O mandato de Jorge Salgado como presidente do Vasco se encerrou nesta segunda-feira, quando Pedrinho tomou posse e assumiu o clube para o triênio 2024-2026. O promessômetro do ge avalia as promessas cumpridas ou não por Salgado nos três anos em que geriu o Vasco.
A principal ação de Jorge Salgado foi a venda da SAF do Vasco para a 777 Partners. A negociação, concretizada em 2023, terminou com a venda de 70% do futebol para a empresa americana. Isso, no entanto, não foi pauta na campanha do presidente, que viu a Lei da SAF, aprovado posteriormente sua posse, como melhor solução para salvar o clube.
Listamos as principais promessas de campanha de Salgado no Vasco. Veja abaixo:
R$ 70 milhões para capital de giro
Ainda em campanha, o presidente eleito no fim de 2020 prometeu dinheiro imediato para pagar salários e impostos atrasados. A ideia era captar R$ 70 milhões via Cédula de Crédito Bancários (CCB). Salgado, no entanto, não conseguiu arrecadar o fundo e sofreu no primeiro ano de mandato. A justificativa foi que a permanência do Vasco na Série B dificultou as negociações.
Futebol forte e vencedor
O Vasco não conquistou títulos na gestão de Salgado. Ele prometeu em sua campanha uma reestruturação no departamento de futebol. A grande mudança foi a transferência do controle do clube associativo para a SAF, vendida para a 777. Isso mudou o cenário anterior de salários constantemente atrasados, mas dentro de campo o presidente não viu grande diferença.
Logo após assumir a presidência, Salgado viu o Vasco cair para a Série B em fevereiro de 2021, após terminar o Brasileirão 2020 na 17ª colocação. No fim do ano, o time não conseguiu o acesso e disputou a Segunda Divisão novamente em 2022, quando subiu já sob o comando da SAF no segundo semestre. No ano passado, com investimento da 777, a equipe passou sufoco e só garantiu a permanência na Série A na última rodada.
Reestruturar o endividamento
Foi o ponto em que a gestão mais avançou. Logo no primeiro ano, o Vasco reduziu sua dívida de R$ 833 milhões para R$ 723 milhões. A promessa era entregar o clube ao final do triênio com dívida inferior a R$ 400 milhões, e isso aconteceu por causa da venda da SAF, que assumiu o passivo do clube. Em balanço divulgado no fim do ano passado, a associação informou dívida líquida em torno de R$ 25 milhões.
Mas a maior parte da dívida do futebol, herdada pela 777, estava em R$ 594,5 milhões, de acordo com o último balanço financeiro divulgado pela SAF.
Estar entre as cinco maiores receitas do Brasil
Salgado falou em subir para R$ 350 milhões ou até R$ 400 milhões. O balanço financeiro referente a 2023 ainda não foi divulgado - os clubes têm até o quarto mês seguinte ao término do exercício para fazê-lo, ou seja, até abril. Em 2022, ano do último balancete fornecido pela SAF, o Vasco fechou a temporada com receita de R$ 47,4 milhões. O documento levou em conta os cinco meses em que a 777 esteve à frente da gestão. O valor soma-se aos R$ 72,3 milhões arrecadados pelo clube no primeiro semestre do ano passado.
Ou seja, o Vasco ficou longe de estar entre as cinco primeiras receitas do Brasil. Segundo relatório da SAF, existe neste momento um desequilíbrio financeiro na empresa, com muito mais saídas de caixa do que entradas, e que nos próximos dois anos a dependência dos aportes da 777 Partners para fechar as contas vai seguir existindo. A holding americana precisa aportar mais R$ 390 milhões até o fim de 2025.
Implantar a reforma de São Januário
Salgado prometeu realizar a reforma de São Januário com uma condição: se houver recursos e que eles não saiam do caixa do clube. O presidente entrega a situação encaminhada a Pedrinho. O Vasco conseguiu, junto à Prefeitura do Rio, assinar o projeto de potencial construtivo, que está em votação na Câmara de Vereadores. Caso aprovado, o clube terá os recursos necessários para seguir com a obra, mas o projeto de reforma precisa ser o mesmo que acompanha a Lei.
- Durante esses três anos a gente batalhou muito pela reforma de São Januário. Vocês acompanharam o processo, eu tive várias entrevistas com o Eduardo Paes, ele sempre dizia pra mim que não tinha dinheiro, mas que ia ajudar. Finalmente, no final do ano, ele mandou o decreto para a Câmara de Vereadores, esse decreto vai viabilizar a reforma de São Januário. Provavelmente o Vasco vai fazer a reforma do estádio sem pegar um centavo no banco, sem se endividar e vai ter um estádio moderno, de ponta - disse Salgado na cerimônia de posse de Pedrinho.
A promessa era entregar a arena pronta no dia 21 de agosto de 2023, no aniversário de 125 anos do Vasco, o que não aconteceu. As reformas dos centros de treinamento do time profissional e da base passaram a ser responsabilidade da SAF.
Alcançar 150 mil sócios torcedores
O número de sócios caiu muito com a pandemia, e Salgado queria, com campanhas, alcançar 150 mil sócios, o que nunca aconteceu.
Reforma do estatuto
Jorge Salgado prometeu durante a campanha que a reforma do estatuto "redemocratizará o Club de Regatas Vasco da Gama e institucionalizará processos modernos de Governança". Imaginou-se que o Conselho priorizaria a pauta a partir da posse do presidente, mas isso só andou no fim do ano passado. Após marcar Assembleia Geral Extraordinária para aprovação da proposta de reforma, a votação foi suspensa por decisão judicial. O tema ficará a cargo de Pedrinho.
Crescimento do futebol feminino
Na "Declaração de Compromissos", está a promessa: "Queremos que nossas atletas possam ter uma carreira da mesma forma que os atletas do Futebol masculino tem. Não trataremos a modalidade como um subproduto imposto pelas federações para participação de competições estratégicas. Queremos trazer parceiros para essa modalidade e dar a mesma condição de trabalho que o futebol masculino tem para o melhor desempenho esportivo das nossas atletas."
Nada disso aconteceu, nem mesmo com a venda do futebol para a SAF. A categoria enfrenta sérios problemas e sofre com a saída de jogadoras, troca de profissionais, pouca estrutura e investimento. O Vasco caiu para a Série C do Brasileirão Feminino em 2022 e não conseguiu subir ano passado.
Fonte: ge