muitas opções para o comando do ataque e, por isso, vem observando diversos jogadores. Da minha parte só resta aguardar os acontecimentos", disse o atacante à época.
Até mesmo um "levantamento extra-oficial surgido no Vasco" apontou que o ídolo já contabilizava 459 gols marcados "desde que ingressou no clube como amador, em 1970". E perguntou:
"O que mais é preciso para merecer o nome na Seleção? Disciplina? Aplicação nos treinos? Responsabilidade profissional? Disciplinado, aplicado e responsável Roberto sempre foi."
Exaltação pela volta à Seleção
No mês seguinte, o clima já era de euforia, com o retorno triunfal do jogador à seleção brasileira. Após o gol marcado na vitória por 3 a 0 em amistoso contra a Bulgária, a capa cravou: "Dinamite agora é o dono da camisa 9".
O material fez um resumo de como foram os três anos de Dinamite, passando pela dificuldade no Barcelona, a volta ao Vasco, o período fora das convocações e uma operação de apêndice, até a situação melhorar no no segundo turno do Carioca de 1981.
E ainda contou os bastidores do ídolo no dia da volta à Seleção. O relato diz que ele estava nervoso na concentração do Vasco, em um hotel em Niterói, antes do confronto contra o Madureira.
"Era evidente o ar de preocupação e de apreensão que o atacante do Vasco trazia no rosto. Não era para menos, o amistoso contra a Bulgária seria o último do ano de 81 e serviria praticamente para definir os 22 nomes que comporão a delegação brasileira rumo à Espanha, no próximo ano".
E finaliza com a reação ao ter o nome anunciado: "O sorriso largo e infantil deixa escapar a alegria pela realização de um sonho que ele nunca deu como impossível".
Fonte: O Dia