Entenda as diferentes versões de Vasco, Nova Iguaçu, governo, FFERJ e Consórcio Maracanã sobre o local do 2º jogo da semifinal do Carioca
O jogo entre Nova Iguaçu e Vasco já tem um peso por se tratar de uma semifinal do Campeonato Carioca, mas nos últimos dias ganhou elementos de uma disputa ainda maior do que a vaga na final do estadual, envolvendo interesses pela gestão do Maracanã.
Especialmente nesta quarta-feira, o Consórcio Fla-Flu, que administra o Maracanã, a Ferj, o Governo e o Nova Iguaçu entraram em uma guerra de versões sobre a definição do local da partida, agora previsto para o Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, domingo, às 16h.
No início da madrugada desta quinta-feira, o Vasco emitiu um comunicado ao lado do Nova Iguaçu reiterando o pedido para que a partida seja no Maracanã. Os clubes estão otimistas que vão conseguir a liberação e já projetam a abertura de vendas de ingressos para esta quinta-feira.
O ge reuniu as posições de cada lado. Primeiramente, o Termo de Permissão de Uso do Maracanã, que permite a Flamengo e Fluminense administrar provisoriamente o Maracanã desde abril de 2019, prevê que os permissionários devem ceder o estádio para outros clubes em uma das cláusulas - parágrafo Quinto, letra B.
"fica vedado... favorecimento a uma ou mais de uma agremiação clube... por meio de oferta de utilização exclusiva ou preferencial do Complexo, em especial, do Estádio Jornalista Mário Filho".
Tudo começou na segunda-feira, quando o Nova Iguaçu enviou uma solicitação ao Consórcio Fla-Flu para mandar o jogo no Maracanã, mas não obteve resposta. Diferentemente do que foi feito na semana passada, quando o Vasco enviou a solicitação na segunda-feira e recebeu a resposta positiva horas depois. O que mudou?
Flamengo e Fluminense se incomodaram com a frase "Maracanã para Todos" - nome do consórcio vascaíno em parceria com a WTorre que disputa a licitação do estádio - que o Vasco usou na primeira partida da semifinal.
O vice-presidente de competições da Federação de Futebol do Rio, Marcelo Vianna, ainda tentou interferir para que a diretoria vascaína revisse a ideia, pois acreditava que a iniciativa causaria problemas para o segundo jogo da semifinal.
A Ferj, assim como o Vasco e o Nova Iguaçu, tem interesse de que o jogo seja no Maracanã - uma vez que isso privilegia e valoriza a competição. Inclusive, a entidade acredita que o Nova Iguaçu, caso queira, ainda pode pedir a mudança para o Maracanã, caso esteja dentro de um limite de horário possível para operacionalizar a partida - entende-se que até as 12h desta quinta-feira.
Guerra de versões
Inicialmente, o Consórcio Fla-Flu disse que o Nova Iguaçu optou por jogar em Volta Redonda, enquanto a solicitação ainda era analisada. No entanto, o próprio clube da Baixada, durante a tarde, afirmou que, por não obter resposta do Consórcio, foi orientado pela Ferj a mandar o jogo para o Estádio Raulino de Oliveira.
A Ferj iria definir até a noite de terça-feira onde seria o jogo. No entanto, esticou o "prazo" em mais 12 horas, até as 12h de quarta-feira, para o Consórcio responder à solicitação do Nova Iguaçu - o que não aconteceu. Abaixo, o choque de versões de Consórcio, Nova Iguaçu e Ferj.
- Versão do Consórcio Fla-Flu ao ge: "O Nova Iguaçu precisava de uma resposta até o meio-dia de hoje (13/03). Como o consórcio ainda estava analisando a solicitação feita, o clube optou por marcar logo o jogo no Estádio da Cidadania, em Volta Redonda."
- Versão do Nova Iguaçu: "Na última segunda-feira (11), o Nova Iguaçu solicitou ao consórcio que administra o Maracanã o uso do estádio para sediar o jogo de volta da semifinal do Campeonato Carioca contra o Vasco da Gama. Entretanto, o clube não obteve respostas positivas sobre a solicitação. Por conta do tempo hábil para definir as operações da partida, o clube teve que entrar em contato com a FERJ, e foi orientado a indicar outro estádio. Assim, o Nova Iguaçu indicou o Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
- Versão da Ferj: "O direito coube unicamente ao Nova Iguaçu a escolha e indicação do estádio Raulino de Oliveira, amparado pelo direito de o fazer, na condição de mandante; A FERJ não teve nenhuma interferência na opção, escolha e indicação dos estádios, cujos fundamentos para tal não lhe cabe discutir, vez que não afrontam ou transgridem normas legais"
Antes disso, o Vasco já havia soltado um comunicado no qual criticava a decisão de retirada do jogo do Maracanã. Em nota na qual sugere uma administração dividida por todos, feita de forma compartilhada, o clube mandou um recado à dupla Flamengo e Fluminense.
- Esses poucos nobres, encastelados, não percebem o dano que causam ao campeonato e ao espetáculo, afastando o torcedor de um dos maiores palcos do esporte - escreveu o Vasco.
No entanto, no início da noite da noite de quarta-feira, o Consórcio Fla-Flu divulgou uma nota afirmando que a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) oficializou a partida em Volta Redonda antes que fosse apresentada uma resposta, mas não justificou o motivo pelo qual houve a demora, nem qual seria a resposta apresentada.
A nota do Consórcio afirmou apenas, então, que a solicitação "perdeu seu objeto, restando prejudicado o pedido".
Em meio a tudo isso, sem respostas oficiais do motivo pelo qual a partida não poderia acontecer no Maracanã, o governador Cláudio Castro divulgou um vídeo revelando que o estádio estava disponível para receber a semifinal do Cariocão.
Com isso, o Vasco se colocou à disposição para dar o suporte necessário para que a partida seja no Maracanã. Como o mando é do Nova Iguaçu, cabia à equipe da Baixada solicitar à federação que a partida fosse no antigo Maior do Mundo.
Depois de muita confusão, a manifestação do governador deixou a bola novamente nas mãos do Nova Iguaçu. O clube da Baixada Fluminense oficializou o pedido para a Ferj no início da madrugada desta quinta-feira, em comunicado com o Vacso, para que a federação consiga transferir a partida para o Maracanã.
Como o Termo de Permissão de Uso prevê que os permissionários atuais (Flamengo e Fluminense) devem ceder o estádio para outros clubes, o Nova Iguaçu teria o mesmo sucesso que o Vasco tem quando entra na Justiça para mandar partidas no Maracanã.
Fonte: ge